Vós sois justo, na verdade, ó Senhor, e os vossos julgamentos são corretos. Conforme o vosso amor, Senhor, tratai-me (SI 118,137.124).
Antes de escolher os apóstolos, Jesus se recolhe, ensinando que todo chamado nasce e se sustenta na oração e na intimidade com o Pai. Os discípulos do Reino devem assumir atitudes novas, livres da injustiça nos relacionamentos e de tudo aquilo que impede a proximidade com Deus. Ao Senhor, que curou muitas doenças no seu tempo, pedimos que nos cure do “mundanismo”, que impede a vivência de seu projeto de amor e vida.
Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 1quando um de vós tem uma questão com outro, como se atreve a entrar na justiça perante os injustos, em vez de recorrer aos santos? 2Será que ignorais que os santos julgarão o mundo? Ora, se o mundo está sujeito ao vosso julgamento, seríeis acaso indignos de deliberar e julgar sobre questões tão insignificantes? 3Ignorais que julgaremos os anjos? Quanto mais, coisas desta vida! No entanto, se tendes dessas questões a resolver, recorreis a juízes que a Igreja não pode recomendar. Digo isso para confusão vossa! Será, então, que aí entre vós não se encontra ninguém sensato e prudente que possa ser juiz entre irmãos? 6Ao invés disso, irmão contra irmão vai a juízo, e isso perante infiéis! 7Aliás, já é uma grande falta haver processos entre vós. Por que não suportais, antes, a injustiça? Por que não tolerais, antes, ser prejudicado? 8Pelo contrário, vós é que cometeis injustiças e fraudes, e isso contra irmãos! 9Porventura ignorais que pessoas injustas não terão parte no Reino de Deus? Não vos iludais: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem pederastas, 10nem ladrões, nem avarentos, nem beberrões, nem insolentes, nem salteadores terão parte no Reino de Deus. 11E vós, isto é, alguns de vós, éreis isso! Mas fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados pelo nome do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito de nosso Deus. – Palavra do Senhor.
O Senhor ama seu povo de verdade.
1. Cantai ao Senhor Deus um canto novo, / e o seu louvor na assembleia dos fiéis! / Alegre-se Israel em quem o fez, / e Sião se rejubile no seu rei! – R.
2. Com danças glorifiquem o seu nome, / toquem harpa e tambor em sua honra! / Porque, de fato, o Senhor ama seu povo / e coroa com vitória os seus humildes. – R.
3. Exultem os fiéis por sua glória / e, cantando, se levantem de seus leitos / com louvores do Senhor em sua boca. / Eis a glória para todos os seus santos. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Eu vos escolhi a fim de que deis, / no meio do mundo, um fruto que dure (Jo 15,16). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – 12Naqueles dias, Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. 13Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de apóstolos: 14Simão, a quem impôs o nome de Pedro, e seu irmão André; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; 15Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelota; 16Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que se tornou traidor. 17Jesus desceu da montanha com eles e parou num lugar plano. Ali estavam muitos dos seus discípulos e grande multidão de gente de toda a Judeia e de Jerusalém, do litoral de Tiro e Sidônia. 18Vieram para ouvir Jesus e serem curados de suas doenças. E aqueles que estavam atormentados por espíritos maus também foram curados. 19A multidão toda procurava tocar em Jesus, porque uma força saía dele e curava a todos. – Palavra da salvação.
Jesus foi à montanha para rezar. E passou a noite toda em oração a Deus. — A) É tríplice a causa desta oração noturna de Cristo: 1.ª) para rogar ao Pai que, na manhã seguinte, designasse dentre os discípulos doze Apóstolos, escolhendo os que fossem dignos de tamanha missão; 2.ª) segunda, para, orando, lhes impetrar a graça e o espírito necessários ao cumprimento do seu apostolado e à conversão do mundo; 3.ª) terceira, para nos ensinar duas coisas, a saber: a) a necessidade de dedicar um tempo a Deus pela oração, o que se cumpre pela observância do descanso sabático, como visto no Evangelho de sábado; b) a necessidade de rezar constantemente (e por isso diz “a noite toda”) tanto pela vocação como pela santificação dos sacerdotes. Eis por que a Igreja, iluminada pelo exemplo de Cristo, prescrevia outrora aos fiéis, durante as Quatro Têmporas, a oração e o jejum, para que os ordinandos nesse período fossem dignos e, pela intercessão mais fervorosa dos fiéis, alcançassem de Deus graças idôneas à dignidade para a qual foram escolhidos.
B) Em sentido tropológico, o Senhor nos ensina a rezar à noite: 1.º) porque a noite simboliza o sossego, o silêncio e a solidão necessária ao recolhimento da alma, sem o que é difícil, senão impossível, elevar-se a Deus convenientemente; 2.º) para dissipar as ilusões noturnas, isto é, as tentações e terrores de consciência com que o demônio, perturbando-nos, busca sem descanso afastar-nos da oração; 3.º) a fim de, rezando à noite, pedirmos a Deus as virtudes de que precisaremos na manhã seguinte e as graças que ao longo do dia havemos de levar aos nossos irmãos. É por isso que Jesus rezava à noite, mas pregava de dia. O mesmo fizeram o Apóstolo S. Paulo (cf. At 16, 25; 1Tm 5, 5) e muitos outros santos, como S. Antônio, S. Domingos de Gusmão, S. Francisco de Assis etc. etc. Também Davi recomenda várias vezes a oração noturna: “Bendizei o Senhor […] durante as horas da noite” (Sl 133, 1); “Em meio à noite levanto-me para vos louvar” (Sl 118, 62); “De noite reflito no fundo do coração” (Sl 76, 7); “Minhas lágrimas se converteram em alimento dia e noite, enquanto me repetem sem cessar: ‘Teu Deus, onde está?’” (Sl 41, 4) [1].
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Referências
- Extraído de Cornélio a Lapide, Commentaria in S. Scripturam. Neapoli, 1857, vol. 8, p. 556.
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