Uma Sexta-Feira da Paixão em pleno Domingo de Ramos
Imagem de fundo: explosão de 9 de abril de 2017 em igreja copta (foto: Ministério do Interior do Egito); imagem sobreposta: os 21 cristãos coptas martirizados em 2015 pelo Estado Islâmico
Os coptas são os descendentes dos antigos egípcios, que se converteram ao cristianismo no século I da era cristã.
– Quando os muçulmanos conquistaram o Norte da África, a partir do
século VII, impuseram ao Egito o seu idioma árabe e a sua religião
islâmica. No entanto, uma minoria dos egípcios se manteve cristã e
preservou também o idioma copta, derivado da antiga língua egípcia.
Hoje, o copta é usado apenas liturgicamente.
– Os coptas formam atualmente 10% da população egípcia e são tratados
como cidadãos de segunda classe, motivo que diminui aceleradamente o
seu número. Existem altas taxas de migração, além de conversões ao islã
por conveniência social.
– A situação da comunidade cristã copta piorou ainda mais depois da
queda do ditador egípcio Hosni Mubarak, em 2011. Desde então, os coptas
passaram a sofrer uma perseguição ainda mais forte por parte de facções
islâmicas.
– 90% dos cristãos coptas pertencem à Igreja Ortodoxa Copta de
Alexandria, que nasceu no próprio Egito. Os 10% restantes (cerca de
800.000 pessoas) se dividem entre a Igreja Católica Copta e a Igreja
Protestante Copta.
– A Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria é independente e não está em
comunhão nem com a Igreja Ortodoxa nem com a Igreja Católica. A
separação aconteceu após o Concílio de Calcedônia, no ano de 451, por
divergências doutrinais no entendimento da pessoa e das naturezas humana
e divina de Cristo. O atual patriarca ortodoxo copta é Tawadros II.
– Um grupo de coptas separou-se da Igreja Ortodoxa Copta em 1741 para
entrar em comunhão plena com a Igreja Católica Romana. Foi assim que
surgiu a Igreja Católica Copta, cuja sede fica no Cairo. Os católicos
coptas mantêm as suas tradições e ritos litúrgicos orientais, mas
reconhecem a autoridade e a primazia do papa de Roma, estando, assim,
oficialmente unidos à Santa Sé. Seu patriarca, obediente ao papa, é
Ibrahim Isaac Sidrak.
2015: um martírio que chocou o planeta
Os cristãos coptas egípcios receberam grande destaque na mídia
internacional no início de 2015 por um motivo particularmente trágico e
indignante: o martírio, por decapitação, de 21 homens feitos reféns pelo Estado Islâmico e assassinados covardemente no litoral da Líbia.
Tratava-se de migrantes de um vilarejo pobre do Egito, que tinham se
transferido para o país vizinho em busca de novas oportunidades. Na
Líbia, foram sequestrados entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015.
Um abominável vídeo divulgado pelo grupo fanático em fevereiro de
2015 mostrou os assassinos vestidos de preto e os reféns usando um
uniforme laranja, idêntico ao de outros reféns degolados anteriormente
pelo Estado Islâmico na Síria e no Iraque. De mãos amarradas nas costas,
os cristãos coptas foram conduzidos em fila à beira do Mar
Mediterrâneo, na costa líbia, e obrigados a se ajoelhar na praia. Antes
de ser degolados, vários deles aparecem movendo os lábios, possivelmente
em oração.
Mais sobre o martírio dos 21 coptas egípcios:
2017: uma Sexta-Feira da Paixão em pleno Domingo de Ramos
Neste Domingo de Ramos de 2017, os coptas foram novamente vitimados pela selvageria covarde dos fanáticos do Estado Islâmico. Eles explodiram bombas em duas igrejas, uma no Cairo e a outra em Alexandria, deixando ao menos 44 mortos, entre os quais crianças. Mais de 100 pessoas ficaram feridas, várias delas em estado grave.
Os cristãos egípcios têm manifestado intensa indignação com as
supostas “forças de segurança” do seu país, nas quais não confiam.
O Papa Francisco, durante a celebração do Domingo de
Ramos no Vaticano, recordou as vítimas do recente atentado em
Estocolmo, na Suécia, e do ataque no Egito, sobre o qual ainda havia
informações parciais na hora em que o Santo Padre foi informado:
“Rezemos pelas vítimas do atentado perpetrado, infelizmente, hoje, esta manhã, no Cairo, numa igreja copta. Ao meu querido irmão, Sua Santidade Tawadros II, à Igreja copta e a toda a querida nação egípcia expresso o meu profundo sentimento de pesar. Rezo pelos defuntos e feridos. Estou próximo aos familiares e a toda comunidade. Que o Senhor converta o coração das pessoas que semeiam terror, violência e morte, e também o coração daqueles que fazem e traficam armas.”
Aleteia Brasil
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