Assim como as árvores sem raízes, as pessoas sem identidade podem ser derrubadas com bem menos esforço.
A “cultura da morte”
é denunciada com ênfase e força pela Igreja desde sempre, mas, sob este
nome em particular, a denúncia ganhou novo impulso no pontificado de São João Paulo II.
Foi ele quem cunhou esse termo para se referir à crescente “naturalidade” com que governos e sociedades estão propondo e praticando o extermínio de seres humanos,
tanto por meio de guerras assassinas que tentam se justificar com as
mais hipócritas e esfarrapadas “argumentações” quanto mediante um
sem-fim de absurdos apresentados sob o disfarce de “direitos humanos”,
como o aborto, a eutanásia, o suicídio assistido e até mesmo o
infanticídio, além dos disfarces de “progresso científico” para maquiar
práticas eugenistas e excludentes de todo tipo, inclusive contra pessoas
com muito alto potencial de autonomia, caso das que nascem com a
Síndrome de Down.
Não houve século incólume a essa “cultura”, mas o século XX, talvez
pela maior facilidade de documentá-lo, foi notoriamente marcado pela sua
sombra devastadora: duas guerras mundiais, uma vasta quantidade de
guerras civis, os milhões de mortos pelo nazismo e pelo comunismo,
genocídios contra vários povos como, por exemplo, os armênios,
ucranianos, cambojanos e ruandeses, as guerrilhas e regimes ideológicos
repressores tanto de esquerda quanto de direita, o terrorismo
institucionalizado, as ações cada vez mais virulentas das máfias
internacionais e das organizações de narcotráfico… e um longo etcétera,
já que a lista é assustadoramente ampla.
Formas mais “sutis” da cultura da morte, se é que pode haver
sutileza em matar pessoas, penetraram nos ambientes acadêmicos para
defender uma alegada “relatividade” da vida humana ao sabor das conveniências do egoísmo adulto.
Entre outros frutos podres que a sociedade colhe das próprias
sementes, surgiu agora mais uma pavorosa ameaça, que leva adolescentes e
jovens a flertarem com o suicídio disfarçado de “jogo”: o fenômeno
conhecido como o “desafio da baleia azul“.
Trata-se de um suposto “jogo” em que os participantes, admitidos em
grupos secretos espalhados pelas redes sociais, devem realizar uma série
de “tarefas” impostas pelos autodenominados “curadores” de cada grupo:
os desafios variam de atos de automutilação até o suicídio como tarefa
(obviamente) derradeira. Por mais absurdo que soe, já são muitos os
adolescentes e jovens de todos os continentes que se viram envolvidos
nessa armadilha quase sem volta – já que os “curadores” passam a fazer
ameaças contra a família dos jovens que tentam sair desses grupos de
horror.
Conforme notava Durkheim, a erosão das estruturas primárias da sociedade, em especial a família, tornam o suicídio corriqueiro, normal e, agora, “lúdico”.
Não é casual que a família natural tem sido o alvo
predileto de uma vasta e arraigada guerra ideológica determinada a
relativizar este conceito e seu conteúdo ao extremo.
Assim como as árvores sem raízes, as pessoas sem identidade podem ser derrubadas com bem menos esforço.
Aleteia
Nenhum comentário:
Postar um comentário