O filme "A Cabana", baseado no famoso livro de Willian P. Young, chega ao cinema. Mas antes de assistir, leia isso.
Chega
às telas do cinema o filme “A Cabana”, baseado no livro best-seller de
mesmo nome do escritor Willian P. Young, e muitos estão criticando ou
adorando a produção. Afinal, vale a pena assistir ou não?
Sinopse: Um homem vive atormentado após perder a
sua filha mais nova, cujo corpo nunca foi encontrado, mas sinais de que
ela teria sido violentada e assassinada são encontrados em uma cabana
nas montanhas. Tempos depois da tragédia, ele recebe um chamado
misterioso para retornar a esse local, onde receberá uma lição de vida.
ATENÇÃO! CONTÉM SPOILERS!
Até aí não há problema algum, mas a questão é que esta “lição de
vida” que consta na sinopse é, na verdade, um encontro deste homem
atormentado com Deus. Não se trata de uma personificação caricata de
Deus como realizada em filmes como “Todo Poderoso”, mas a apresentação
da Santíssima Trindade (Heresia do Sabelianismo) e a discussão sobre
diversos pontos teológicos. E é aqui onde o livro e a produção derrapam…
e derrapam feio!
O primeiro ponto a ser colocado é: não é um filme católico.
E ainda que se apresente como um filme de temática cristã, pelos
diversos erros teológicos, não o enquadraria como um filme religioso, no
máximo um filme com muita religiosidade (até porque vemos no enredo que
Deus seria contra as religiões).
É importante que o leitor esteja atento, porque o fato do filme não
ser católico, traz consigo heranças da Heresia do Protestantismo e
principalmente do Jansenismo. Também contém aspectos da Heresia do
Modernismo, que defende que Deus não pode ser reconhecido por critérios
objetivos racionais, mas apenas pelo sentimento subjetivo do homem.
O enredo é a tentativa de Deus em se apresentar ao homem atormentado
(Mack), curar suas feridas e estabelecer com ele um relacionamento.
Ficando apenas nestes pontos (porque da parte teológica falaremos mais
adiante), os momentos entre Deus e o homem chegam a ser poéticos, que
podem nos levar a questionar a nossa relação com a Santíssima Trindade, a
forma como muitas vezes queremos conduzir as nossas vidas sem qualquer
auxílio de Deus, como O culpamos quando as coisas dão erradas, entre
tantas outras situações.
Ao mesmo tempo, temos pontos que chamaram a atenção e muitos criaram
confusão e outros que podem passar despercebidos que são realmente
danosos aos desatentos, principalmente em termos de Heresias
cristológicas, tão amplamente combatidas durante diversos Concílios e
pelo Magistério da Igreja como um todo.
No filme Deus Pai é vivido por uma mulher, a ótima atriz Octavia
Spencer. O fato de ser uma “negra, mulher e gorda” foi alvo de muitas
reclamações. No filme ficou bem claro que Deus usa a imagem desta mulher
para facilitar o acesso a Mack que, quando criança, teve sérios
problemas com seu pai que bebia muito e espancava a sua mãe e a ele
também, por isso preferiu não “aparecer” como um pai. Quando seu pai o
espancava, ele recebia carinho e atenção de uma mulher da cidade, que
foi a mesma usada por Deus para se aproximar do homem atormentado. Não
se trata de uma apresentação de que Deus é mulher, até porque em
determinado momento do filme Deus Pai toma a figura de homem quando
entende ser necessário. Portanto, é uma discussão desnecessária neste
aspecto.
Encontraram um ator judeu com a pele morena e barba para fazer o
papel de Jesus. É interessante este cuidado na produção de buscar uma
figura que poderia se parecer etnicamente com o Filho de Deus encarnado.
Já o Espírito Santo, no filme chamado de Sarayu, é protagonizado por
uma atriz oriental que aparece em muitos momentos com um brilho em sua
volta, com a intenção de indicar que é um espírito. Uma apresentação
fraca desta pessoa da Santíssima Trindade, não por ser uma mulher, mas
porque, nem de longe lembra O Consolador e Inflamador das almas.
Quanto aos erros teológicos, vamos falar de alguns mais gritantes
entre vários apresentados no filme (no livro há mais coisas e algumas
estão diferentes das colocadas aqui, mas nos limitaremos ao filme):
1. Humanidade de Cristo (Heresia do: Ebionismo, Apolinarianismo, Arianismo, Nestorianismo):
no filme Jesus é retratado como humano, apenas humano. Ora, “o
acontecimento único e absolutamente singular da Encarnação do Filho de
Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem,
nem que seja o resultado de uma mistura confusa do divino com o humano.
Ele fez-Se verdadeiro homem, permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Esta verdade da fé, teve a Igreja de a defender e clarificar no decurso
dos primeiros séculos, perante heresias que a falsificavam.” (CIC 464).
2. Pecado: no filme Deus não pune o pecado porque este já é uma punição. O Catecismo da Igreja Católica nos ensina e deixa bem claro que uma das penas do pecado é a privação vida eterna
(CIC 1472) e condenação ao inferno, o que no filme deixa a entender que
Deus não conseguiria condenar o homem ao inferno em razão de seu amor
de Pai.
3. O Pai foi crucificado com o Filho (Heresia dos Euquitas e do Patripassianismo):
outro grande erro. Apenas Jesus Cristo foi crucificado. Mesmo que o Pai
tenha sofrido ao ver seu Filho tratado como foi, não foi pregado junto
com Ele.
4. Cristo não quis religião: Jesus nasceu judeu,
viveu como judeu e morreu como tal, assim como disse claramente que não
se fez homem para abolir a Lei, mas para dar pleno cumprimento a ela (Mt
5, 17), além de que diz textualmente que Pedro será a pedra em que
edificará a sua Igreja (Mt 16, 18). O filme tenta relativizar estes
conceitos para fazer acreditar que Jesus não queria criar uma religião, o
que também não é verdade.
5. O homem foi criado para ser amado: outro erro,
pois sabemos que o homem foi criado para amar primeiro a Deus e depois
ao próximo como a si mesmo. Não foi criado para ser amado, mas “para
servir e amar a Deus” (CIC 358).
Os conceitos apresentados no filme podem criar uma grande confusão na
cabeça dos desavisados, ao mesmo tempo em que poderá reforçar alguma
ideia errada já existente.
Mesmo com a bela mensagem de que Deus nos ama e quer curar nossas
feridas, o filme cai no mesmo erro criado pelo autor do livro em tentar destruir as religiões e criar um deus que não existe e propagar mentiras com cara de Teologia e estas têm um nome específico: heresia. Por isso, cuidado! Nem tudo que parece bom, realmente é.
Ficha técnica:
Gênero: Drama.
Direção: Stuart Hazeldine.
Roteiro: John Fusco, William Paul Young.
Elenco: Amélie Eve, Aviv Alush, Carolyn Adair, Carson Reaume, Chris Britton, Derek Hamilton, Emily Holmes, Gage Munroe, Graham Greene, Jordyn Ashley Olson, Kathryn Kirkpatrick, Lane Edwards, Megan Charpentier, Nels Lennarson, Octavia Spencer, P.E. Ingraham, Radha Mitchell, Ryan Robbins, Sam Worthington, Sumire Matsubara.
Produção: Brad Cummings, Gil Netter.
Trilha Sonora: Aaron Zigman.
Duração: 132 min.
Ano: 2016.
País: Estados Unidos.
Distribuidora: Paris Filmes.
Estúdio: Summit Entertainment / Zucker/Netter Productions.
Classificação: 12 anos.
Direção: Stuart Hazeldine.
Roteiro: John Fusco, William Paul Young.
Elenco: Amélie Eve, Aviv Alush, Carolyn Adair, Carson Reaume, Chris Britton, Derek Hamilton, Emily Holmes, Gage Munroe, Graham Greene, Jordyn Ashley Olson, Kathryn Kirkpatrick, Lane Edwards, Megan Charpentier, Nels Lennarson, Octavia Spencer, P.E. Ingraham, Radha Mitchell, Ryan Robbins, Sam Worthington, Sumire Matsubara.
Produção: Brad Cummings, Gil Netter.
Trilha Sonora: Aaron Zigman.
Duração: 132 min.
Ano: 2016.
País: Estados Unidos.
Distribuidora: Paris Filmes.
Estúdio: Summit Entertainment / Zucker/Netter Productions.
Classificação: 12 anos.
(via Projeções de Fé)
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