Como lidar com o temor de um amanhã incerto.
Quando
falo com as mulheres, raramente as vejo satisfeitas com o que fazem.
Não são capazes de se apreciar, de se recompensar, de dar um respiro, de
soltar-se um pouco na primavera, de sentir alegria, de ter
espontaneidade. Não sabem rejuvenescer, atentar-se ao aqui e ao agora,
ao que é novo e magnífico. Aqui, hoje, algo floresce, brota, esverdeia,
sobressai belamente de uma terra feia.
Em um galope contínuo
Geralmente, as mulheres são agitadas. Seguem adiantadas em uma hora.
Certamente, no dia ou na semana seguinte algo ruim vai acontecer. O mais
provável é que seja um fracasso, um erro, um descrédito. Elas não
acabarão algo a tempo, não poderão fazer tudo, algo vai escapar de seus
controles, algum erro pequeno, que será preciso esperar para não se
transformar em uma catástrofe. Será a primeira peça do dominó a cair.
E o que importa que é primavera já há um bom tempo? Para que serve a
primavera, se logo vem o verão e as crianças ficarão com os avós por
somente uma semana? E eu, o que farei com as crianças depois? Mas, por
que pensar no verão? Amanhã será outro dia.
Hoje, as coisas não vão tão bem – aquela olhada do marido não é mais
do que um prelúdio de uma briga e depois de dias sem nos falarmos, tudo
estará sobre os meus ombros. Quando o chefe me chama, certeza que é por
algo ruim. Uma amiga disse algo sem pensar e nós buscamos significados
ocultos nisso; uma crítica velada e mastigamos essas dúvidas sem fim e
em todas as formas possíveis.
Claro, o fato de se auto-atormentar tem um aspecto muito agradável,
já que quando não há assunto para falar, sempre se encontram razões para
se queixar. Também podemos nos queixar do fato de nos queixarmos sempre
de alguma coisa. As perfeccionistas se preocupam constantemente porque
têm que controlar todo mundo. As mulheres inseguras têm, em si mesmas, o
tremor constante, são preocupadas por não estarem à altura de algo. E,
certamente, todos percebem isso e pensarão mal dela. As mães se
preocupam. E esse temor natural pelo bem-estar dos filhos pode se
transformar em algo excessivo e paralisador, tirando a alegria da
maternidade.
As mulheres criam um mapa mental da vida ideal, do amor, do
marido, da manutenção do lar e vivem a constante incerteza, perdendo-se
neste labirinto.
Colocar limites muito altos
A razão desta preocupação crônica pode ser o aumento dos níveis de
ansiedade. Sentimo-nos tensas e buscamos uma justificativa para esta
moléstia. Queremos associar a ansiedade indescritível à uma ameaça
específica. E quando não existe uma verdadeira razão para se preocupar?
Até onde vai nossa imaginação? Vemos um grande problema onde não existe e
nos atormentamos com isso durante muito tempo.
Geralmente, nós nos equivocamos pensando que a preocupação é uma
espécie de rede de segurança. Se sou cautelosa – e até apreensiva –,
reduzirei o perigo ao mínimo.
No entanto, adiantar os acontecimentos em nossos pensamentos nos
causa mais prejuízo. Nós nos concentramos nas ameaças que não existem e
talvez nunca existirão. Perdemos a energia, aumentamos os níveis de
estresse. E, por isso, perdemos de vista o que realmente existe. E isso
não é bom. Uma mãe super-protetora pode não ver que seu marido se sente
abandonado e infeliz na relação. E aí pode surgir uma ameaça real que
deverá ser enfrentada.
A interpretação ansiosa do futuro não só torna desagradável a vida, como também é uma ameaça para a saúde.
Ela aumenta o ritmo cardíaco, a pressão arterial, acelera a respiração,
enfraquece o sistema imunológico e causa transtornos psicossomáticos,
como: síndrome do intestino irritado, dor muscular, dor de cabeça e
fadiga crônica.
O medo de um amanhã incerto
É difícil desfazer-se desta ansiedade por completo. Mas é possível
diminui-la de alguma maneira. Abaixo, algumas sugestões para encarar
este desafio:
- Começar a se preocupar somente de forma saudável;
- Reconhecer que vivemos em um mundo incerto, mas a incerteza que nos acompanha não deve tirar a beleza da vida;
- Viver com cuidado, mas desfrutando do que é bom;
- Não fazer a sirene interior funcionar por qualquer motivo;
- Permanecer em contato com a realidade. Distinguir os fatos reais da visão catastrófica. A maioria dos casos não requer atenção constante, já que nossa influência no curso do desenvolvimento das coisas é limitada;
- Não é o que acontece, mas sim como reagimos diante dos fatos;
- Se você não consegue viver sem angústia, decida preocupar-se apenas meia hora por dia. E logo trate de concentrar-se no aqui e agora;
- O melhor é resolver os problemas, ao invés de criá-los;
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