sábado, 8 de outubro de 2016

O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE

 Ter autoridade interior não significa que a pessoa se acha melhor do que os outras.
Ensinando a pescar
O romance de William Golding, O Senhor das Moscas (Lord of the flies – Editora Alfaguara / Objetiva) conta a história de um grupo de estudantes que se perdeu em uma ilha, após uma queda de avião. Nenhum adulto sobreviveu – só as crianças. Todos os menino se reuniram numa praia, para se conhecerem uns aos outros, e se perguntavam: o que faremos e como seremos resgatados? Uma das primeiras coisas foi “escolher um chefe”. Foi escolhido um menino chamado Ralf, embora o líder mais óbvio fosse outro garoto chamado Jack. Mas havia uma aura de calma em Ralf, ali quieto, sentado, que o distinguia dos outros. A narrativa do livro se concentra na luta pela liderança entre Ralf e Jack, ambos mantém um ar de autoridade sobre os demais jovens. Ambos são líderes natos.
Um líder natural possui carisma, um ar de autoridade, uma força vigorosa por meio da qual exerce influência sobre aqueles com quem entra em contato. Torna-se líder naturalmente, é o que chamamos de autoridade interior, algo que ambos os personagens do livro possuíam.
É uma autoridade interior que faz com que uma pessoa obtenha o respeito das outras, e por meio da qual esse líder pode exercer uma poderosa influência sobre outros por virtude de seu próprio carisma e personalidade. Ela é bem perceptível. Não depende de posição social, nem de capacidade intelectual, flui de forma natural com parte intrínseca da pessoa.
Uma forma diferente de autoridade é a que podemos chamar de autoridade exterior, que é a que leva uma pessoa a exercer influência sobre as outras por virtude de símbolos ou posição. A autoridade exterior pode servir para impressionar os outros, pois é sempre seguida de apresentações, comitivas, assessores, pompas e circunstâncias. Mas não faz com que seu possuidor possa exercer uma influência especial sobre os demais.
A autoridade exterior pode ser retirada de quem a possui, enquanto a interior, não.
A autoridade interior
É difícil definir a autoridade interior, mas podemos usar alguns exemplos e identificar as suas características. A autoridade interior não tem nada a ver com atos ou características físicas, tem pouco a ver com riqueza, posição social ou status. A pessoa com autoridade interior pode ser rica ou pobre, famosa ou desconhecida. Uma pessoa com esse tipo de autoridade pode até usá-la para fins de enriquecer, mas isso constitui o resultado da autoridade interior, não a causa dela.
Ter autoridade interior não significa que a pessoa se acha melhor do que os outras, é mais uma convicção de que pode influenciar as pessoas ao seu redor. Não pode ser tido como orgulho, mas a crença de suas convicções e planos.
Um ingrediente da autoridade interior é a individualidade. Essa autoridade distingue seu possuidor das outras pessoas. Essa autoridade sempre existe, não é algo que a pessoa se reveste quando está na presença de outros.
O outro ingrediente é a humildade e uma avaliação realista da autoridade pessoal do líder. É alguém que não se deixa bajular e nem sente necessidade de fazê-lo. Não julga ninguém superior, nem menospreza ninguém. O líder que se espelha em Cristo, que possui esta autoridade simplesmente depõe todos os elogios aos pés do Mestre a quem serve, como tributo a Ele.
Evidentemente o apóstolo São Paulo tinha essa autoridade. Um homem de aparência comum, sem atributo físico marcante e não era eloquente. Mesmo assim era capaz de prender a atenção dos líderes do mundo, bem como as pessoas simples. A pessoa com autoridade interior nunca é fraca, débil, ou sem personalidade. Pode estar fisicamente envelhecida e fraca, mas deixa transparecer uma impressão de força.
A autoconfiança é uma característica sempre presente em quem tem a autoridade interior. É alguém que não depende do apoio de outros para determinar quem é, o quanto já realizou, ou o que as pessoas pensam dela. É esse amor-próprio que dá ao líder natural a autoridade interior.
A autoridade exterior
A autoridade exterior, por outro lado, deriva sua influência não da força e da capacidade pessoal, como acontece à interior, mas de sinais, símbolos e manipulação exteriores.
No exército, a autoridade relativa que cada um possui está indicada no peito ou na manga da farda, para ser vista e distinguida por todos. Um general é o mais importante e pode exercer mais influência sobre o maior número de pessoas que um sargento.  Este por sua vez exerce mais influência que um soldado raso. A autoridade de cada um cada um vem de sua posição, que é   refletida na farda.
Um general pode fazer certas coisas porque é general e possui autoridade exterior, não por que tenha a capacidade, a força de caráter ou a inteligência para fazê-las.
O líder que se espelha em Cristo procura desenvolver sua autoridade interior e não contar com a autoridade exterior. Utilizando a autoridade de forma sábia um líder subordina a autoridade exterior à interior.
Conclusão
Todos nós possuímos, dentro de nós, autoridade interior. Quem pretende ser líder, deve dar alguns passos para desenvolver essa autoridade. Primeiro, contudo, é preciso que se diga que ninguém deve exercer autoridade sobre outros enquanto não tiver aprendido primeiro a aceitar a autoridade de outros.
Cultivamos a autoridade interior pelo autoconhecimento, de modo que saibamos quem somos e que nos sintamos satisfeitos com o que descobrimos. Podemos desenvolve-lo adquirindo autoconfiança e nos empenhando na busca da excelência. Desenvolvemos a autoridade interior acreditando em nosso próprio sucesso.
Todos os princípios de liderança são importantes, mas nem todos são absolutamente essenciais. Cultivar o princípio de autoridade o é. É essencial que o líder possua autoridade interior, demonstre-a aos outros e use em seu benefício os símbolos de autoridade exterior que acompanha sua posição.






 Adenilton Turquete
Referência bibliográfica
Seja um líder de verdade – John Haggai

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