Por toda a Bíblia vemos uma importante verdade ilustrada
repetidamente: o Espírito Santo libera poder no momento em que você dá um passo
de fé.
Quando Moisés tocou com a vara nas águas o mar vermelho abriu e o povo
passou a pé enxuto.
Quando Josué se defrontou com um obstáculo intransponível, as águas
transbordantes do rio Jordão recuaram somente depois que os líderes obedeceram
sua voz para atravessar, pisaram na água corrente em obediência e fé.
A obediência libera o poder de Deus.
Deus espera que nós ajamos por primeiro.
Não espere sentir-se poderoso ou confiante. Siga adiante na sua
fraqueza, fazendo a coisa certa a despeito de seus medos e sentimentos.
É assim que nós cooperamos com o Espírito Santo, e essa é a forma que
seu caráter se desenvolve.
Embora esforço não tenha nada que ver com salvação está relacionado
com o crescimento espiritual.
Pelo menos em oito ocasiões no Novo Testamento recebemos a ordem de
nos esforçarmos em nosso crescimento, até nos tornarmos semelhantes a Jesus.
Você não fica apenas por ali, à espera de que isso aconteça.
Paulo explica em Efésios 4,22-24 os deveres para nos tornarmos
semelhantes a Cristo.
Precisamos “adquirir” o caráter de Cristo ao desenvolver hábitos novos
e dignos de Deus.
O caráter é basicamente a soma dos hábitos; é como você habitualmente
age.
A Bíblia diz: ... revestir-se do novo homem, criado para ser
semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Deus usa sua Palavra, as pessoas e as circunstâncias para moldar-nos.
Os três fatores são indispensáveis para o desenvolvimento do caráter
ao qual realiza em nos a santidade de vida.
“O Santo não é um super-homem, o santo é um homem verdadeiro.
O santo é um verdadeiro homem porque adere a
Deus e, portanto, ao ideal para o qual foi construído o seu coração e do qual é
constituído o seu destino.”
E se Deus tem destino e se podemos falar em Destino de Deus um somente
existe – A nossa Salvação.
Vocês querem o céu? O que precisa para ganharmos o céu? Ser Santo!
E o que precisa para ser santo, a primeira condição para ser Santo – é
convencer-se que se é pecador. Sim quem não se considera pecador não será
santo...
Os Santos interpretaram o plano do Pai de recuperação do coração dos
homens. Compreenderam que ser homem não é aceitar-nos como somos, mas como Deus
quer que sejamos.
A santidade é obra de Deus e do seu Espírito e se realiza em nós
mediante o sacrifício de Cristo.
A cruz de Cristo não é apenas a causa eficiente e meritória da
santidade dos homens, mas também sua causa exemplar. Somente imitando a Cristo
podemos ser salvos e santos. E só mediante um ato de seu amor misericordioso
que Deus se faz presente no meio dos homens e os acolhe de novo em sua
intimidade.
Só quando descobrimos a voz de Deus, é que podemos aventurar-nos em
busca da santidade. Se confiamos em nossas próprias possibilidades, acabamos
não saindo do lugar.
O papa emérito Bento XVI afirmou que se sente "consolado"
pelo fato de os santos terem sido "homens normais, com problemas e
pecados", e disse que a santidade não consiste em não pecar, mas sim
"na capacidade de conversão, reconciliação e do perdão. Os santos não caem
do céu, eram homens como nós, com problemas e com pecados, a santidade não
consiste em não ter cometido pecados, não ter caído , ao contrario a santidade
consiste em ter caído , mas saber se levantar.
A Santidade é o chamado essencial do homem. Ele existe para a
santidade, foi criado por Deus para participar de Sua santidade.
Mas, por que sou chamado a ser santo? A resposta é simples: porque
Deus é santo!
”Sede santos, porque eu, Javé, sou santo” - Lv 11, 44; 19, 02. A
santidade de Deus é a causa da santidade do homem. E por que, sendo Deus santo,
eu também tenho que sê-lo?
Porque o homem não foi criado ao acaso, mas para participar da vida de
Deus.
A santidade acontece pela participação do homem no mistério de Cristo
pelo Espírito Santo. Cristo, assumindo a carne humana, santifica-a pela
obediência e por Ele, toda a humanidade.
A união com Cristo, que significa viver em Cristo a obediência ao Pai
e assim assumir em tudo a Sua vontade é o que constitui a santidade do homem.
Isso significa unir a humanidade própria à humanidade santa de Cristo.
Entretanto, nada disso se dá se não for pelo Espírito que nos foi dado. É Ele
que realiza nossa união a Cristo e
, por Cristo, ao Pai.
Não se pode confundir santidade no homem com perfeição.
A perfeição é própria de Deus. Deus é perfeito em tudo e tudo nele é
perfeito.
A perfeição pressupõe a condição divina de ser pleno, completo e acabado,
de forma a ser subsistente em Si mesmo, ou seja, não precisa de nada fora de si
para se realizar ou melhorar.
A condição de criatura no homem pressupõe a imperfeição, pois o homem
sempre precisará melhorar. Na perfeição não existe ganho ou perda, melhora ou
piora, pois por essas mudanças se torna mais ou menos perfeito, o que fere o
princípio segundo o qual a perfeição é completa, sem possibilidade de melhora
ou piora.
“Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito” - Mt 5, 48. Para
entender as palavras de Jesus, é preciso saber que, na mentalidade hebraica,
perfeição é um atributo humano - tanto que, no AT, Deus nunca é chamado de
Perfeito, mas de Santo – que significa totalidade, ser intacto, e Mateus,
partindo dessa perspectiva humana, atribui a Deus essa qualidade, que não é
propriamente divina, mas que é projeção em Deus de um ideal humano.
O chamado de Jesus para o homem é à santidade, isto é, à intimidade
com Deus de forma a unir-se a Ele. A verdadeira santidade se contrapõe à busca
de perfeição no homem. O homem santo se faz depender de Deus em sua imperfeição
e por isso nunca é humilhado pelas imperfeições dos dons e riquezas pessoais,
bem como pelas misérias e mesmo pelo pecado, porque a santidade é humilde.
Somos humilhados quando pensamos ser alguém, quando nos achamos notáveis e
melhores do que os outros e percebemos, pela nossa imperfeição, que não somos
nada disso. Na humildade da santidade, o homem sabe-se rico pelas riquezas de
Deus e a falta de uma das riquezas não o leva ao desespero, pois sabe-se
imperfeito e a falta de perfeição não fere sua dignidade humana imperfeita, mas
ao contrário, lança-o na vida de Deus na busca da contínua melhora de si pela
íntima dependência de Deus, dos dons de Deus.
Os santos não são perfeitos. Mesmo os canonizados e colocados sobre os
altares não são perfeitos. Mas são pessoas que se encheram de uma tal maneira
da vida de Deus, santificaram-se de uma tal maneira que a Igreja os venera
dessa forma.
Então, o santo não é perfeito, ele participa de uma forma profunda da
santidade de Deus. Lógico que por causa disso ele é cheio de Deus e cheio da
própria perfeição. Mas ele não é perfeito, seus atos não são perfeitos.
Perfeito, somente Deus.
A vocação à santidade mergulha as suas raízes no Batismo e volta a ser
proposta pelos vários sacramentos, sobretudo pelo da Eucaristia: revestidos de
Jesus Cristo e impregnados do Seu Espírito, os cristãos são “santos” e, por
isso, são habilitados e empenhados em manifestar a santidade do seu ser na
santidade de todo o seu operar.
Pe Emílio Carlos Mancini
Diocese de São Carlos
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