ESSENCIALMENTE, FRANCISCO de Assis nos ensina que não podemos lutar
contra heresias através da criação de novas heresias. S. Francisco
sempre se submeteu à Igreja, os papas e os bispos.
Sempre que a dita "reforma" começa com ações contra a Igreja
institucional, mais heresia surge. Por exemplo, em muitos aspectos, a
heresia monofisita (ou seja, Cristo tem uma só natureza) foi uma reação
exagerada à heresia nestoriana (Cristo tem duas pessoas). A Igreja
Católica sempre procurou apontar diretamente para a verdade, e não
apenas à destruição de erro. Demasiadas vezes a refutação do erro leva
para outro erro.
Da mesma forma, Lutero e Calvino buscavam deslocar mal-entendidos sobre a Graça e mérito (ou seja, o nominalismo com defeito gerado por William de Ockham), criando uma visão alternativa de Graça e mérito (assim, ironicamente, abraça o nominalismo de Ockham, apenas 'reembalando-o'). A "solução" de Lutero era, na verdade, herética. Uma solução rápida é frequentemente defeituosa. A fita adesiva pode "consertar" quase tudo – mas, eventualmente, dará lugar a outros problemas.
As páginas da História da Igreja estão repletas de reformadores
católicos: desde Paulo, Atanásio, passando por João Crisóstomo, João
Damasceno, o Papa Gregório VII, Francisco de Assis, Domênico, Catarina
de Sena, Inácio de Loyola, Teresa de Ávila, etc. Cada um desses
reformadores católicos manteve a unidade da Igreja de Cristo submetido
à liderança da Igreja, e pacientemente trouxeram renovação. Em muitos
casos, esses renovadores sofreram a perseguição de outros cristãos e até
mesmo caíram em suspeita de heresia. No entanto, sua humildade e
silêncio finalmente vieram a confirmar a sua causa como defensores da
verdade evangélica da Doutrina de Cristo.
São Francisco de Assis é talvez um dos melhores exemplos de paciência
aplicada na causa da Reforma. Quando ele foi a Roma buscar o
reconhecimento do Papa, este despediu-o com impaciência e disse-lhe para
ir "deitar-se com os porcos".
Sim... Eram outros tempos. Mas, depois de algum tempo, Francisco voltou,
todo sujo, roupas manchadas e fedorentas das fezes de suínos. Quando o
Papa se opôs à sua entrada, Francisco respondeu: "Obedeci tuas palavras e
apenas fiz o que disseste; deitei-me com os porcos". De repente, o Sumo
Pontífice percebeu que estava diante de um santo homem, disposto a
obedecer mesmo em face da humilhação. Assim, o Papa ouviu visão de
Francisco para uma necessária renovação dos usos e e práticas dos filhos
da Igreja naquela época, e o resto é História.
Quando rejeitado pelo Papa, S. Francisco de Assis poderia ter apelado à
Sagrada Escritura, mostrando que este seu padrão de vida pobre e humilde
era como o de Cristo. Ele poderia até ter contrastado sua própria "vida
bíblica" contra a extravagância da corte papal da época. Francisco
tinha razão para estar angustiado, bem o sabemos, e poderia ter
repreendido aqueles abades, bispos e cardeais por sua falta de
testemunho evangélico. Mas em vez disso, seguiu o caminho de Cristo;
aceitou ser incompreendido e caluniado, sabendo que Deus responderia
suas reivindicações... e Deus nunca desampara (uma causa justa como a
sua).
Contraste entre São Francisco de Assis e Martinho Lutero: Lutero não
visitou Roma para a confirmação da sua causa, nem procurou respeitar as
estruturas da Igreja. Na verdade, o cardeal Cajetan reuniu-se em
particular com Lutero e explicou-lhe como poderia modificar a sua
mensagem para que fosse aprovada pela Cúria Romana e consequentemente
considerada. Se Lutero tivesse se movido com mais cautela e caridade,
poderia até – quem sabe – ter se tornado "São" Martinho Lutero.
Infelizmente, Lutero foi inflexível e orgulhoso. Ele não considerou seu
compromisso de obediência para com a Igreja de Cristo. Se o Papa não
estava de acordo com ele, então ele iria rejeitar a própria instituição
do papado (desde Pedro). Lutero não iria tolerar qualquer autoridade que
se recusasse a apoiá-lo, imediatamente e sem questionar.
Consequentemente, quando a Bula papal chegou, Lutero a queimou
publicamente e começou a amaldiçoar o Papa como Anticristo.
Observe a diferença entre Francisco e Lutero. O primeiro movia-se com
paciência e humildemente. O último agiu de forma independente e
precipitadamente. Consequentemente, a história do protestantismo é
marcada por paixão cega, imprudência e divisão precipitada – como
resultado, agora existem 36.000 denominações protestantes(!).
Como escreveu S. Tiago Apóstolo: "A ira do homem não produz a Justiça de
Deus" (Tg 1,20). A História mostra que Deus não usa "cabeças-quentes"
para guiar sua Igreja na justiça. Deus escolhe os pequenos, mansos e
humildes – para tais é o Reino dos Céus.
Aí reside o mistério da autêntica Reforma Católica.
Por Dr. Taylor Marshall
– tradução livre de Henrique Sebastião
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– tradução livre de Henrique Sebastião
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Fonte:
MARSHAL, Taylor, 'How St Francis differed from Martin Luther or Catholic Reform vs. Protestant Reform', disp. em:http://taylormarshall.com/2016/10/how-st-francis-differed-from-martin-luther-or-catholic-reform-vs-protestant-reform.html?utm_source=Taylor+Marshall%27s+Updates&utm_campaign=ec98bc26bd-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email&utm_term=0_64accbc3c7-ec98bc26bd-59435393&ct=t(Regular_Blog_Updates_Campaign)
Acesso 4/10/016
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