“Misericórdia é que eu quero, e não
sacrifício”. Partindo desta
máxima de Jesus no contexto bíblico da vocação de Mateus, o Papa afirmou
durante a Audiência geral desta quarta-feira, (13/04), que qualquer atitude
religiosa que não provenha do arrependimento é ineficaz. “Todos necessitamos da
misericórdia de Deus, origem da nossa salvação”, disse Francisco.
Mateus era coletor de impostos e, por isso, um pecador
público. Contudo, sua verdadeira vocação se confirma com o chamado do Mestre,
porém isso não o torna perfeito.
“É verdade que ser cristão não nos faz
impecáveis. Como Mateus, o publicano, cada um de nós se entrega à graça do
Senhor apesar dos próprios pecados. Todos somos pecadores, todos pecamos. Uma
vez, ouvi um provérbio tão bonito: não há santo sem passado, e não há pecador
sem futuro. É bonito isso, isto é o que faz Jesus”, recordou o
Pontífice.
Muro que nos separa de Deus
Todavia, recordou Francisco,
é preciso superar uma barreira que nos afasta de Deus e que, por muitas vezes,
parece intransponível:
“A vida cristã é uma escola de humildade
que se abre à graça. Tal comportamento não é compreendido por quem tem a
presunção de se achar ‘justo’ e melhor do que os outros. Soberba
e orgulho não permitem que reconheçamos a nossa necessidade de salvação, aliás,
impede de ver o rosto misericordioso de Deus e de agir com
misericórdia. São um muro, a soberba e o orgulho, são um muro que impedem a
relação com Deus”.
Os pecadores, todos, sem exclusão –
reforçou o Papa – também têm a oportunidade de serem curados pelo poder
“restaurador de Deus” que não conhece limites. “E isso nos deve dar confiança
para que Jesus venha e nos cure!”, exclamou
o Pontífice.
Médico Divino
Francisco refletiu então sobre Jesus que se apresenta como
Médico Divino, com dois medicamentos que restauram e nutrem: a Palavra e a
Eucaristia.
“Com a Palavra, Ele se revela e nos
convida a um diálogo entre amigos: Jesus não tinha medo de falar com os
pecadores, os publicanos, as prostitutas. Não tinha medo, amava todos”, disse o Papa ao advertir:
“Às vezes, esta Palavra é dolorosa
porque incide sobre as hipocrisias, desmascara as falsas desculpas, traz à tona
as verdades escondidas; mas ao mesmo tempo ilumina e purifica, dá força e
esperança, é um reconstituinte preciso no nosso caminho de fé”.
Religiosidade de fachada
O segundo bálsamo para o arrependimento sincero do coração
cristão é a Eucaristia que “nos nutre com a própria vida de Jesus e, como
um potentíssimo remédio, de maneira misteriosa renova continuadamente a graça
do nosso Batismo”.
Ao concluir, Francisco voltou ao cenário de Jesus que
dialoga com os fariseus para recordar que, apesar da aliança com Deus e da
misericórdia, as orações de Israel eram incoerentes e cheias de palavras
vazias, uma ‘religiosidade de fachada’:
“‘Misericórdia é que eu quero’, ou seja,
a lealdade de um coração que reconhece os próprios pecados, que se arrepende e
volta a ser fiel à aliança com Deus. ‘E não sacrifício’: sem um coração
arrependido, toda ação religiosa é ineficaz”.
Papa Francisco.
Fonte: Rádio Vaticano
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