A Igreja deve professar e
proclamar a misericórdia divina em toda a sua verdade, tal como nos é
transmitida pela Revelação. [...]
Na vida quotidiana da Igreja a verdade sobre a misericórdia
de Deus, expressa na Bíblia, repercute-se como eco perene em numerosas leituras
da Sagrada Liturgia. E o autêntico sentido da fé do Povo de Deus percebe-a bem,
como atestam várias expressões da piedade pessoal e comunitária. Seria
certamente difícil enumerá-las e resumi-las todas, dado que a maior parte delas
está só gravada vivamente no íntimo dos corações e das consciências humanas.
Há
teólogos que afirmam ser a misericórdia o maior dos atributos e perfeições de
Deus; e a Bíblia, a Tradição e toda a vida de fé do Povo de Deus oferecem-nos
testemunhos inesgotáveis. Não se trata aqui da perfeição da imperscrutável
essência de Deus no mistério da própria divindade, mas da perfeição e do
atributo, graças aos quais o homem, na verdade íntima da sua existência, se
encontra com maior intimidade e maior frequência em relação autêntica com o
Deus vivo. De acordo com as palavras que Cristo dirigiu a Filipe, «a visão do
Pai» - visão de Deus mediante a fé - tem precisamente no encontro com a sua
misericórdia um momento singular de simplicidade e verdade interior, como
aquele que nos é dado ver na parábola do filho pródigo.
«Quem me vê, vê o Pai». A Igreja professa a misericórdia de Deus, a Igreja
vive dela na sua vasta experiência de fé e também no seu ensino, contemplando
constantemente a Cristo, concentrando se n'Ele, na sua vida e no seu Evangelho,
na sua Cruz e Ressurreição, enfim, em todo o seu mistério. Tudo isto, que forma
a «visão» de Cristo na fé viva e no ensino da Igreja, aproxima-nos da «visão do
Pai» na santidade da sua misericórdia.
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