“…
os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e verdade, pois tais são os
adoradores que o Pai procura. Deus é espírito e aqueles que o adoram devem
adorá-lo em espírito e verdade”, diz Jesus à Samaritana (Jo 4,23-24).
O
que é que adorar? No sentido antigo do termo, é alguém
que orienta seu desejo para a fonte de todo Ser. É a homenagem ritual prestada
à divindade. Portanto, se queremos conhecer a fonte do nosso ser que é o Pai,
Aquele que gera o mundo, nós temos que escutar o Espírito de Deus. A
importância não está sobre esta montanha ou em Jerusalém, nesta igreja ou na
outra, nesta paróquia ou na outra. O importante é estarmos conscientes no Sopro
de Deus que nos habita e estarmos vigilantes, e despertos.
“Adorar
em espírito e verdade”. “Espírito” (pneuma) para João
significa o que pertence ao mundo celeste em contraposição ao mundo terreno. O
homem terreno não tem, por suas próprias forças, acesso ao reino celeste (Jo
3,31). Deus só pode ser adorado como Pai por aqueles que possuem o espírito que
os faz filhos de Deus, que os faz nascer do alto.
Para
o encontro verdadeiro e autêntico com Deus é necessário que a força de Deus
eleve o homem, faça dele uma nova criação, seja penetrado pelo Espírito de
Deus. Por isso, a adoração em espírito não é o culto interior, espiritualista,
individual, contraposto ao culto externo e público.
E
“em verdade”. A adoração “em verdade” não se opõe à
falsa adoração. “Verdade” é, para João, a realidade de Deus revelada em Jesus
Cristo, nas suas palavras, nas suas ações, e na sua pessoa.
A
verdadeira adoração do Pai pressupõe, por conseguinte, a acolhida da palavra de
Jesus, a fé em Jesus uma busca constante de agir a partir de uma vida com Jesus
e ter conduta autêntica de cristão.
O
novo culto é verdadeiro porque procede da revelação de Deus em Jesus Cristo. Só
com a revelação de Jesus, com a presença de Jesus, pode haver “verdadeiros
adoradores”, porque os que crêem em Jesus são regenerados pelo Espírito e vivem
a relação com o Pai na atitude filial de Jesus.
Para
que haja “verdadeiros adoradores”, é necessária a ação do Espírito que faz
nascer “de novo, do alto” (Jo 3,3-8). A presença de Jesus acaba com o dilema
sobre o lugar da adoração a Deus. Com ele vem a hora em que os lugares de culto
do passado por mais veneráveis que tenham sido, vão perder sua importância. O
verdadeiro culto de adoração começa a realizar-se em Jesus (cf. Jo 2,13-22 em
que Jesus fala do seu corpo ressuscitado como o novo templo). O lugar onde se
revela o Pai, o lugar do novo e verdadeiro culto é doravante e para sempre,
Jesus Cristo, o único caminho para chegar ao Pai.
A
nova adoração, que é expressa no futuro (adorarão) não será simplesmente a
Deus, mas ao “Pai”, e não está mais vinculada a lugares .
Pe.Emílio
Carlos Mancini
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