Sabemos o quanto é difícil conciliar nossa intimidade com Jesus com o corre-corre do dia-a-dia.
Assim, com muito carinho, colocamos abaixo algumas dicas que experamos poder lhe auxiliar nisso.
1. Ajuda muito ter uma dada espiritualidade. Ela lhe será uma espécie de «gramática para a vida», que lhe ajudará a encarnar o Evangelho no dia-a-dia, de modo que na adoção dessa espiritualidade encontre uma «unidade de vida». Uma «gramática» que lhe ajude a integrar a oração e a vida prática, os aspectos doutrinais e «morais» com as suas opções práticas de cada dia, os seus desejos e sonhos, as suas limitações e inclusivamente as suas «linhas de pecado»…
a) Que possibilidades existem? Dentro da tradição cristã e católica há muitas espiritualidades e muitas delas constituíram-se em «escolas»… Que escolas de espiritualidade existem? Há muitas e algumas delas, mas exemplificando aqui apenas num aspecto de tipo «histórico-genético», isto é, algumas escolas de espiritualidade «clássicas» que muitas vezes nasceram da fundação de uma determinada Ordem religiosa e que depois encontrou algumas variações de acordo com certos tipos de pessoas (por exemplo, uma escola pode ter nascido de uma experiência monacal, mas depois encontrou também uma expressão própria e coerente para leigos)… Este critério permite enumerar algumas «escolas» mais «clássicas» e conhecidas: beneditina, dominicana, franciscana, carmelita, inaciana, ascético-mística (cfr. eremitas), entre muitas outras. Modernamente, surgiram muitas escolas, que às vezes recuperam elementos antigos de outras espiritualidades, com elaboração própria. Estão muitas vezes associadas a movimentos, institutos seculares, associações, etc. Pensemos no «Opus Dei», nos «Focolares», Schönstatt, etc.
b) E que espiritualidade devo seguir? Sobre isto diria o seguinte: uma dada escola de espiritualidade não é um fim em si mesma, nem necessariamente é melhor esta que aquela. O que importa é a finalidade de todas elas, que é ajudar-nos a viver melhor o Evangelho ou aquilo a que em espiritualidade é frequente chamar a «união com Deus». União que não é algo «abstrato», mas algo que tem sentido no «dia-a-dia»… O que distingue as diferentes escolas de espiritualidade tem a ver com o sublinhar mais este ou aquele aspecto do Evangelho, de Jesus Cristo ou da vida prática.
Contudo, a este propósito há que dizer também o seguinte. É importante evitar «borboletear», de espiritualidade em espiritualidade. Pode acontecer que alguém não encontre logo à primeira a «sua casa», mas não é bom andar a «experimentar» por «experimentar». Se uma determinada espiritualidade me ajuda, adiante com ela!
2. Em segundo lugar, a «pertença» a uma espiritualidade tem que ser algo mais que «teórica». Será necessário ter momentos fortes de encontro com as fontes dessa mesma espiritualidade, de tal modo que você possa experimentá-las, revivê-las. Isso pode-se fazer de várias formas, mas uma das mais válidas está certamente nos retiros, sobretudo se tais retiros forem de oração e não apenas «conferências» ou «pregações». Quando se fazem tais experiências, a pessoa encontra-se a si mesma com as suas «fontes» fundamentais, «recarrega as pilhas», reavalia a vida, recoloca-se. E então consegue mais facilmente «aguentar» (no sentido positivo) o resto do ano. Há muitas pessoas que conseguem fazer anualmente um retiro de fim-de-semana ou de mais dias e isso é ótimo, mas para a maioria tal coisa é um luxo.
Outro elemento que ajuda muito são leituras coerentes com essa mesma espiritualidade que «seguimos», sobretudo os livros «fontanais» e comentários, ou livros que captaram muito bem esse clima em que nós mesmos estamos a viver o Evangelho.
3. Em terceiro lugar, será bom que haja «acordo» entre determinadas práticas espirituais que lhe são «acessíveis» e a espiritualidade que você queira seguir. Por exemplo, se a minha espiritualidade valoriza muito a «Lectio Divina», devo encontrar esse espaço de coerência, praticando-a. Outro exemplo, pela negativa: talvez seja contraproducente seguir uma espiritualidade que valorize muito a piedade mariana e as práticas devocionais marianas, se eu não sou capaz nunca de rezar o terço, por qualquer que seja o motivo. Uma espiritualidade não pode ser uma «camisa de forças» que me limita e/ou obriga a fazer algo, de fora. Tem que ser um espaço onde eu vejo que o Espírito me «leva», numa linha positiva.
Nisto podem entrar pequenos hábitos que nos podem ajudar. Falo a seguir da oração, mas as práticas de oração entram, claro, nestas «práticas espirituais»… Um exemplo: você pode ter junto da cama um livro de leituras breves que ajudem a «preparar o dia seguinte»…
4. Em quarto lugar, a questão concreta da oração. À medida que se avança na vida espiritual torna-se mais cada vez mais claro que a oração não é algo «facultativo», opcional, mas que está no centro da existência cristã. Sem oração dificilmente se pode falar em espiritualidade cristã… E a oração não é algo alienante, mas aquilo que realmente nos permite saber «onde» estamos. Nisto há um tema fundamental que várias escolas de espiritualidade tratam, de diferentes maneiras: a relação entre «vida» e oração. Desde o «ora et labora», passando pelo «em tudo amar e servir», até à espiritualidade da santificação pelo trabalho (e estou a simplificar demasiado), há muitas formas. O que é importante é que a espiritualidade que «siga» lhe dê instrumentos para poder integrar estes dois componentes de uma forma harmoniosa, de tal modo que a oração não seja vista apenas como uma imposição externa, à qual acedo por «obrigação moral»…
Exemplificando:
Assim, com muito carinho, colocamos abaixo algumas dicas que experamos poder lhe auxiliar nisso.
1. Ajuda muito ter uma dada espiritualidade. Ela lhe será uma espécie de «gramática para a vida», que lhe ajudará a encarnar o Evangelho no dia-a-dia, de modo que na adoção dessa espiritualidade encontre uma «unidade de vida». Uma «gramática» que lhe ajude a integrar a oração e a vida prática, os aspectos doutrinais e «morais» com as suas opções práticas de cada dia, os seus desejos e sonhos, as suas limitações e inclusivamente as suas «linhas de pecado»…
a) Que possibilidades existem? Dentro da tradição cristã e católica há muitas espiritualidades e muitas delas constituíram-se em «escolas»… Que escolas de espiritualidade existem? Há muitas e algumas delas, mas exemplificando aqui apenas num aspecto de tipo «histórico-genético», isto é, algumas escolas de espiritualidade «clássicas» que muitas vezes nasceram da fundação de uma determinada Ordem religiosa e que depois encontrou algumas variações de acordo com certos tipos de pessoas (por exemplo, uma escola pode ter nascido de uma experiência monacal, mas depois encontrou também uma expressão própria e coerente para leigos)… Este critério permite enumerar algumas «escolas» mais «clássicas» e conhecidas: beneditina, dominicana, franciscana, carmelita, inaciana, ascético-mística (cfr. eremitas), entre muitas outras. Modernamente, surgiram muitas escolas, que às vezes recuperam elementos antigos de outras espiritualidades, com elaboração própria. Estão muitas vezes associadas a movimentos, institutos seculares, associações, etc. Pensemos no «Opus Dei», nos «Focolares», Schönstatt, etc.
b) E que espiritualidade devo seguir? Sobre isto diria o seguinte: uma dada escola de espiritualidade não é um fim em si mesma, nem necessariamente é melhor esta que aquela. O que importa é a finalidade de todas elas, que é ajudar-nos a viver melhor o Evangelho ou aquilo a que em espiritualidade é frequente chamar a «união com Deus». União que não é algo «abstrato», mas algo que tem sentido no «dia-a-dia»… O que distingue as diferentes escolas de espiritualidade tem a ver com o sublinhar mais este ou aquele aspecto do Evangelho, de Jesus Cristo ou da vida prática.
Contudo, a este propósito há que dizer também o seguinte. É importante evitar «borboletear», de espiritualidade em espiritualidade. Pode acontecer que alguém não encontre logo à primeira a «sua casa», mas não é bom andar a «experimentar» por «experimentar». Se uma determinada espiritualidade me ajuda, adiante com ela!
2. Em segundo lugar, a «pertença» a uma espiritualidade tem que ser algo mais que «teórica». Será necessário ter momentos fortes de encontro com as fontes dessa mesma espiritualidade, de tal modo que você possa experimentá-las, revivê-las. Isso pode-se fazer de várias formas, mas uma das mais válidas está certamente nos retiros, sobretudo se tais retiros forem de oração e não apenas «conferências» ou «pregações». Quando se fazem tais experiências, a pessoa encontra-se a si mesma com as suas «fontes» fundamentais, «recarrega as pilhas», reavalia a vida, recoloca-se. E então consegue mais facilmente «aguentar» (no sentido positivo) o resto do ano. Há muitas pessoas que conseguem fazer anualmente um retiro de fim-de-semana ou de mais dias e isso é ótimo, mas para a maioria tal coisa é um luxo.
Outro elemento que ajuda muito são leituras coerentes com essa mesma espiritualidade que «seguimos», sobretudo os livros «fontanais» e comentários, ou livros que captaram muito bem esse clima em que nós mesmos estamos a viver o Evangelho.
3. Em terceiro lugar, será bom que haja «acordo» entre determinadas práticas espirituais que lhe são «acessíveis» e a espiritualidade que você queira seguir. Por exemplo, se a minha espiritualidade valoriza muito a «Lectio Divina», devo encontrar esse espaço de coerência, praticando-a. Outro exemplo, pela negativa: talvez seja contraproducente seguir uma espiritualidade que valorize muito a piedade mariana e as práticas devocionais marianas, se eu não sou capaz nunca de rezar o terço, por qualquer que seja o motivo. Uma espiritualidade não pode ser uma «camisa de forças» que me limita e/ou obriga a fazer algo, de fora. Tem que ser um espaço onde eu vejo que o Espírito me «leva», numa linha positiva.
Nisto podem entrar pequenos hábitos que nos podem ajudar. Falo a seguir da oração, mas as práticas de oração entram, claro, nestas «práticas espirituais»… Um exemplo: você pode ter junto da cama um livro de leituras breves que ajudem a «preparar o dia seguinte»…
4. Em quarto lugar, a questão concreta da oração. À medida que se avança na vida espiritual torna-se mais cada vez mais claro que a oração não é algo «facultativo», opcional, mas que está no centro da existência cristã. Sem oração dificilmente se pode falar em espiritualidade cristã… E a oração não é algo alienante, mas aquilo que realmente nos permite saber «onde» estamos. Nisto há um tema fundamental que várias escolas de espiritualidade tratam, de diferentes maneiras: a relação entre «vida» e oração. Desde o «ora et labora», passando pelo «em tudo amar e servir», até à espiritualidade da santificação pelo trabalho (e estou a simplificar demasiado), há muitas formas. O que é importante é que a espiritualidade que «siga» lhe dê instrumentos para poder integrar estes dois componentes de uma forma harmoniosa, de tal modo que a oração não seja vista apenas como uma imposição externa, à qual acedo por «obrigação moral»…
Exemplificando:
E espero que o que digo a seguir, como exemplo, não soe a heresia aos «ouvidos» mais «tradicionais». Há pessoas que se queixam de não conseguir rezar o terço. Logo, ficam com problemas de consciência porque o pároco «ainda» prega que Nossa Senhora de Fátima pediu que se rezasse o terço todos os dias, etc.… Mas então podemos encontrar algo estranho: como «rezar» significa para muita gente «rezar o terço» e não são capazes de o fazer, estão divididos entre o assumir que pura e simplesmente não rezam ou um enorme complexo de culpa porque gostariam de rezar, mas o terço não lhes «entra»… Mas não haverá alternativas? Claro que sim. A alternativa ao terço não é esquecer a oração, mas encontrar a forma de oração que mais se adeque à forma de ser e ao estado de espírito da pessoa… A uns ajudará uma oração mais baseada na leitura meditada da Bíblia, a outros uma oração mais contemplativa… Os métodos são o menos; «métodos» são «caminhos». Então, o importante não é o método A ou B, mas que o método que uso me ajude a encontrar-me mais com Deus.
5. Em quinto lugar, uma espiritualidade vivida com outros. Uma espiritualidade vivida isoladamente facilmente tende a esmorecer e a apagar-se. É importante encontrar modos de encontrar-se com outras pessoas que partilham da mesma «gramática», partilhar a oração, impressões, trocar experiências.
6. Em sexto lugar, todas as espiritualidades e todos quantos se preocupam com ter uma vida espiritual «de qualidade», devem partir e convergir na Eucaristia. Ali está tudo. Ali se encontram a dimensão vertical (relação com Deus) com a horizontal (aspecto comunitário) e de alguma forma todos os aspectos que mencionei até agora. A forma como vivemos a Eucaristia e a vida espiritual «corrente» estão intimamente ligadas. Uma «espiritualidade» que esqueça a Eucaristia é um «ente abstrato», eventualmente uma ideologia.
7. Em sétimo lugar, pode ser uma coisa muito importante ter alguém com quem confrontar a experiência. Hoje fala-se talvez menos na figura do «Diretor espiritual» (às vezes confunde-se com a do Confessor) e há quem prefira falar em «Acompanhante espiritual» ou coisa parecida. Designação à parte, o exercício de verbalizar a alguém a experiência de Deus na minha vida é de enorme riqueza: é uma tomada de consciência da presença de Deus, um momento para ser desafiado, para aferir, exprimir inquietações...
8. «Last but not least», não se pode viver bem uma espiritualidade sem algum elemento de avaliação frequente. Uma vida espiritual que não avalia não avança, esmorece e pode esfumar-se. Há um elemento espiritual fundamental, clássico, que caiu em «desgraça»: o «exame de consciência». O problema começa na designação e na sua caricatura, porque se confunde muitas vezes «exame de consciência» com «caça aos meus podres» ou «fazer a lista dos pecados», e, como não somos propriamente masoquistas, não gostamos de gastar energias nisso. Contudo, há que recuperar esta prática, de uma ou outra forma, talvez com uma nova designação.
E porquê? Porque avaliar a vida espiritual não pode significar simplesmente ver os meus podres, mas reconhecer onde esteve Deus presente ao longo do dia ou dos últimos tempos, a que me vi «inspirado», quais as resistências e (também) quais as falhas… Não apenas para pedir perdão, mas também para agradecer… Na medida em que puder reconhecer essas «presenças», inspirações, e falhas, posso reorientar, ajustar, acertar. Caso contrário, não sabemos para onde vamos nem para onde queremos ir… E lá diz o provérbio oriental que «um barco sem rumo nunca tem vento favorável». Não é por acaso que «Espírito» é «ruah» e «pneuma», respiração, sopro, vento… E a vida espiritual é a vida no Espírito. Somos também «Filhos do Vento»! Amanhã é Pentecostes!
6. Em sexto lugar, todas as espiritualidades e todos quantos se preocupam com ter uma vida espiritual «de qualidade», devem partir e convergir na Eucaristia. Ali está tudo. Ali se encontram a dimensão vertical (relação com Deus) com a horizontal (aspecto comunitário) e de alguma forma todos os aspectos que mencionei até agora. A forma como vivemos a Eucaristia e a vida espiritual «corrente» estão intimamente ligadas. Uma «espiritualidade» que esqueça a Eucaristia é um «ente abstrato», eventualmente uma ideologia.
7. Em sétimo lugar, pode ser uma coisa muito importante ter alguém com quem confrontar a experiência. Hoje fala-se talvez menos na figura do «Diretor espiritual» (às vezes confunde-se com a do Confessor) e há quem prefira falar em «Acompanhante espiritual» ou coisa parecida. Designação à parte, o exercício de verbalizar a alguém a experiência de Deus na minha vida é de enorme riqueza: é uma tomada de consciência da presença de Deus, um momento para ser desafiado, para aferir, exprimir inquietações...
8. «Last but not least», não se pode viver bem uma espiritualidade sem algum elemento de avaliação frequente. Uma vida espiritual que não avalia não avança, esmorece e pode esfumar-se. Há um elemento espiritual fundamental, clássico, que caiu em «desgraça»: o «exame de consciência». O problema começa na designação e na sua caricatura, porque se confunde muitas vezes «exame de consciência» com «caça aos meus podres» ou «fazer a lista dos pecados», e, como não somos propriamente masoquistas, não gostamos de gastar energias nisso. Contudo, há que recuperar esta prática, de uma ou outra forma, talvez com uma nova designação.
E porquê? Porque avaliar a vida espiritual não pode significar simplesmente ver os meus podres, mas reconhecer onde esteve Deus presente ao longo do dia ou dos últimos tempos, a que me vi «inspirado», quais as resistências e (também) quais as falhas… Não apenas para pedir perdão, mas também para agradecer… Na medida em que puder reconhecer essas «presenças», inspirações, e falhas, posso reorientar, ajustar, acertar. Caso contrário, não sabemos para onde vamos nem para onde queremos ir… E lá diz o provérbio oriental que «um barco sem rumo nunca tem vento favorável». Não é por acaso que «Espírito» é «ruah» e «pneuma», respiração, sopro, vento… E a vida espiritual é a vida no Espírito. Somos também «Filhos do Vento»! Amanhã é Pentecostes!
Fonte:
Texto retirado e adptado do site: www.paroquias.org (texto original escrito por Alef)
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