Denomina-se iluminação o ato pelo qual um anjo superior dá a conhecer a um inferior alguma verdade sobrenatural de que teve conhecimento, graças à imediata revelação de Deus. Por exemplo, Deus manifestou diretamente a todos os seres angélicos a futura Encarnação do Verbo, mas não de modo igual: a uns comunicou mais, a outros menos, deixando aos anjos superiores o encargo de iluminar os inferiores, de modo que estes progredissem no conhecimento desse mistério até o dia de sua realização[1].
Conforme São Tomás, a iluminação é feita da seguinte maneira: em primeiro lugar, o anjo superior fortalece a capacidade de entender do anjo inferior; em segundo lugar, o superior propõe ao inferior aspectos particulares de verdades sobrenaturais que ele, anjo superior, "concebe de modo universal".[2]
São Tomás ilustra esta doutrina dando o exemplo de um professor que, para ensinar uma matéria, divide-a em partes coerentes e ordenadas, acomodando-a à capacidade dos alunos. Evidentemente, estes terão um conhecimento fracionado, muito inferior ao do professor. Assim se passa com os anjos: "O anjo superior toma conhecimento da verdade segundo uma concepção universal, para cuja compreensão o intelecto do anjo inferior não seria suficiente".[3] Para iluminar o inferior, o superior fragmenta e multiplica a verdade que ele próprio conhece de modo universal, tornando-a mais particular.
Esta forma de comunicação, por iluminação, só procede dos anjos superiores para os inferiores. Todavia, na locução, também os anjos inferiores falam aos superiores. Segundo o Doutor Angélico, a locução tem por finalidade manifestar algo interior àquele com quem se fala ou pedir-lhe alguma coisa: "Falar nada mais é do que manifestar a outro o próprio pensamento".[4] Não se trata aqui de apresentar uma verdade sobrenatural, pois neste caso, teríamos a iluminação. Em outras palavras, toda iluminação é locução, mas nem toda locução é iluminação.
Evidentemente, a comunicação dos anjos entre si não se expressa com sons, gestos ou outro elemento material, pois sua natureza é só espiritual. Essa comunicação se dá por um ato de vontade, pelo qual um anjo dirige o pensamento ao outro, dando a conhecer conceitos que possui. Pode, inclusive, dar a conhecer algo a uns e não a outros, conforme queira.
Os anjos se comunicam também com Deus, nunca porém como o agente se dirige ao paciente ou, segundo a terminologia humana, o mestre ao discípulo. "O anjo fala a Deus - explica São Tomás -, seja consultando a divina vontade a respeito do que deve ser feito, seja admirando a excelência divina que ele nunca compreende a fundo".[5]
Os anjos se comunicam também com Deus, nunca porém como o agente se dirige ao paciente ou, segundo a terminologia humana, o mestre ao discípulo. "O anjo fala a Deus - explica São Tomás -, seja consultando a divina vontade a respeito do que deve ser feito, seja admirando a excelência divina que ele nunca compreende a fundo".[5]
O tema das conversas angélicas
Claro que o principal objeto de conversa dos anjos é Deus, pois toda criatura tende naturalmente a voltar-se para o Criador, sobretudo em se tratando de seres tão perfeitos como eles[6]. Além do mais, estando na Visão Beatífica, estarão sempre contemplando novos aspectos d'Ele durante toda a eternidade. Sendo Deus infinito, por mais que os anjos do Céu O vejam no seu todo, não O veem totalmente, o que é impossível a qualquer criatura.
Claro que o principal objeto de conversa dos anjos é Deus, pois toda criatura tende naturalmente a voltar-se para o Criador, sobretudo em se tratando de seres tão perfeitos como eles[6]. Além do mais, estando na Visão Beatífica, estarão sempre contemplando novos aspectos d'Ele durante toda a eternidade. Sendo Deus infinito, por mais que os anjos do Céu O vejam no seu todo, não O veem totalmente, o que é impossível a qualquer criatura.
Eles conversam também sobre os desígnios divinos a respeito do universo material, no qual o elemento mais importante é o homem. Não podem, pois, deixar de interessar-se enormemente pela ação divina na História; assim, os anjos superiores comunicam aos inferiores o que "veem" em Deus a tal propósito.
Poderíamos, pois, imaginar um diálogo no qual nosso anjo da guarda pergunta a um anjo mais elevado como compreender melhor nossa psicologia. Por exemplo, por que procedi de tal modo, por que deixei de agir em tal ou qual ocasião, etc. O anjo superior, além de dar ao anjo da guarda as explicações, acrescentaria uma orientação sobre como guiar nossa alma da maneira mais conforme ao plano de Deus.
Uma coisa é certa: nossos anjos da guarda estão constantemente conversando sobre nós com os anjos que lhes são superiores, de maneira que existe uma "cascata", ou "cadeia", de anjos interessados na santificação e salvação de cada um de nós.
Que tal pensamento contribua para aumentar nossa devoção aos santos anjos, esses gloriosos intercessores celestes, dos quais muitas vezes nos esquecemos!?
Padre Louis Goyard, EP
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[1] JOSEPH MACINTYRE, Archibald. Os anjos, uma realidade admirável. Rio de Janeiro: Revista Continente, 1983, p.255.
[2] SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., I, q.106, a.1.
[3] Idem, ibidem.
[4] Idem, I, q.107, a.1.
[5] Idem, I, q.107, a.3.
[6] É evidente que os santos anjos conversam sobre Deus transidos de amor, admiração, desejo de crescer no conhecimento d'Ele e servi-Lo, ao passo que os demônios são movidos por ódio e revolta: seu non serviam ecoa por toda a eternidade.
[2] SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., I, q.106, a.1.
[3] Idem, ibidem.
[4] Idem, I, q.107, a.1.
[5] Idem, I, q.107, a.3.
[6] É evidente que os santos anjos conversam sobre Deus transidos de amor, admiração, desejo de crescer no conhecimento d'Ele e servi-Lo, ao passo que os demônios são movidos por ódio e revolta: seu non serviam ecoa por toda a eternidade.
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GaudiumPress
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