segunda-feira, 12 de julho de 2010

LITURGIA DIÁRIA - UM ALERTA PARA OS MENSAGEIROS.

Mateus 10, 34-42; 11, 1

Naquele tempo, 34Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. 35Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, 36e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa. 37Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim. 38Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. 39Aquele que tentar salvar a sua vida, perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á. 40Quem vos recebe, a mim recebe. E quem me recebe, recebe aquele que me enviou. 41Aquele que recebe um profeta, na qualidade de profeta, receberá uma recompensa de profeta. Aquele que recebe um justo, na qualidade de justo, receberá uma recompensa de justo. 42Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, porque é meu discípulo, em verdade eu vos digo: não perderá sua recompensa. 1Após ter dado instruções aos seus doze discípulos, Jesus partiu para ensinar e pregar nas cidades daquela região.

Anunciar a Boa Nova, não é uma das tarefas mais fáceis. Exige uma tomada de posição, renúncia, separação. Por isso Jesus diz que veio trazer divisões. Sempre que se toma uma posição, sempre que opta por uma escolha, fazendo uma opção de vida, deixa-se outro. Para manter-se fiel ao compromisso de seguir a Jesus. E aí é onde inicia o processo de contendas. Na tarefa de anunciar, não se pode ser impedido por barreiras que se levantam. Nada de interesses próprios, nem da família. Se hoje se perde, amanhá você ganhará. Pois, “quem perde a sua vida por causa do reino, irá encontrá-la”

Jesus está enviando seus discípulos para evangelizar o povo de Israel. E como Ele não engana a ninguém, faz o alerta de que as dificuldades farão parte agora o mensageiro. Afirma que sua mensagem, a mensagem do “do reino de Deus” não traz paz, antes causa divisão, perseguição. Por que será que isso acontece? Porque sabemos que a fé é um Dom individual, e não de grupos coletivos. Que a aceitação de um pode não ser do outro. A aceitação do filho, sua opção ou nova posição, pode não ser agradável ao seu pai que sempre sonhou com sua formatura, sua competência cultural, profissional e social. E agora, vê-lo renunciar aos sonhos para se dedicar a um tipo de oratório sem valor. A uma forma de vida onde a eloqüência dos bancos escolares é indiferente. É mesmo inaceitável. Fiz essa rápida ilustração, para que possamos entender o tipo de divisão a qual Jesus se refere. Então, nesse sentido, o missionário não pode se surpreender quando houver divisões entre familiares, perseguições ou mesmo desentendimentos entre irmãos de comunidade. Faz parte do evangelho de cruz.

No versículo 34, e o versículo 35, onde lemos algo que ao mesmo tempo parece contraditório com Isaías 9,6, é também motivo de inquietação. São versículos impactantes, e de certa forma de difícil aceitação. Como entender que o messias chamado de “O príncipe da paz” por Isaias, pode agora se configurar em uma posição contrária. Como entender um príncipe da paz que vem trazer guerras? Semear discórdia entre familiares? Que isso?
Lembro que demorei a entender essa passagem. E somente com um pouco de auxílio da teologia, que foi possível. Jesus não veio trazer a paz social, mas uma paz interior, paz de espírito, de consciência, e que essa nova mensagem de amar aos inimigos e perdoar a quem nos fez o mal, traz sim conflitos espirituais e as divisões. Não é facilmente aceito e nem muito menos entendida.
O grande vilão destas adversidades, é exatamente a fé. Enquanto dom pessoal, nem eu ou você, nem ninguém, poderá fazer por você, pois ninguém pode crer por você. “ A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela palavra” (Rm 10,17).Se um acreditou, é porque ouviu, e se outro, não acreditou mesmo ouvindo, ninguém poderá fazer por ele.

wellington Dantas - Semeando a paz

Nenhum comentário: