O
conselho de santo Agostinho é atual para nossa sociedade e humanidade de hoje
que corre atrás do supérfluo e do que não é essencial, cada dia mais fora de si
mesmo quanto mais exterioridade mais nos perdemos de nós mesmos. Veja o que ele
nos disse:- “Dentro de cada homem há uma guerra civil” “Não saias de ti.
Volta-te para ti mesmo. A verdade reside no homem interior. O homem se torna
pior e empobrece quando, lançando-se à conquista do externo, vive expulsando
suas intimidades” “Na maioria das vezes o homem desconhece a si mesmo. Vítima
do descuido ou da improvisação, ou presume de suas carências ou desespera de suas
possibilidades. Só quando a tentação o prova com um questionamento de urgência,
o homem consegue conhecer a verdade sobre si mesmo.”
"Conhece-te
a ti mesmo" revela a importância do autoconhecimento, sendo uma frase
bastante conhecida no ramo da Filosofia. Não há certeza absoluta em relação a
quem foi autor desta máxima, mas há vários autores que atribuem a autoria da
frase ao sábio grego Tales de Mileto. Apesar disso, existem teorias que afirmam
que a frase foi dita por Sócrates, Heráclito ou Pitágoras.
"Conhece-te
a ti mesmo" está inscrito na entrada do templo de Delfos, construído em
honra a Apolo, o deus grego do sol, da beleza e da harmonia. Esta
frase indica que o primeiro passo para o verdadeiro conhecimento é nos
conhecermos a nós próprios. Se queremos conhecer o mundo à nossa volta, devemos
em primeiro lugar conhecer quem nós somos. O conhecimento e conhecer a nós
próprios é um processo, uma busca que não tem fim e a cada dia podemos aprender
mais. O processo de autoconhecimento muda a forma como uma pessoa interage com
o mundo e com as outras pessoas, abrindo a possibilidade para conhecer e
aprender novas coisas. Outra explicação é que é mais importante nós nos
conhecermos, termos noção de quem nós somos, e não dar importância ao que as
outras pessoas pensam sobre nós.
Mas
prefiro santa Teresa de Jesus doutora da Igreja para ela a pessoa é como um
castelo habitado pela Trindade (IM,1-5) à espera do encontro com sua criatura:
“A alma é como um castelo, todo de diamante ou de cristal com muitas moradas. E
no centro, a principal, é onde passam as coisas mais secretas entre Deus e a
alma”. Nele há muitas moradas, que expressam os distintos níveis da relação que
a pessoa tem consigo, com os outros, com Deus e com o mundo. O conhecimento
próprio é essencial para essa viagem interior. “A porta para entrar nesse
castelo é a oração e reflexão” (IM).
"Para Teresa de Jesus, Deus é o que
há de mais importante na sua vida, um Deus muito próximo e humano. Diz que
podemos encontrá-Lo em toda a parte, especialmente dentro de nós mesmos
(as)" Consideramos a nossa vida não tanto como um caminho rumo a Deus, mas
experimentamos Deus vivendo em nós, como explica a frase de São Paulo: “Já não
sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim!” (Gálatas 2,20).
Nesse processo, Teresa
adverte para não ficar olhando para as misérias humanas, e sim para Jesus
Cristo, o grande amigo. É um dinamismo onde a pessoa reconhece sua identidade e
o mistério da sua liberdade. Teresa adverte que, quando a pessoa se nega ao
Amor, está se fechando em si mesma (IM6-8).
E, para fazer frente a uma
antropologia egocêntrica, Teresa propõe um dinamismo de êxodo - a pessoa deve
entrar dentro de si, autoconhecer-se, aceitando a própria realidade, como
também a realidade alheia.
A imagem do castelo interior expressa um dinamismo
dialético de integração entre interioridade e exterioridade, levando a pessoa a
sair de si mesma, vivendo numa relação progressiva de entrega, partilhando seus
dons, criando novas relações. Enfim certo é que descendo para dentro de nós
mesmos e na vivência do Amor que habita em nós que a pessoa integra todas as
suas potencialidades. As crises e contradições podem converter-se em lugar de
encontro. A pessoa, sabendo-se amada, responde amando.
Sente-se convidada a
“conhecê-Lo, amá-Lo, torná-Lo conhecido e amado.” Volte-se para o centro de ti
mesmo! E terás a verdadeira felicidade!
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