Nenhuma pessoa ferida se cura projetando a sua dor nos outros. No entanto, é possível que já tenhamos passado por essa situação, mesmo sem querer ou sem perceber.
Nenhuma pessoa ferida
se cura projetando a sua dor nos outros, e muito menos nas pessoas que
ama. No entanto, é possível que já tenhamos passado por essa
situação, mesmo sem querer ou sem perceber.
É muito triste sentir-se mal consigo mesmo, mas é ainda mais triste
ter a consciência de que, como um mecanismo de defesa, estamos nos
protegendo ao utilizar um instrumento perverso: aumentar a tensão nas
relações com os outros. Projetamos contra elas a frustração e a dor
que sentimos por dentro porque intuímos que, aconteça o que acontecer
conosco, elas vão nos perdoar.
Pense, você não se arrepende de ter machucado alguém da sua
vida devido a um bloqueio emocional do qual você não via nenhuma saída?
Ou não é verdade que alguma vez o machucaram tanto que depois você se
fechou completamente a pessoas que talvez mereciam uma oportunidade?
O coração é um dos órgãos mais valiosos, é a representação do nosso
centro emocional, o companheiro anímico que mais temos que cuidar. Por
isso não é saudável que o coração se feche, pois se o fizer, além de
entrar o frio, só poderemos oferecer frio: se estamos sofrendo, é bom
entender que temos um processo terapêutico no interior que, por não ser
oferecido, prejudica os que estão ao nosso redor.
O processo de cura ocorre em si mesmo
Quando exploramos o exterior de uma maneira ou de outra, não fazemos
isso devido ao que há no lado de fora, mas por aquilo que nasce de uma
lesão que está no lado de dentro. Imagine que nós caímos, fazemos uma
ferida e a deixamos sem tampar nem limpar, o que vai acontecer?
Em primeiro lugar ela pode se infectar, o que dará muito trabalho
para solucionar. Em segundo lugar, também poderia ocorrer de alguém
passar ao nosso lado e esbarrar em nós sem querer. Neste caso, isso iria
doer e nós reagiríamos de forma negativa em relação a quem tocou em
nós; no entanto, o problema não é a pessoa que esbarrou, mas sim que não
curamos a nossa ferida no momento adequado.
O coração precisa aceitar a situação que incomoda e a maior parte do
processo de cura está em entender quais saídas permitem superar o que
faz sofrer: parar para refletir sobre esta situação que queremos deixar
para trás é um ato individual que requer muito esforço e sacrifício da
nossa parte. Se não nos esforçarmos o suficiente, poderá parecer que a
situação passou, mas na realidade vai continuar estando ali e não vai
nos deixar caminhar.
Ninguém quer nos ver assim
Por outro lado, como comentamos, além de si mesmo está a outra parte
com a qual às vezes pagamos o sofrimento pessoal. Teoricamente, seria
excelente para todos se cada um tivesse essa ideia em mente: se aqueles
que estão comigo fazem isso porque me amam e são felizes em me ver bem,
não é justo que elas paguem pela minha falta de paciência com eles ou
que tentem mudar o que me incomoda.
Aproveitando o querido escritor de O Pequeno Príncipe, buscamos
uma premissa que ele deixou incorporada no seu trabalho: embora a
reação mais primária de qualquer animal, incluindo o ser humano, seja a
de criar um quartel de defesa após ter sido machucado por outra
pessoa, nem todas as pessoas querem nos fazer mal nem têm culpa pelo que
aconteceu conosco.
Evitando estabelecer relações novas ou bloqueando
com muros o acesso mais íntimo dos que estavam mais próximos, por
exemplo, não vamos conseguir nos curar, muito menos evitar que tudo o
que aconteceu conosco se repita. Também não é útil negar a oferta de
ajuda dos outros se a fazem de coração, nem ocultar o problema para
acreditar que ele deixou de existir. Pergunte a si mesmo: é possível que
isso esteja acontecendo com você?
Mime a si mesmo! Você merece isso
Se a sua resposta à pergunta anterior é indecisa ou afirmativa, você
tem que se preparar para se mimar muito: apenas cuidando de si, dando
outra oportunidade a si mesmo, ouvindo a si mesmo, valorizando e amando a
si mesmo, você vai conseguir levar uma vida feliz e em harmonia com os
outros.
Nós precisamos aprender a dizer “não” quando é necessário. Temos que
ensinar o nosso coração a errar, a chegar ao fundo do poço e a sair
dele, pois é nisso que consiste o equilíbrio emocional: em regular o
lado bom e o mau das experiências que vêm até nós. Se nos importarmos
com os outros, nós nos importaremos com nós mesmos.
Ferir porque alguém nos feriu é um mau comportamento que não resolve
nada. Lembre-se de que um coração que não sabe o que fazer com sua dor e
que ataca ao invés de buscar a cura só acaba se machucando ainda mais.
(Imagens: Reprodução. Via Resiliência Mag)
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