terça-feira, 6 de dezembro de 2011

FIM OU RECOMEÇO?


Costumamos encarar o fim como a cessação de tudo, não é mesmo? Essa palavrinha de três letras é capaz de nos levar ao desânimo, ao sentimento de que tudo terminou.
Mas, sabe de uma coisa? Todo fim enseja um recomeço.


No princípio, Deus criou o mundo e pôs nele o homem, e este o decepcionou. O que aconteceu? Bem, a vida no jardim do Éden perdeu o sentido. Fim? The End, como terminam os filmes de Hollywood? Não! Simplesmente, um recomeço. O Criador vestiu Adão e Eva de peles e estabeleceu novas metas para a humanidade.
Enfim, o que passou, passou.

O fim da Dispensação da Inocência deu início à da Consciência. E mais uma vez o homem decepcionou a Deus. Os descendentes de Sete — filho de Adão — se misturaram aos pecadores, e a Terra ficou cheia de violência e materialismo. Veio, então, o Dilúvio. Fim? Não. Recomeço. Deus preservou Noé e sua família, para com eles estabelecer um novo pacto e um novo período, o do Governo Humano.
Mais uma vez, os homens fracassaram, ao tentar construir uma cidade, com uma grande torre, para glória própria, esquecendo-se de que toda a glória pertence ao Criador (Is 42,8). O que fez Ele, pôs fim a tudo? Não! Frustrou aquele mau intento, a fim de que houvesse um novo começo para os homens. Vamos abrir um parêntese aqui. (Não pense que Deus estava tentando ajudar o ser humano sem saber o que aconteceria. Quando o pecado entrou no mundo, o Senhor já tinha um plano estabelecido — tanto que Jesus Cristo é o “... Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13,8); isto é, todos os cordeiros mortos desde a criação do mundo tipificavam o Cordeiro de Deus (Jo 1,29). Contudo, esses fins e recomeços eram oportunidades para a humanidade se reencontrar e entender os propósitos do Criador.)
Bem, o Governo Humano não deu certo, e a Torre de Babel caiu. Como diz a Palavra de Deus, “Do homem são as preparações do coração, mas do Senhor é a resposta da boca” (Pv 16,1). Quando fazemos planos e eles desmoronam, isso não significa o fim. Deus, naquela ocasião, espalhou as pessoas, para um novo começo: a Dispensação Patriarcal. O Senhor fez alianças com Abraão, Isaque e Jacó, e nasceram aqueles que formariam as doze tribos de Israel, mas o livro dos começos, o Gênesis, terminaria de modo aparentemente trágico: “E morreu José da idade de cento e dez anos; e o embalsamaram, e o puseram num caixão no Egito” (Gn 50,26).
Que ironia! O livro que começa com uma frase cheia de vida “No princípio, criou Deus os céus e a terra” termina com morte, embalsamamento e caixão, palavras que gostaríamos de riscar do vocabulário! Mas não podemos nos esquecer de que cremos no Doador da vida! E de que a morte, para os seus servos, é um recomeço, em outra dimensão, a celestial!
Nem a morte pode nos separar do amor de Deus (Rm 8,38-39). Começa, então, a Dispensação da Lei, com a saída dos filhos de Israel do Egito — liderados por Moisés —, que não eram mais uma família, mas um grande povo. Essa dispensação duraria até à plenitude dos tempos, quando Deus enviaria seu Filho, “...nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4,4,5). No decurso desse período, entre os livros de Êxodo e Malaquias, houve vários fins e recomeços. E, como a humanidade não foi capaz de retomar o rumo segundo a vontade de Deus, mais um período dispensacional teria de acabar, como lemos em João 1.17: “... a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. Cristo, o verdadeiro Deus encarnado (Jo 1,1,14; 1Tm 3,16), dá início à Dispensação da Graça. Mas somente a sua encarnação não seria suficiente. Teria Ele de passar pelas angústias humanas. O véu precisaria ser rasgado. E não estou falando do véu do templo, partido em dois para “dizer” que o caminho para a salvação está aberto. Para isso acontecer, um outro véu teria de ser rasgado: o corpo de nosso Senhor (Hb 10,20).
Jesus nasceu e morreu. Fim? Bem, se a sua morte fosse o fim, estaríamos perdidos. MAS... Ah, como eu gosto desta palavrinha também de três letras! Às vezes, até usamo-la de modo inconveniente, para criticar alguém: “Gosto de Fulana, mas...” Contudo, olha como ela se encaixa como uma luva em 1Coríntios 15.17-20. Leia esta passagem agora, por favor. Glória a Deus! Se Jesus não tivesse ressuscitado, a nossa fé seria vã e estaríamos perdidos. MAS Cristo ressuscitou! Que recomeço maravilhoso e triunfante, não acha? Imagine a alegria das mulheres que foram visitar o corpo de Jesus, e encontraram a pedra revolvida e o túmulo vazio (Mc 16.1-4). Que recomeço para elas, que já não tinham esperanças! Você pode escolher ao passar por uma decepção ou tragédia uma das duas palavrinhas de três letras: fim ou mas. É possível que você esteja enfrentando grandes angústias agora. Há, quem sabe, muitas decepções em seu coração: a perda de um ente querido em uma tragédia, a interrupção de uma gravidez, um sonho não realizado, uma enfermidade... Bem, você tem a oportunidade de deixar para trás as frustrações e começar uma nova fase da vida com alegria e satisfação. O fim, como vimos, não é um fim em si mesmo. Então lembre-se de que sempre haverá um mas. Fico pensando o que seria de nós se alguns versículos terminassem antes dessa palavrinha. Imagine se Romanos 6,23 terminasse assim: “... o salário do pecado é a morte”. MAS há um complemento animador: “... o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”. Sabe, vou lhe confessar uma coisa. Um dos principais problemas que tenho ao escrever é a repetição da palavrinha mas. Já fui orientado por uma profissional da língua portuguesa e vivo me policiando sobre isso. Só que, neste artigo, estou me sentindo completamente à vontade para dizer quantos mas forem necessários! Afinal, temos dificuldades e aflições, MAS o Senhor é o nosso Pastor! O Inimigo se levanta contra nós, MAS maior é Aquele que está conosco! Os nossos corações nos condenam, MAS maior é Ele do que os nossos corações! Você pode ter enfrentado uma grande dificuldade, frustrações e decepções; MAS tudo isso acabará, se você tiver esperança, e uma nova fase de vitórias terá início, pois cremos que o fim traz um grande recomeço para aqueles que depositam a sua esperança em Jesus Cristo! O mundo está em guerra. O Brasil, dominado pela corrupção. E, para piorar, tragédias não param de acontecer... O profeta Miquéias vivia dias semelhantes aos nossos (Mq 7.1-6). Contudo, havia um “porém”. Qual? A sua certeza em um recomeço em Deus estava inabalável, e ele exclamou: “Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação: o meu Deus me ouvirá” (Mq 7.7). Pessoas especiais morreram, MAS Cristo está vivo e consola o seu coração. O ano pode não estar sendo bom para você, MAS guarde a sua fé e a sua esperança, pois ainda surgirão grandes oportunidades, em Deus! Bem, pensei em como terminar este artigo, e resolvi citar uma passagem que muito me anima:
Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8,37, grifo meu).
 
 
 
  Ciro Sanches Zibordi extraído do blog: [Blog do Ciro]

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