Leituras:
Isaías 61, 1-2ª.10-11;
Lucas 1,46-48.49-50.53-54 (R/. Is 61, 10b;
Primeira Carta de São Paulo aos Tes salonicenses 6, 6-24; João 1, 6-8.19-28.
Cada domingo, dia da Ressurreição, deveria estar impregnado de alegria! Alegria marcada de modo especial, neste terceiro Domingo do Advento, quando somos convidados a ser testemunhas e seguidores de Jesus, como nos fala o homem chamado João, enviado por Deus, "para dar testemunho da luz", e de tornar presente, para todos a proposta libertadora de Jesus.
1. Situando- nos brevemente:
Por tradição, o terceiro domingo do Advento é denominado “Domingo Gaudete”, que significa“Domingo da Alegria”. Isso, porque a antífona de entrada começa com esta expressão: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (em latim “Gaudete in Domino sempre” - cf. Graduale Romanum). Esta, portanto, será chave para compreensão dos textos bíblico-litúrgicos, assim como dos ritos e símbolos do terceiro domingo.
A alegria de que trata a Liturgia deste domingo liga-se à proximidade da festa da Natividade do Senhor. A percepção de que já atravessamos mais da metade do caminho rumo à noite Santa do Natal ilumina a celebração da comunidade de fé.
Com razão a Oração da Igreja assim se exprime: “Levantai vossa cabeça, pois a vossa redenção se aproxima” (Antífona do Invitatório, LH, III Domingo do Advento). Portanto, o júbilo não se dá somente por que já se aproxima uma “data memorável”, mas, sobretudo, porque as conseqüências do Mistério que nela se celebra já podem ser sentidas pela Igreja peregrina.
2. Recordando a Palavra
O texto da primeira leitura é um trecho do livro de Isaías. A compilação de versículos põe no centro da profecia a “exultação” do profeta – que é símbolo do povo de Deus, porque Ele lhe reveste de salvação. Sabemos que este é o “pólo de atração” da primeira leitura exatamente porque o Salmo Responsorial, que traz por conteúdo o texto evangélico do Magnificat, assim o confirma: “A minha alma se alegra em Deus (...) Ele viu a pequenez de sua serva (...) fez por mim maravilhas”.
Se, no contexto bíblico, a alegria refere-se à restauração de Sião por parte de Deus, que proporcionará ao povo reedificar as ruínas antigas, conforme o versículo 4 excluído pelo Lecionário, na celebração as razões do regozijo ligam-se visceralmente a outro fato.
O mesmo papel de testemunhas assumido pela personagem profética da primeira leitura é desempenhado por João Batista no evangelho: “Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz (Jo, 1,6). Seu testemunho relaciona-se àquele de Isaías, citado explicitamente pelo Batista. Seu trabalho consiste em reconhecer e apontar o advento do Messias, que é maior do que João Batista ou qualquer outro profeta com quem possa ser confundido: Elias ou aquele que deveria suceder Moisés, lembrado pela expressão “o Profeta”. Dessa forma, João é testemunha do que há de vir, cuja presença e identidade superam todas as expectativas. É rebento completamente novo, plantado por Deus no dizer de Isaías” (Cf. Is 61,11).
1. Situando- nos brevemente:
Por tradição, o terceiro domingo do Advento é denominado “Domingo Gaudete”, que significa“Domingo da Alegria”. Isso, porque a antífona de entrada começa com esta expressão: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (em latim “Gaudete in Domino sempre” - cf. Graduale Romanum). Esta, portanto, será chave para compreensão dos textos bíblico-litúrgicos, assim como dos ritos e símbolos do terceiro domingo.
A alegria de que trata a Liturgia deste domingo liga-se à proximidade da festa da Natividade do Senhor. A percepção de que já atravessamos mais da metade do caminho rumo à noite Santa do Natal ilumina a celebração da comunidade de fé.
Com razão a Oração da Igreja assim se exprime: “Levantai vossa cabeça, pois a vossa redenção se aproxima” (Antífona do Invitatório, LH, III Domingo do Advento). Portanto, o júbilo não se dá somente por que já se aproxima uma “data memorável”, mas, sobretudo, porque as conseqüências do Mistério que nela se celebra já podem ser sentidas pela Igreja peregrina.
2. Recordando a Palavra
O texto da primeira leitura é um trecho do livro de Isaías. A compilação de versículos põe no centro da profecia a “exultação” do profeta – que é símbolo do povo de Deus, porque Ele lhe reveste de salvação. Sabemos que este é o “pólo de atração” da primeira leitura exatamente porque o Salmo Responsorial, que traz por conteúdo o texto evangélico do Magnificat, assim o confirma: “A minha alma se alegra em Deus (...) Ele viu a pequenez de sua serva (...) fez por mim maravilhas”.
Se, no contexto bíblico, a alegria refere-se à restauração de Sião por parte de Deus, que proporcionará ao povo reedificar as ruínas antigas, conforme o versículo 4 excluído pelo Lecionário, na celebração as razões do regozijo ligam-se visceralmente a outro fato.
O mesmo papel de testemunhas assumido pela personagem profética da primeira leitura é desempenhado por João Batista no evangelho: “Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz (Jo, 1,6). Seu testemunho relaciona-se àquele de Isaías, citado explicitamente pelo Batista. Seu trabalho consiste em reconhecer e apontar o advento do Messias, que é maior do que João Batista ou qualquer outro profeta com quem possa ser confundido: Elias ou aquele que deveria suceder Moisés, lembrado pela expressão “o Profeta”. Dessa forma, João é testemunha do que há de vir, cuja presença e identidade superam todas as expectativas. É rebento completamente novo, plantado por Deus no dizer de Isaías” (Cf. Is 61,11).
Curiosos a conclusão do trecho evangélico com o versículo 28: “isso aconteceu em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando”. Sem qualquer prejuízo no que concerne a compreensão da narração sobre João Batista, o trecho poderia terminai no versículo 27: “eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias”. Mas, teríamos o ápice da narrativa centrada na pessoa do Batista. Com a inserção do versículo 28, a figura do profeta não aparece em primeiro plano, mas sim, a sua atuação junto ao Jordão.
A nova Bíblia de Jerusalém, a despeito da tradução antiga, verte Bethânia por Bethabara. Uma opção exegética interessante, pois Bethabara se encontra em documentos menos importantes do que aqueles que trazem a palavra Betânia (Bethania tem uso justificado, por exemplo, em documentos do século III (Papiro 66.75, sinaítico, etc.), enquanto Bethabara está presente em textos bem mais tardios). O fato é que esta cidade não é a mesma onde, no mesmo evangelho, se dá unção de Jesus antes de sua morte – onde moravam Lázaro, Maria e Marta.
Esta “Betânia” está perto do monte das Oliveiras, enquanto a “Betânia” do texto deste domingo está mais distante de Jerusalém. O que se quer indicar? Uma aproximação possível, e que é rica para o contexto litúrgico, entende que a frase “aconteceu em Betânia, elem do Jordão” relacionada ao lugar em que João exerce seu ministério batista, quer insinuar o episódio narrado em Js 3: passagem do Jordão no fim do Êxodo, um evento pascal, portanto (Cf. Bíblia de Jerusalém, Nova edição revista e ampliada), nota e de Jo 1,28).Assim se explicaria a variante da nova Bíblia de Jerusalém (Bethabara) que significa: “lugar de passagem”.
3. Atualizando a Palavra
Tomando os elementos acima descritos, uma leitura litúrgica das Escrituras entende que este terceiro Domingo do Advento é momento de passagem ou transição para a comunidade que celebra, como o fora para os contemporâneos do Batista. Nós, como eles, somos atraídos para a “beira do Jordão”, a fim de permanecer de prontidão, a esperar da travessia pascal que se inaugura com a revelação de Deus e se plenifica com a encarnação do Verbo.
Neste sentido, nosso olhar recai sobre o que se augura com a celebração da Eucaristia: “que estes sacramentos nos purifiquem dos pecados e nos preparem, para as festas que se aproximam” (Oração depois da comunhão). A preparação para a celebração da natividade e manifestação do Senhor na carne exige transpor o Jordão, passando pelas águas que nos liberam da maldade, da corrupção, da morte.
Dito de outro modo, ao celebrar o terceiro Domingo do Advento, a Igreja se alegra por estar à ‘beira’ do Jordão, em poder levantar a cabeça e vislumbrar seu destino (Cf. Antífona do Invitatório no Ofício Divino: levantem a cabeça, a vossa Redenção está próxima), que é a comunhão de vida com o Messias, cujas vozes proféticas de todos os tempos e lugares apontam e prenunciam, segundo a inteligência da fé.
O Apóstolo, na segunda leitura, escrevendo à comunidade de Tessalônica, é enfático: “Estai sempre alegres, rezai sem cessar! Dai graças em todas as circunstâncias, porque essa é, a vosso respeito, a vontade de Deus em Jesus Cristo”. Dar graças, fazer eucaristia, corresponde de fato ao “nosso dever e salvação” (Invitatório da Oração Eucarística), porque é no ato de buscar e reconhecer a presença de Deus, que nos percebemos salvos, mergulhados em sua vida.
Damo-nos contra do quando o Espírito do Senhor está sobre nós empurrando-nos para que demos testemunho da visita do Messias no mundo, alegrando os tristes, devolvendo a dignidade aos empobrecidos (Cf. Aclamação ao Evangelho).
A ação de graças recomendada por Paulo nos faz reconhecer que tudo quanto fora dito por Deus em promessa, cumpriu-se em seu Filho e se desdobra naqueles e naquelas que o servem e lhe são fiéis. Em suma, nossa fidelidade torna evidente aquele que nos chamou e é fiel no cumprimento de sua Palavra (Cf. II Leitura).
4. Ligando a Palavra com ação litúrgica
A Liturgia é a “irrupção” do Tempo de Deus no tempo da gente. É caminho de reconhecimento do seu Advento. Em particular, a celebração Eucarística, por meio de seus ritos e preces, nos proporciona a experiência do adentrar de Deus nos diversos contextos humanos, penetrando em profundidade cada espaço.
Uma visita que passa pelo reconhecimento e acolhida do Verbo da Vida que se mostra nas
modulações da voz humana, na simplicidade e caducidade do pão e vinho. Mas, em ambos os casos, foi necessária a transição operada pelo Espírito Santo, que converte a voz dos ministros da Igreja, homens e mulheres, em voz de Cristo, o pão e vinho em Corpo e Sangue do Senhor. Acelebração da comunidade torna-se “lugar de passagem”, o “além do Jordão”, às margens do qual auspiciamos a visita de Deus e nos alegramos por contemplá-la em andamento.
Assim o fazemos simbólica e ritualmente (sacramentalmente, portanto), para que na vida
cotidiana, em que estamos submergidos em nossos afazeres, ocupados com nossos interesses
simples e frágeis, colhamos o Mistério de Deus nos visitando, humanizando-nos, publicamente nossa dignidade perante um mundo que se deteriora ao nosso redor. Com toda certeza, muito bem caberá em nossa boca o Hino daquela por quem Deus fez grandes coisas e que, no Advento, recordamos com todo carinho, Maria de Nazaré: “O Senhor fez em maravilhas, Santo é seu nome”.
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