Nunca se reflete demais sobre advertência que Cristo deixou para seus seguidores: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,14). O cristão não pode ter medo das trevas, mas tem por obrigação iluminar, uma vez que está enxertado em Cristo que é “a luz verdadeira que veio a este mundo” (Jo 1,9). Foi o que profetizou Isaias ao dizer que “o povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, e para iluminar os que jaziam na região caliginosa da morte uma luz surgiu” (Mt 4,16). Deus é luz e Jesus veio pessoalmente dissipar as trevas do pecado, oferecendo os meios para difundir por toda parte a luminosidade de sua doutrina através dos seus autênticos discípulos. Lemos em São João que “nele estava a vida e a vida era a luz dos homens” (Jo 1,4). O cristão renascido no batismo é o portador desta luz. Donde a ordem de Cristo: “Brilhe a vossa luz diante dos homens, a fim de que eles vejam vossas boas obras, e glorifiquem o Pai que está nos céus” (Mt 5,14-16).
Deste modo, Jesus ensinou como ser luz, ou seja, através de tudo que realiza seu discípulo, cuja conduta deve afastar a escuridão provocada pelo espírito do mal que arrasta a tantos para as veredas escabrosas dos vícios. Cumpre ao autêntico cristão ser luz em sua própria casa, no seu local de trabalho e onde quer que esteja. Deus é misericordioso e paciente, mas o bom comportamento de quem O ama é sempre uma repreensão para aqueles que andam nas veredas do mal. Significativas as palavras de São Pedro dizendo que Cristo, para quem tem fé, é honra, para os incrédulos é a “pedra de tropeço, a pedra de estorvo.
Eles, indóceis à palavra, fazem-vos tropeçar, sorte à que estavam também destinados. Vós, porém, sois estirpe eleita, sacerdócio régio, gente santa, povo trazido à salvação, para tornardes conhecidos os prodígios daquele e que vos chamou das trevas para a luz admirável” (1 Pd 2,7-9). Donde o lembrete de São Paulo aos Filipenses: “Fazei tudo sem murmurações e sem críticas, para serdes irrepreensíveis e íntegro, filhos de Deus sem mácula, no meio desta geração perversa e corrupta. No meio dela deveis resplandecer como luzeiros no mundo, ostentando a palavra da vida. (Fil 2, 14- 16). É que a luz que o batizado traz é Jesus Cristo como explica o Apóstolo: “De fato, o Deus que disse à luz que brilhasse no seio das trevas, brilhou ele próprio nos nossos corações, para que façamos resplandecer o conhecimento da glória de Deus na face de Jesus Cristo” (2 Cor 4,6).
Esta é, de fato, a verdadeira identidade do cristão, cujas palavras, atos, conduta, maneira de viver devem corresponder a esta denominação tão honrosa, donde o adágio: “O cristão é outro Cristo”. Para tanto é indispensável a presença do Espírito Santo que garante que esta luz jamais se apague, mas, pelo contrário, brilhe ainda mais pela força do testemunho de vida. Nunca se deve esquecer o que Jesus disse: “Quando o Espírito Santo tiver descido sobre vós, recebereis vigor e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até às extremidades da terra” (Atos 1,8). É este Espírito divino que torna o cristão vigilante, fazendo-o discernir as ocasiões propicias para denunciar os erros e chamar ao bom caminho os extraviados. Não é fácil ser luz diante da indiferença, da incompreensão, da zombaria e até da rejeição e oposição violenta dos que se sentem incomodados com a atitude luminosa do autêntico epígono de Cristo.
Muitas vezes são os próprios familiares, os colegas de trabalho, são os que mais se opõem a quem quer pervagar as sendas resplandecentes da virtude. Com perseverança o correto cristão é sempre fiel a seus nobres princípios e a sua ligação com Cristo. Sua luz brilhará continuamente até que, um dia, Deus visitará os que renegam a luz e então eles também glorificarão ao Ser Supremo por causa da persistência dos que vivem plenamente o Evangelho. A prece e a união com Jesus sustentam a intensidade do clarão de um depoimento constante que demonstra como é feliz aquele que serve o seu Senhor, certo de que “o fruto da luz consiste em toda espécie de bondade, de justiça e de verdade” (Ef 5, 8-9).
Todo batizado deveria poder dizer a si o mesmo que se diz do personagem de Paul Claudel: “És como uma lâmpada acesa e, onde estás, é dia claro. Durante toda sua vida o batizado precisa ser como a cotovia que anuncia a aurora e desperta em cada criatura o amor da luz e da vida. Para isto o cristão necessita ser transparente como o cristal para poder transmitir a luz. Quem vive da luz é luminoso e clarifica o mundo. Se o cristão não pode ser uma estrela no céu, ou um fogo sobre a montanha, pode e deve ser um candeeiro onde quer que esteja. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)
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