segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

HUMILDADE


Às vezes se pensa a humildade como fraqueza ou escondimento do próprio valor. Pior! A ostentação, o orgulho e a projeção pessoal com o rebaixamento ou a diminuição dos outros parecem ser virtudes. Jesus vem provar o contrário. A grandeza da pessoa humana se dá com o reconhecimento da verdade de si, dos outros e de Deus. Somos grandes quando amamos ou servimos o semelhante. Só a aparência não nos torna ricos, sábios e maiores em grandeza real e moral. O uso dos dons ou capacidades para o serviço ao semelhante não nos faz arvorar em mais importantes.

A humildade nos torna convictos de sermos e fazermos tudo por bondade de Deus. Ele nos dá meios e oportunidade. Quanto mais dons temos, mais somos comprometidos em usá-los para o bem da comunidade. Quanto mais riqueza alguém possui, em todos os sentidos, mais deve dar de si para a utilidade e a promoção do semelhante. Caso contrário, retemos o que o Criador nos deu para beneficiar a todos. Somos apenas administradores de nosso eu e do que temos.

Além de nos fornecer verdadeiro exemplo, o Mestre nos ensina a ter atitude coerente com a verdade e a humildade. Não diminuiu sua posição divina tornando-se um de nós, pobre e servidor. Observando a atitude do fariseu e do cobrador de impostos deu grande lição a seus discípulos: "O fariseu, de pé, rezava... 'Ó Deus, eu te agradeço porque não sou como os outros homens, ladrões, desonestos, adúlteros, nem como este cobrador de impostos'... O cobrador de impostos, porém, ficou à distância e nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: 'Meus Deus, tem piedade de mim que sou pecador!'" (Lc 18, 11-13).

Jesus conclui: "Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado" (Idem 18, 13). Tudo o que somos e temos é dom de Deus. A humildade nos faz reconhecer, como a Virgem Maria, a grandeza do Senhor. Se todos vivêssemos assim teríamos menos ganância e manifestação de superioridade sobre os outros, mais espírito de serviço e seríamos até mais considerados no convívio social. Há autoridades, pessoas de responsabilidade ampla em relação à sociedade e pessoas simples do povo de bom exemplo na sua conduta de respeito às pessoas e à sociedade.

Tomara esse exemplo fosse dado por todos, principalmente por quem recebe cargos para servirem e representarem a comunidade e não se servirem dos cargos, dos bens e das possibilidades para tirarem vantagens para si! Quem é humilde enfrenta até incompreensões e supera dificuldades, sabendo contar com a graça de Deus para levar em frente a missão de cooperar com o bem do semelhante. A última palavra não é o elogio humano buscado e sim a prestação de contas a Deus pelo bem que procura fazer ao semelhante.

Paulo é mestre nisso: "Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé... O Senhor me libertará de todo mal e me salvará para o seu reino celeste" (2 Tm 4, 7.18). A pessoa humilde sabe receber críticas e procura perceber se é verdade e se corrige. Quem é orgulhoso quer sempre manifestar que tem razão, mesmo se esta não existir. Por isso, torna a convivência com os outros um modo de projetar-se sem cooperar com a verdade provinda dos demais.

Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros (MG)

Fonte: CNBB

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