quarta-feira, 9 de junho de 2010

LITURGIA DIÁRIA


Mt 5,17-19

Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei - nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande no Reino do Céu.

No Evangelho de hoje, Jesus dar continuidade ao seu primeiro discurso dos cinco em Mateus. Inicia fazendo uma referência à antiga lei mosaica. Sabemos que a Lei, a qual se refere são os escritos dos livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. A chamada “Tora” (acrescida do livro do Gênesis), pelos judeus. A Lei revela ao homem os caminhos, regras do bom proceder, que levam o homem à bem-aventurança prometida. A lei teve seu importante papel “para mostrar as transgressões até a chegada do descendente...” (Gl 3,19). “ A lei é para nós como um pedagogo que nos conduz a Cristo...” (Gl 3,24). Previne para que não se percam e não se afaste do Deus criador. O pleno cumprimento da lei e dos profetas, aponta o caminho para o pleno cumprimento da vontade de Deus. Jesus veio trazê-la ao seu pleno cumprimento.

Jesus veio para cumprir, Não revogar. A lei de Moisés preparou o povo para a vinda de Jesus. Além da lei, existia o que os profetas haviam falado sobre o Messias. Nada do que foi dito pelos profetas ou promulgado por lei, seria desprezado, seriam jogado fora. E ai irmãos, o grande segredo nas palavras de Jesus: “ Eu não vim abolir a Lei, mas dar-lhe pleno cumprimento” Jesus a veio cumprir, primeiro porque ninguém conseguiu cumpri-la. Nem mesmo aquele que a promulgou. Nem um homem conseguiu cumprir e nem um homem conseguiria cumprir, ninguém conseguiria a justificação pela lei. (Gl 3,21)Paulo diz que a lei serve para a santificação e não para a justificação. A lei não pode salvar ninguém, porque ninguém jamais conseguiria cumpri-la. (recomendo aqui que leiam todo o capitulo 3. da carta de Paulo ao Gálatas e Romanos capítulo 7, mais o 8,1). Assim compreenderá porque que ninguém poderá ser justificado se não por Jesus, o único que cumpriu integralmente toda a lei. “chegada a fé, já não estamos mais sob os cuidados de um pedagogo” (Gl 3,25). Quisera eu poder debater mais sobre isso, é muito rico e muito importante.
Então assim, Jesus não estava contradizendo a lei, e nem fazendo com que ela fosse rejeitada por outros. Ele mesmo guardou os mandamentos.
A diferença é que Ele chamou seus discípulos a viver e praticar uma justiça maior que a dos Escribas. Pois o essencial da lei, é a pratica da justiça e da misericóridia. É essa prática que seus seguidores farão, assim irão superar a dos Fariseus e Doutores da Lei.

Resumindo: A questão da obediência aos mandamentos divinos, ou tudo quanto Deus ordena, não visa à salvação, pois entra no campo da santificação, e não da justificação. Entender o papel da lei como meio de salvação seria um uso “ilegítimo” da mesma (1 Timóteo 1,8). Ela veio para denunciar o pecado, como o próprio Paulo ensina: “Eu não teria conhecido o pecado se não existisse a lei” (Rm 7,7).

O fracasso espiritual de Israel, que motivou sua rejeição como propriedade de Deus, não estava na lei, que é “perfeita”, “santa, justa, boa, espiritual, prazerosa” (Salmo 19:7; Romanos 7:12, 14, 22). Mas sim na atitude de autoconfiança do povo quanto às suas possibilidades de obedecê-la plenamente, daí os exageros farisaicos.

Agora só pra entender em definitivo o sentido: “vim dar pleno cumprimento”, veja algumas citações:
A justiça dos Fariseus dizia: Não pode matar, mas pode odiar.
A de Jesus, cumprindo esse preceito plenamente, diz: Não pode odiar, precisa resolver as diferenças. Ou seja, a mesma lei que proíbe matar, proíbe esse mal desde a raiz, desde odiar. É preciso eliminar tudo que gera a morte.
Justiça do fariseus: Não pode cometer adultério.
Justiça de Jesus: Além de não poder cometer o adultério, também precisa evitar outras formas de pecado: pensamentos que fomentam o desejo para a consumação do ato.
Justiça dos fariseus: Se usar o nome de Deus, tem que cumprir com o juramento.

A de Jesus: Fale a verdade sempre, pois a convivência baseada na verdade, dispensa juramentos.
Fariseus: Ame o próximo e odeie seus inimigos.
Jesus: Ame a todos, até seus inimigos. (amar aos inimigos, é um apelo a superar os conflitos em vista da convivência fraterna. Filhos do mesmo Pai que faz nasce o sol sobre os bons e maus.

Enfim, é contemplando e tentando imitar os gestos de Jesus que nós iremos compreender e viver a dinâmica do amor de Deus, que não vem rejeitar a Lei nem os profetas, mas dá-los pleno sentido em nossas vidas pelo impulso do amor. Eis o grande gesto de obediência: deixar-se amar por Deus e assim colher os frutos de uma vida nova por conta desse amor que nos transforma.

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