Depois que minha esposa faleceu, comecei a ir em seu túmulo todas as
segundas-feiras (dia em que a Igreja se dedica às orações pelas almas),
para, na fé, “estar um pouco com ela”, matar um pouco da saudade de suas
gargalhadas gostosas e do seu jeito tão diferente do meu… Afinal,
vivemos juntos mais de quarenta anos, e que o tempo jamais apagará.
Foram cinco filhos, onze netos, muita festa…
Na primeira segunda-feira após a sua morte, fui a uma loja de flores
para comprar um vaso de flores e levar a ela. Mas, estranho, não gostei
de nenhum vaso de flores, embora fossem muito bonitos. Senti algo em meu
coração: “não são dessas flores que ela gosta; e sim das rosas do nosso
quintal”. Ela gostava muito de flores. No entanto, no meu quintal não
havia roseiras e rosas. Então, não tive dúvidas, fui a uma floricultura e
comprei 12 mudas de roseiras, uma de cada cor; e plantei no canteiro do
meu quintal, no lugar das verduras. As roseiras, bem adubadas,
cresceram logo, e estão com muitas rosas lindas e perfumadas, que agora
levo para ela toda segunda-feira após a Missa. Apesar da saudade, me
sinto muito bem ali; e aproveito para deixar rosas nos túmulos dos meus
pais e sogros também.
Um dia, quando eu colhia algumas rosas, uma delas me espetou com seus
espinhos. E fiquei pensando: “como pode, uma rosa tão delicada e
perfumada, ter um espinho tão agressivo?”
Logo pensei: “é para protegê-las!”. E, pensei ainda: “Para se
oferecer uma rosa a alguém, é preciso ter a coragem de enfrentar seus
espinhos, ainda que eles nos firam”. Não há rosas sem espinhos; não há
vitórias sem luta; não há méritos sem lágrimas.
Alguém me perguntou um dia, o que fizemos para viver bem quarenta
anos casados? Então, eu me lembrei da rosa e do seu espinho que feriu
meu dedo. E disse a pessoa: se você for casado, “escolha ficar com os
espinhos” do casamento, e ofereça a rosa para ele ou para ela. Quando as
palavras duras do outro te ferir, como espinhos agudos, não revide, não
reaja, ofereça as rosas com seu perfume. Quando a briga quiser começar,
escolha os espinhos, não devolva palavras de ódio e de rancor, nem de
ressentimento ou de autopiedade; fique com os espinhos, ofereça as rosas
com seu perfume; a vitória será sua porque jamais alguém terá coragem
de não aceitar rosas, mesmo em meio à guerra.
Afinal, “fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas”…
Prof. Felipe Aquino
Retirado do livro: 100 mensagens para a alma. Ed. Cléofas.
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