O autodomínio ou temperança é um dos “requisitos” básicos para o progresso na Vida Espiritual – Esta tem seu “ponto culminante” na Visão Beatífica – por isso, o cristão deve se esforçar por praticá-lo com empenho.
Na reflexão que pretendemos desenvolver a seguir, iremos acentuar, em linhas gerais, a definição deste importante atributo, bem como, a necessidade de buscar sua prática para um reto desenvolvimento da vida cristã.
O homem, após a perda do estado de justiça original [1] sempre foi, em maior ou menor grau, afetado pelo pecado ao longo dos tempos. Desordens incríveis grassaram (e grassam) entre os seres racionais e livres que habitam este mundo que, por sua vez, dão largas às mesmas sem cerimônias nem escrúpulos. A maioria dessas desordens tem raiz também no descontrole dos impulsos, instintos, e “pulsões”, para utilizarmos terminologia freudiana, ainda na moda.
A esse respeito, Santo Tomás de Aquino (1977, p. 205), afirma que
“(...) a consequência do pecado [que surge com a perda do já citado estado de justiça original] foi que, tendo sido a vontade humana desviada da sujeição a Deus,desaparecesse aquela perfeita sujeição das forças interiores à razão e, do corpo, à alma. Seguiu-se, então, que o homem sentisse, no apetite sensitivo interior, movimentos desordenados de concupiscência, de ira e de paixões, não conforme a ordem da razão, mas muito mais a repelindo e obscurecendo.” (p. 205)
Nesse sentido, para controlar os movimentos supracitados, é necessário, a fim de o ser humano manter-se com retidão no propósito da beatitude, cultivar (com o auxílio da graça) o autodomínio. Este é como que um desdobramento da virtude da temperança, que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio nos bens criados, conquanto, segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), ajuda a fazer prevalecer a vontade sobre os instintos e desejos, mantendo estes dentro dos limites da honestidade [2]. É, de fato um hábito que deve ser alcançado pelos que querem agradar a Deus, e isso por vários motivos.
Primeiro, porque dominar a si mesmo é uma das recomendações lapidares do evangelho. Nosso Senhor,embora fosse já confirmado em graça e com as paixões plenamente reguladas por sua vontade firme, aplicou-se na mortificação, a fim de nos dar o exemplo para o controle pessoal, jejuando, silenciando-se nos momentos oportunos, disciplinando-se na oração e conseguindo suportar desconfortos sem murmurar, nem reclamar. Sabia também tratar com docilidade seus interlocutores,e até com “dureza”, quando necessário, sempre dentro das normas da caridade e da justiça.
Por outro lado, no homem comum o autodomínio ajuda a refrear as paixões e vícios mais grosseiros da alma, que são a porta de entrada para o pecado. Por vezes, surpreendemo-nos com atitudes virulentas, estúpidas e relapsas em nós e nos outros. A raiz desses problemas reside na falta de equilíbrio interno e externo. Daí ser necessário o controle e domínio de si, que se solidifica na alma pela graça divina, e deve ser acompanhada pelo esforço pessoal de cada um.
Por fim, a virtude de que ora discorremos – autodomínio - , torna- nos mais sociáveis e educados. Sociáveis no referente ao contato com o outro. Faz-nos vê-lo com olhos espirituais e tratá-lo melhor e com paciência. Ajuda-nos a sermos mansos, misericordiosos e educados no que tange a utilização ordenada dos dons de Deus, fazendo-nos moderados no comer e beber; no vestir, na utilização dos divertimentos modernos e até no “gastar”...
Estas são, portanto, as reflexões que fomos motivados a fazer acerca do tema. Percebemos o quão necessário se faz o cultivo e a assimilação de tal virtude na nossa vida para que possamos ser melhores aos olhos do Pai Celeste, trilhando o caminho da vida reta, pura e virtuosa.
“O domínio de si mesmo é um trabalho, a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência.” (Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1998, n. 2347, p. 607)
NOTAS
1 O Aquinate, na obra Compêndio de Teologia, acentua o fato de que o estado de justiça original produzia, dentre outros, o efeito de fazer com que “(...) no homem, as partes inferiores se submetessem às superiores sem dificuldade de espécie alguma. (cf. p. 202)
2 Cf. n. 1809, p. 487
REFERÊNCIAS
AQUINO,Santo Tomás. Compêndio de Teologia. Riode Janeiro:Presença, 1977
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1998, n. 2347, p. 607
Na reflexão que pretendemos desenvolver a seguir, iremos acentuar, em linhas gerais, a definição deste importante atributo, bem como, a necessidade de buscar sua prática para um reto desenvolvimento da vida cristã.
O homem, após a perda do estado de justiça original [1] sempre foi, em maior ou menor grau, afetado pelo pecado ao longo dos tempos. Desordens incríveis grassaram (e grassam) entre os seres racionais e livres que habitam este mundo que, por sua vez, dão largas às mesmas sem cerimônias nem escrúpulos. A maioria dessas desordens tem raiz também no descontrole dos impulsos, instintos, e “pulsões”, para utilizarmos terminologia freudiana, ainda na moda.
A esse respeito, Santo Tomás de Aquino (1977, p. 205), afirma que
“(...) a consequência do pecado [que surge com a perda do já citado estado de justiça original] foi que, tendo sido a vontade humana desviada da sujeição a Deus,desaparecesse aquela perfeita sujeição das forças interiores à razão e, do corpo, à alma. Seguiu-se, então, que o homem sentisse, no apetite sensitivo interior, movimentos desordenados de concupiscência, de ira e de paixões, não conforme a ordem da razão, mas muito mais a repelindo e obscurecendo.” (p. 205)
Nesse sentido, para controlar os movimentos supracitados, é necessário, a fim de o ser humano manter-se com retidão no propósito da beatitude, cultivar (com o auxílio da graça) o autodomínio. Este é como que um desdobramento da virtude da temperança, que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio nos bens criados, conquanto, segundo o Catecismo da Igreja Católica (CIC), ajuda a fazer prevalecer a vontade sobre os instintos e desejos, mantendo estes dentro dos limites da honestidade [2]. É, de fato um hábito que deve ser alcançado pelos que querem agradar a Deus, e isso por vários motivos.
Primeiro, porque dominar a si mesmo é uma das recomendações lapidares do evangelho. Nosso Senhor,embora fosse já confirmado em graça e com as paixões plenamente reguladas por sua vontade firme, aplicou-se na mortificação, a fim de nos dar o exemplo para o controle pessoal, jejuando, silenciando-se nos momentos oportunos, disciplinando-se na oração e conseguindo suportar desconfortos sem murmurar, nem reclamar. Sabia também tratar com docilidade seus interlocutores,e até com “dureza”, quando necessário, sempre dentro das normas da caridade e da justiça.
Por outro lado, no homem comum o autodomínio ajuda a refrear as paixões e vícios mais grosseiros da alma, que são a porta de entrada para o pecado. Por vezes, surpreendemo-nos com atitudes virulentas, estúpidas e relapsas em nós e nos outros. A raiz desses problemas reside na falta de equilíbrio interno e externo. Daí ser necessário o controle e domínio de si, que se solidifica na alma pela graça divina, e deve ser acompanhada pelo esforço pessoal de cada um.
Por fim, a virtude de que ora discorremos – autodomínio - , torna- nos mais sociáveis e educados. Sociáveis no referente ao contato com o outro. Faz-nos vê-lo com olhos espirituais e tratá-lo melhor e com paciência. Ajuda-nos a sermos mansos, misericordiosos e educados no que tange a utilização ordenada dos dons de Deus, fazendo-nos moderados no comer e beber; no vestir, na utilização dos divertimentos modernos e até no “gastar”...
Estas são, portanto, as reflexões que fomos motivados a fazer acerca do tema. Percebemos o quão necessário se faz o cultivo e a assimilação de tal virtude na nossa vida para que possamos ser melhores aos olhos do Pai Celeste, trilhando o caminho da vida reta, pura e virtuosa.
“O domínio de si mesmo é um trabalho, a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência.” (Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1998, n. 2347, p. 607)
NOTAS
1 O Aquinate, na obra Compêndio de Teologia, acentua o fato de que o estado de justiça original produzia, dentre outros, o efeito de fazer com que “(...) no homem, as partes inferiores se submetessem às superiores sem dificuldade de espécie alguma. (cf. p. 202)
2 Cf. n. 1809, p. 487
REFERÊNCIAS
AQUINO,Santo Tomás. Compêndio de Teologia. Riode Janeiro:Presença, 1977
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Loyola, 1998, n. 2347, p. 607
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blog:escritoscatolicos.blogspot.com
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