(roxo, pref.do advento I - ofício do dia)
Leitura do livro do profeta Isaías- 1Visão de Isaías, filho de Amós, acerca de Judá e Jerusalém. 2No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as gentes, 3e os povos virão em multidão: Vinde, dirão eles, subamos à montanha do Senhor, à casa do Deus de Jacó: ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas. Porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém, a palavra do Senhor. 4Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se arrastarão mais para a guerra. 5Casa de Jacó, vinde, caminhemos à luz do Senhor. - Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial(121)
REFRÃO: Que alegria quando me disseram: / "Vamos à casa do Senhor!"
1. Cântico das peregrinações. De Davi. Que alegria quando me vieram dizer: Vamos subir à casa do Senhor... Eis que nossos pés se estacam diante de tuas portas, ó Jerusalém! - R.
2. Jerusalém, cidade tão bem edificada, que forma um tão belo conjunto! Para lá sobem as tribos, as tribos do Senhor, segundo a lei de Israel, para celebrar o nome do Senhor. - R.
3. Por amor de meus irmãos e de meus amigos, pedirei a paz para ti. Por amor da casa do Senhor, nosso Deus, pedirei para ti a felicidade. - R.
Evangelho: Mateus 8, 5-11
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus - Naquele tempo, 5Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito. 7Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei. 8Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado. 9Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz... 10Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel. 11Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, - Palavra da salvação.
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Homilia - Pe Bantu
Lucas tem, ao escrever o evangelho e os Atos, um fio condutor que permeia as duas obras: trata-se da nova história que Jesus inaugurou com os pobres e oprimidos e que continua na práxis dos primeiros cristãos. A nova história não passa pelos poderosos deste mundo, que perseguem Jesus e seus discípulos. O evangelista apresenta o fim desse sistema e a caminhada resistente dos que aderiram a Jesus para construir com ele história e sociedade novas. Esses versículos foram chamados de “discurso escatológico”. O autor escreve em estilo apocalíptico, forma privilegiada, naquele tempo, para suscitar ânimo e resistência nos momentos em que os conflitos se tornam mais agudos.
Já vimos no versículos 5 -11 o fim do sistema injusto e o disciernimento em tempos de tribulações. Quando Lucas escreveu o evangelho, Jerusalém e o Templo já haviam sido destruídos pelos romanos. Aquele sistema opressor – instalado no Templo e sustentado pelo Sinédrio, que levou Jesus à morte e perseguiu os primeiros cristãos – havia acabado. É próprio da linguagem apocalíptica tomar fatos passados e mostrá-los como ainda não acontecidos, com a finalidade de animar a resistência dos que são perseguidos diante de novos conflitos. Disso nasce uma constatação: a comunidade cristã que, a exemplo do Mestre, pôs o centro de atenção nos pobres e oprimidos, sobrevive àquela catástrofe que se abateu sobre o suporte da sociedade injusta, ou seja, sobrevive à destruição do Templo e de Jerusalém. Assim, a perspectiva futura fica aberta: cedo ou tarde todos os sistemas iníquos virão abaixo. Resta saber até quando continuará a sucessão desses sistemas.
Os ouvintes do Mestre querem saber quando os sistemas de morte vão deixar de existir e qual vai ser o sinal de que essas coisas estão para acontecer. Mas Jesus não veio satisfazer a curiosidade das pessoas. Ao quando ele responde com um convite ao discernimento: “Cuidado para não enganarem a vocês, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ – e ainda: ‘O tempo chegou!’ Não sigam essa gente!” O discernimento supõe posicionamento diante das catástrofes descritas nos: em primeiro lugar, elas não são o fim do mundo; em segundo lugar, expressam o desejo latente nos povos por liberdade e vida: “Um povo lutará contra outro povo, um país atacará outro país”. Além disso, essa afirmação de Jesus quer mostrar que os sistemas baseados na força e na intimidação acabarão se destruindo mutuamente. Em terceiro lugar, fazem nascer a esperança numa sociedade fraterna e justa. De fato, na linguagem apocalíptica, os abalos cósmicos - terremotos etc - não são anúncio de catástrofes naturais. Pelo contrário, são indicações de que algo totalmente novo está sendo gestado na história, e esse novo não tardará em se manifestar.
Agora Ele fala da resistência inteligente desmonta os sistemas de morte. “Antes que essas coisas aconteçam, vocês serão presos e perseguidos; serão entregues aos tribunais dos judeus e postos na prisão; serão levados diante de reis e governadores por causa do meu nome”. A resistência inteligente dos discípulos de Jesus tem poder de desmontar os sistemas que geram opressão e morte. Escrevendo o evangelho, Lucas tem presente o que já aconteceu com as primeiras comunidades: os discípulos diante do Sinédrio, a morte de Estêvão e Tiago, a resistência de Paulo etc. Esses acontecimentos, apesar de terem custado a vida de alguns, apontam para a nova sociedade que vai tomando corpo: “Assim vocês poderão reafirmar a sua fé”.
A resistência dos cristãos há que ser inteligente e cheia de esperança, pois Jesus está com eles, dando-lhes uma linguagem à qual nenhum inimigo poderá resistir ou rebater. Isso faz lembrar a criatividade de nossos movimentos populares, que geram uma sociedade alternativa com seu modo de ser e de agir. Há que ser, também, uma resistência solidária na comunidade dos que têm fé, a nova família de Jesus (cf. 8,21), pois os cristãos correm o risco de ser entregues pelos familiares. É, ainda, uma resistência realista, consciente de que “todos vão odiá-los e matar alguns de vocês”. Há que ser, finalmente, uma resistência esperançosa, pois é permanecendo firmes que iremos ganhar a vida .
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