domingo, 27 de novembro de 2011

1º DOMINGO DO ADVENTO.


“A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não
seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não
será desiludido quem em vós espera” (cf. Sl. 24,1 ss)
Chegamos ao início de mais um ano litúrgico, o ano chamado A, dedicado ao estudo do Evangelho de são Mateus. Assim começamos o chamado tempo do Advento. O que vem a ser o Advento? O Advento quer dizer espera das coisas que hão de vir. E o centro destas coisas é Jesus Cristo, o Salvador da humanidade. Advento é o tempo propício de espera. Espera que deve estar unida à esperança, à doce esperança dos cristãos contra toda a esperança humana.
Advento que nos ensina a esperança. Esperamos Aquele que já está conosco, que está no meio de nós, por isso cantamos: “O Senhor esteja convosco! R. Ele Está no meio de nós!”. Realmente Jesus está no meio de nós, caminhando na história e sendo o início e o fim da vida humana.
Somos chamados neste ano a estudar, refletir e viver o Evangelho escrito pelo evangelista Mateus. Com Mateus caminharemos neste ano chamado de ano litúrgico A. Para entender bem o Evangelho de São Mateus é necessário termos presentes as cinco linhas mestras de seu Evangelho: o Sermão da Montanha, o discurso sobre a missão dos apóstolos, o discurso sobre as parábolas do Reino de Deus, o discurso sobre a instrução dos apóstolos e o discurso escatológico, isto é, sobre as últimas coisas que acontecerão com o homem e a mulher.
A escatologia será o tema principal dos quatro domingos do Advento, nos preparando assim para o Natal. Temos que ter presente que a escatologia é o tratado da teologia que estuda as últimas coisas que acontecerão ao homem. Costuma-se mencionar a morte, o juízo, o inferno e o paraíso. Seriam os novíssimos, porque aos olhos dos homens seriam as ultimas coisas que nos aconteceriam. Mas no contexto de Deus são as coisas primeiras, porque trata do destino de nossa vida na vida que nos é reservada depois de nossa jornada neste vale de lágrimas.
Refletimos hoje sobre a parusia. Parusia que é a vinda de Jesus glorioso conforme a palavra de são Paulo apóstolo: “Que todo o vosso espírito, toda a vossa alma e corpo se conservem sem mancha para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”(Cf. 1Tes. 5,23). Trata-se do encontro pessoal entre o homem e o Cristo salvador. É o Natal do homem que entendeu e viveu o Natal de Jesus. É a realização plena de todas as promessas.
A primeira leitura (cf. Is. 2,1-5) nos mostra a utopia messiânica e o caminho dos homens ao recinto de Deus. Sião é o lugar da presença de Deus. Para aí subirão as nações no tempo messiânico, para procurar a Palavra e a Sabedoria de Deus. Profecia proclamada pelos anos 700 a.C; o profeta já não espera a salvação da estratégia política e militar, mas do Deus de Sião e do universo.

A segunda leitura (cf. Rm. 13,11-14) são Paulo aduz que todos somos convidados a levantar do sono, pois a salvação está perto. Com a vinda de Cristo, chega o “dia” decisivo: a luz do “dia” brilha para todos os homens. Desde nosso nascimento no batismo, vivemos para o dia que agora chegou: o dia do encontro com Cristo. Sua luz orienta nossa vida.

O Evangelho de hoje (Mt. 24,37-44) mostra o vigilante dono da casa, na expectativa escatológica. O Filho do Homem virá arrematar a história e julgar toda a existência, mas ninguém conhece a hora. Apesar dos presságios, Ele vem de repente.
A decisão de seguir a Jesus e ter acesso à vida eterna é uma decisão muito pessoal que o fiel deve tomar com toda a sua liberdade. Vive plenamente o Natal o homem e a mulher que se define pelo Cristo, a partir do momento em que a pessoa se define pelo Ressuscitado, que já está em nosso meio, que vem e já veio para a salvação de todos.
Somos chamados hoje para que prestemos atenção a tudo que nos envolve e em nossas vidas, em nossas atitudes, no nosso cotidiano. Somos chamados a fazer um doce exame de consciência a respeito de nossa vida e de nossas atitudes. Somos chamados a nos contrapor a nossa caminhada. Devemos estar vigilantes, porque não sabemos nem o dia e nem a hora que o Senhor virá ao nosso encontro.
A necessidade da vigilância é reforçada com a lembrança do dilúvio, que purificou a terra. O advento deve purificar a nossa vida para viver bem o Natal. Como o dilúvio veio à morte também virá e é uma certeza inexorável. Como Deus salvou Noé por causa da fé e da fidelidade, também salvará os que crerem em Jesus e forem fiéis aos seus ensinamentos.
O homem tem um víeis para a eternidade. O homem encontra a felicidade no tempo, preparando-se assim para a eternidade. O homem encontra o equilíbrio na vida presente e efêmera, construindo a vida futura, a definitiva, e eterna junto de Deus. Isso é a doce vigilância que é o centro da liturgia deste domingo.
Vigiar com compromisso, com ardor missionário que passa não só pela individualidade, mas, sobretudo, pela vigilância que quer significar um compromisso com a nova evangelização, um compromisso missionário renovador e santo. Vamos, pois, construir o Reino de Deus aqui e agora fazendo dos mistérios da salvação o quotidiano da nossa futura salvação.
O Advento nos desperta três atitudes: 1. Ficai preparados; 2. Esperar o Cristo e 3. Esperar o Senhor da Paz.
Assim devemos ser vigilantes, agindo com prudência e desapego, esperando o Cristo. Entretanto Cristo não pode ser programado: deve ser esperado; devemos deixar em nossa vida espaço para a sua presença. A vigilância cristã permite ler em profundidade os fatos para neles descobrir a “vinda” do Senhor. Exige coração suficientemente missionário para ver essa vinda nos encontros com os outros.
O Senhor Jesus não vem no meio do ruído, não se encontra na agitação e na confusão. Veio na paz e para a paz. A hora de Deus chega até nós, porque cada instante da nossa vida contém a eternidade de Deus. É preciso não nos basearmos unicamente na sabedoria humana, e não esperarmos uma intervenção ostensiva da parte de Deus. É no momento atual que é dada a salvação. Toda opção que se faz no presente, entre a luz e as trevas, é um sinal da vinda do Filho do Homem.
Vigilantes, acordados, livres, vamos caminhando na “luz do Senhor”, conforme nos recorda o profeta Isaías na primeira leitura ou como nos lembra o apóstolo Paulo na segunda leitura, que nos pede coragem de deixar o mundo do pecado e das trevas para praticar o bem, a caridade e o amor.
Bom advento a todos! Que todos possamos viver unicamente o amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo.



padre Wagner Augusto Portugal - www.catequisar.com.br

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