sábado, 5 de fevereiro de 2011

POBRES SIM. POBREZA NÃO.


O evangelista São Mateus no capítulo 5, 1-12, relata o prólogo do Sermão da Montanha. Este sermão é uma inversão dos valores tradicionais. Os hebreus cultivavam a convicção de que a prosperidade material e o sucesso eram sinais de benção de Deus e a pobreza e a esterilidade, sinais de maldição.

Jesus muda esta lógica. Agora os "bem aventurados" não são mais os ricos deste mundo, os saciados, os favorecidos, mas os que têm fome e choram, os pobres e os perseguidos.

As nove bem-aventuranças estão resumidas na primeira: "bem-aventurados os pobres"... "pobreza" é um conceito que engloba muitos aspectos: econômico, social, cultural, espiritual, carência de dignidade e de direitos humanos, privação da liberdade, negação da voz e do voto, exploração, injustiça, opressão, enfermidade.

O primeiro pobre foi Jesus que, sendo Deus, não encontrou lugar nas hospedarias e morreu pobre, despojado de tudo. O Mestre submeteu-se a este caminho por obediência ao Pai a fim de dar-nos vida e dignidade nesta terra e uma eternidade feliz.

Onde existe riqueza existe poder, honrarias, privilégios, e com frequência, excluídos. Este estilo de vida contradiz as exigências evangélicas da humildade, da renúncia, da igualdade, do amor solidário. Vele sempre recordar que a Palavra diz que é mais "fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino".

O discurso de Jesus é claro, objetivo e, suas exigências, um imperativo que determina os passos do seguimento Dele. Assim as bem-aventuranças constituem um conjunto de normas e conduta para todos os cristãos, todos aqueles que se decidem seguir Jesus, custe o que custar.

Essas normas são para serem vividas, principalmente em nível pessoal. A dimensão comunitária vem como consequência, pois ninguém é uma ilha. Tanto que para vir a este mundo precisamos de duas pessoas.

O meu testemunho de fidelidade no seguimento do Mestre Jesus, será para os meus companheiros de viagem na comunidade, estímulo e encorajamento. Na medida em que persevero como indivíduo na prática evangélica, com certeza faço crescer em todo o corpo eclesial, a graça da fidelidade.

No caminho de seguimento do Mestre Jesus, não faltará provações e obstáculos. O primeiro e maior perigo é o desânimo. Aliás, isso ocorre não só em relação as exigência do ser cristão, como também na vida concreta do dia a dia.

O desânimo é o desafio número um de todo o empreendedor. Por mais competente ou sábio que a pessoa seja, não faltará ocasiões em que tudo parece não dar certo para ela. É por isso que na maioria das vezes não progredimos em nossos propósitos.

Na falta de vermos resultados imediatos, deixamos de lado o fundamental e decisivo. Portanto, vale recomeçar sempre com um coração de pobre, livre e desapegado de tudo e todos, para correr ao encontro daquele é a verdadeira riqueza: o pobre de Nazaré, o Homem Deus, que Se fez humano para eternizar a humanidade. Pobre sim, pobreza não.

Por: Dom Anuar Battisti

Fonte: CNBB

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