sexta-feira, 25 de abril de 2014

LITURGIA DIÁRIA - PESCADORES DE PESSOAS.

Primeira Leitura (At 4,1-12)
Leitura dos Atos dos Apóstolos.
Naqueles dias, depois que o paralítico fora curado, 1Pedro e João ainda estavam falando ao povo, quando chegaram os sacerdotes, o chefe da guarda do Templo e os saduceus. 2Estavam irritados porque os apóstolos ensinavam o povo e anunciavam a ressurreição dos mortos na pessoa de Jesus.
3Eles prenderam Pedro e João e os colocaram na prisão até o dia seguinte, porque já estava anoitecendo. 4Todavia, muitos daqueles que tinham ouvido a pregação acreditaram. E o número dos homens chegou a uns cinco mil.
5No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém os chefes, os an­ciãos e os mestres da Lei. 6Estavam presentes o sumo Sacerdote Anás, e também Caifás, João, Alexandre, e todos os que pertenciam às famílias dos sumos sacerdotes. 7Fizeram Pedro e João comparecer diante deles e os interrogavam: “Com que poder ou em nome de quem vós fizestes isso?”
8Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, disse-lhes: “Chefes do povo e anciãos: 9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos — que este homem está curado, diante de vós. 11Jesus é a pedra, que vós, os construtores, despre­zastes, e que se tornou a pedra angular.
12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens pelo qual possamos ser salvos”.

Responsório (Sl 117,1-27a)
— A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.
— A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular.
— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom! “Eterna é a sua misericórdia!” A casa de Israel agora o diga: “Eterna é a sua misericórdia!” Os que temem o Senhor agora o digam: “Eterna é a sua misericórdia!”
— “A pedra que os pedreiros rejeitaram, tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, ale­gremo-nos e nele exultemos!
— Ó Senhor, dai-nos a vossa salvação, ó Senhor, dai-nos também prosperidade!” Bendito seja, em nome do Senhor, aquele que em seus átrios vai entrando! Desta casa do Senhor vos bendizemos. Que o Senhor e nosso Deus nos ilumine!
 
Evangelho (Jo 21,1-14)
 
Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros discípulos de Jesus.
3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e acha­reis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu uma roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar.
8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

 Reflexão

Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
Este Evangelho narra a primeira parte da aparição de Jesus ressuscitado à beira do mar de Tiberíades.
“Pedro disse: Eu vou pescar. Os outros disseram: Também vamos contigo.” Na verdade, eles estavam desistindo da missão recebida de Jesus, e estavam voltando à antiga profissão de pescadores. Os discípulos estavam tão desanimados que nem reconheceram Jesus, que estava em pé na margem, apenas a cem metros deles. Se Jesus não tivesse aparecido, talvez acontecesse ali o primeiro passo do fim de todo o seu projeto!
“Mas não pescaram nada naquela noite.” A pesca não estava dando certo, porque eles estavam fora do seu lugar no plano de Deus. Agora são pescadores de pessoas para Deus! Se abandonamos a nossa vocação, ficamos deslocados no mundo e começamos a andar torto como cachorro, ou como carro sem alinhamento.
Tanto a barca como a pesca e a rede têm um simbolismo missionário. São detalhes que apontam para uma missão continuada, de Cristo para os discípulos e deles para nós. Obedecendo a Cristo, a nossa pesca será abundante.
As aparições de Jesus ressuscitado foram suportes para a Igreja nascente. Por si, não era mais a vez de Jesus em seu corpo físico. Agora é a vez do seu Corpo Místico, a Igreja. Mas ele teve de intervir algumas vezes, para apoiar os discípulos e recolocar as coisas no seu lugar.
“Lançai a rede à direita da barca, e achareis.” Quando obedecemos à Palavra de Deus, a pesca da vida se torna abundante, quer dizer, a nossa vida fica frutuosa. Quando fazemos a vontade de Deus, até a natureza colabora.
Agora, é importante obedecer à voz de Deus, como fizeram os Apóstolos, que obedeceram apesar de ter se esforçado a noite inteira sem nada pescar.
“É o Senhor!” Todos amavam a Jesus; mas João o amava mais, por isso o reconheceu antes dos outros. O reconhecimento de Jesus é fruto do nosso amor a ele. Se tivermos a humildade de o termos como “o nosso Senhor”, com certeza ele se manifestará a nós.
Apesar de tão grande número de peixes e de a rede ser arrastada na areia, ela não se rompeu. Obedecendo a Cristo, não só a pesca é abundante, mas a rede não se rompe, isto é, a Comunidade permanece unida, dentro de sua pluralidade.
Outro gesto que admiramos é o de Pedro ao pular na água para aproximar-se mais depressa de Jesus. A sua pressa era tanta que não suportou esperar a lentidão do barco.
“Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe”. A redação repete o ritual da multiplicação dos pães, e também o da Última Ceia. O peixe é símbolo de Cristo. A mensagem é clara. Com o gesto, Jesus está dizendo: eu continuo no meio de vocês, na Eucaristia, com a mesma força e com as mesmas graças que eu tinha antes!
Certa vez, uma garotinha entrou numa loja de jóias. Olhou as vitrines e, quando viu um colar de turquesa azul, seus olhinhos brilharam. O dono da loja estava observando do balcão.
Ela chegou para ele e disse: “O senhor podia embrulhar aquele colar ali? É para minha irmã mais velha. Desde que minha mãe morreu, ela cuida de nós, e hoje é aniversário dela”.
O dono da loja olhou desconfiado para a menina, e perguntou: “Quanto de dinheiro você tem?” Ela, sem hesitar, tirou do bolso da saia um lenço todo amarradinho e foi desfazendo os nós. Colocou-o sobre o balcão, feliz, e perguntou: “Isso dá?” Eram apenas algumas moedas!
O homem foi para o interior da loja, colocou o colar em um estojo, embrulhou com um vistoso papel vermelho e fez um laço caprichado com uma fita verde. “Tome” – disse para a garota. – Leve com cuidado!” Ela saiu feliz, saltitando pela rua abaixo.
Ainda não acabara o dia, quando uma linda jovem apareceu na loja. Colocou sobre o balcão o já conhecido embrulho e perguntou: “Este colar foi comprado aqui?” “Sim”, respondeu o dono. “E quanto custou?” “Ah!” – falou o senhor – “o preço de qualquer produto da minha loja é sempre um assunto confidencial entre o vendedor e o cliente”. A moça continuou: “Mas minha irmã tinha somente algumas moedas!”
O dono pegou o estojo, refez o embrulho com carinho, devolveu-o à jovem e disse: “Parabéns a você! Não só pelo aniversário, mas pela dedicação aos seus irmãozinhos! Este presente de sua irmã é também meu”.
O silêncio encheu a pequena loja, e duas lágrimas rolaram pela face da emocionada jovem, enquanto suas mãos tomavam o pequeno embrulho.
O nosso amor de Cristo se manifesta de muitas e diversas formas: reconhecendo-o de longe, pulando na água para encontrá-lo mais depressa, cuidando dos irmãos na falta da mãe, comprando um presente valioso com apenas algumas moedas, compreendendo e participando do sentimento de gratidão de uma criança...
Que Maria Santíssima, a Mãe da Igreja, nos anime a lançar as redes, agora no terceiro milênio, na certeza de que, obedecendo ao seu Filho, a pesca será abundante. Que tenhamos a coragem da fé, a alegria da esperança e a força do amor.
Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe.
 
 
 
Pe Queiroz

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