segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O QUE É O PERDÃO?

 
Quan­do chegarmos à maturidade espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da perfeição cristã. E uma prova de fogo!

Um dos mais profundos ensinamentos que Jesus nos dei­xou no Sermão da Montanha (Mateus, capítulos 5,6 e 7), foi sobre a perfeição cristã, que se revela no perdão e na misericórdia.

Quando Jesus ensinou: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,45), Ele revelou que a perfeição cristã deve levar-nos ao extremo do amor isto é, “amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem”(Mt 5,44). Em seguida, Jesus completa:

“Deste modo sereis os fi­lhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,45).

E, como se não bastassem essas palavras para nos convencer da necessidade da misericórdia para com os “maus”, Jesus vai mais fundo ainda e pede mais:

“Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos que fazeis de extraordi­nário? Não fazem isto também os pagãos?” (Mt 5,47).

Essas palavras nos ensinam que não há mérito em amarmos os amigos e irmãos, e não haverá recompensa por isso; mas que o mérito, a perfeição cristã, a novidade de vida, está em amarmos e respeitarmos também os maus, os inimigos, aqueles que nos ofenderam.

É impressionante como Jesus exige de nós, radicalmente, a vivência do perdão:

“Tendes ouvido o que foi dito: ‘Olho por olho, dente por dente. ‘Eu, porém, vos digo: ‘Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra’ ” (Mt 5,38-39).

Jesus nos proíbe qualquer tipo de vingança, represália ou violência, como resposta às ofensas recebidas. A razão é simples: somos todos filhos do mesmo Pai; assim, Deus não suporta que um dos Seus filhos negue o per­dão a um dos irmãos.

Quan­do chegarmos à maturidade espiritual de dar o perdão aos inimigos, então estaremos perto da perfeição cristã. E uma prova de fogo!

E claro que não é fácil perdoar; se fosse, não teríamos mé­rito algum. Por nossas próprias forças não conseguiremos per­doar; necessitamos da graça e da ajuda de Deus. As vezes, pre­cisamos olhar fixo para Cristo sangrando na cruz e invocar o Seu preciosíssimo Sangue, a fim de termos força para perdoar.

Não nos esqueçamos de que foi na paixão e na cruz que o Se­nhor nos deu a maior prova de como perdoar aos inimigos: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34a). Ninguém perdoou tanto como Jesus. Na cruz, Ele provou com atos o que ensinou no Sermão da Montanha com palavras.

A única exigência que Deus faz para perdoar todos os nossos pecados, quaisquer que sejam, é que, além de arrependidos dos mesmos, tenhamos perdoado aos que nos ofenderam. Disse Jesus:

“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas, se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará ” (Mt 6,14).

Essas palavras são claras demais, dispensam qualquer explicação. E Jesus vai mais longe ainda e garante que Deus não aceita a oferta daquele filho que negar o perdão ao irmão:

“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do aliar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti’ deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então, vem fazer a tua oferta” (Mt 5,23-24).

Também no “Pai Nosso”, a oração que saiu do coração de Jesus, Ele exige: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós per­doamos aos que nos ofenderam” (Mt 6,12)

Fico impressionado com o número de vezes que Jesus fala da necessidade do perdão. Quando Pedro lhe per­guntou:

“Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes ? Respondeu Jesus: Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete’ ” (Mt 18,21b-22).

A resposta de Jesus a Pedro é clara: perdoar sempre, porque Deus está pronto a perdoar sempre. Para ser mais claro ainda, para que Pedro e os discípulos entendessem bem a necessidade do per­dão, Jesus contou aquela parábola do empregado a quem o patrão tinha perdoado uma dívida de “dez mil talentos” de ouro (cada talento eqüivalia a 36 quilos!). Uma dívida impagável! E, no entanto, aquele empregado, cuja dívida impagável fora per­doada, não perdoou a um devedor que lhe devia apenas cem denários (salário de cem dias de um trabalhador simples). Então, o patrão entregou aquele “servo mau” aos algozes até que pagasse toda a dívida. E, concluindo a parábola, Jesus adverte:

“Assim vos tratará meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão, de todo seu coração” (Mt 18, 35).

Precisamos perdoar ao irmão de todo o coração – é a exigência de Jesus. Deixemos a justiça e a vingança para Deus; Ele fará cumprir toda a justi­ça. Não podemos querer executá-la com as nossas próprias mãos; elas também ficariam sujas de sangue.

Ensinando sobre isso aos cristãos de Roma, São Paulo dis­se-lhes:

“Abençoai os que vos perseguem; abençoai-os e não os praguejeis (…). Não pagueis a ninguém o mal com o mal (…) Não vos vingueis uns aos outros, caríssimos, mas deixai agir a ira de Deus, porque está escrito: ‘A mim a vingança; a mim exercer a justiça, diz o Senhor ” (Rm 12,14.17a.19).




Fonte: ALETEIA

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