quarta-feira, 2 de março de 2011

QUEM NOS DÁ FELICIDADE?


Chama-me atenção o desejo, a luta e a busca de felicidade que o mundo vive atualmente. É próprio do homem desejar ser feliz. Todos nós trazemos este anseio no mais profundo do nosso coração. E é óbvio que isso não é estranho nem errado, já que fomos criados por um Deus feliz, um Deus de amor!

Lendo as poesias de Santa Teresinha houve em particular uma que me chamou atenção por se chamar “Minha alegria” (P 45). No decorrer dessa poesia Teresinha diz: “Jesus, minha alegria é te amar!” Mudando um pouco as palavras, se Teresinha me permitir: “Jesus, minha felicidade é te amar!”

“O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Ele; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”

O mais doloroso é ver que nessa busca frenética, desordenada e por vezes irresponsável pela felicidade, acabamos invertendo a ordem das coisas.

Deus é felicidade, Deus é Amor! Se olharmos com atenção veremos que não vivemos assim, não perguntamos: Quem é Deus? E assim poderíamos dizer: Deus é amor. Deus é felicidade. Alegria. Paz... Ao contrário, perguntamos: O que é felicidade? O que é amor? Então, vendo as coisas desse ponto de vista podemos deixar livre para cada um dizer o que pensa e o que acredita ser felicidade, o que é amor e por aí vai.

Se alguém, por acaso, lembrar, pode citar Deus, se não lembrar, não faz mal porque amor e felicidade podem ser tanta coisa: poder, bom emprego, sexo, dinheiro... Deus é mais um item dessa vasta lista. Infelizmente, no final encontraremos “as cisternas rachadas que não retêm água”. Homens, mulheres, jovens, crianças, casais que não têm expressão, apáticos, não realizados porque procuram a felicidade da forma errada e acabam encontrando uma felicidade vã e passageira.

A verdadeira felicidade não consiste simplesmente na satisfação das nossas necessidades pessoais. Quando buscamos a Deus encontramos o amor, a felicidade, a paz, no entanto, nem sempre buscando a felicidade encontramos Deus. Não podemos dissociá-Lo da nossa felicidade. Ele é o único capaz de fazer-nos plenamente feliz. Ele é o Fim, o Absoluto! Os meios são faíscas da grande centelha de amor que Ele pode nos dar.

“Deus é amor!” Deus só sabe amar. Freqüentemente compreende-se felicidade como prazer e gosto. Na verdade, em muitas circunstâncias da nossa vida podemos experimentar a felicidade mesmo que ela não esteja associada ao prazer ou a sentimentos. Se temos ainda dúvidas, lembremos do crucificado e também de tantos santos. Do amor imolado, ofertado, dilacerado, sacrificado...

A nossa vida não é filme de Hollywood, nem novela das 20h, nossa felicidade não consiste em ter um corpo atlético, o carro do ano, o filho que contra tudo e todos eu tenho que ter. Esses exemplos podem funcionar no mundo das telas, mas no mundo “real” o amor se encarna de outro modo, a felicidade acontece mais no dar do que no receber, no acolher, perdoar e suportar, carregar o outro. Amar não é satisfação, é doação!

“As bem-aventuranças respondem ao desejo natural de felicidade. Esse desejo é de origem divina: Deus o colocou no coração do homem a fim de atraí-lo a si, pois só Ele pode satisfazê-lo.

Felicidade não é ausência de problemas, lutas e combates. A vida de ninguém é um contínuo sucesso. A pequena Teresa era órfã, seu pai (seu rei, como ela chamava) era muito doente, sua saúde era frágil, o seu Carmelo era pequeno fisicamente para uma jovem que queria percorrer o mundo, mas a alegria de Teresa estava no seu coração. Talvez possamos pensar ao ler sua autobiografia que ela era uma louca, alienada, mentirosa, porque fala de uma realidade que pode contradizer o aparente, mas o seu coração era dilatado pela presença de Deus.

“Existem almas nesta terra
Que em vão buscam a felicidade
Mas para mim, é bem o contrário:
A alegria está no meu coração.” (P 45)

Precisamos ter a coragem de derrubar os muros do medo e da superficialidade para chamar de felicidade e amor o que verdadeiramente são. A nossa vida não é um conto de fadas. É uma história de mistério que teve origem em Deus.

O ser humano, o homem é nobre, é a única criatura que Deus quis por si mesma. Temos um chamado à profundidade, e não é qualquer coisinha, qualquer informação, estereótipo, moda, música que irá nos deprimir. Somos nobres! Somos grandes! Somos filhos de Deus. Essa grandeza precisa ser reconhecida e submetida ao senhorio de Cristo.

Não tenhamos medo de dizer que somos felizes, porque a felicidade não consiste numa fórmula secreta, uma utopia ou um “preço que temos que pagar”. A felicidade é uma pessoa: Jesus Cristo, e Ele está dentro de nós. A dor não é o nosso fim último; a felicidade é o nosso fim último.
Façamos nossa a oração do salmista.

“Filho dos homens, até quando fechareis o coração?
Por que amais a ilusão e procurais a falsidade...
Muitos há que se perguntam: ‘Quem nos dá felicidade?’
Sobre nós fazeis brilhar o esplendor de Vossa face!
Vós me destes, ó Senhor, mais alegria ao coração, do que a outro na fartura do seu trigo e vinho novo.” (Sl 4).


Fonte: Revista Shalom Maná
Márcia Fernanda Moreno dos Santos , Shalom Maná

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