sábado, 19 de março de 2011

A ETERNIDADE DE DEUS.


Diante da transitoriedade da vida humana nesta terra considerar a eternidade de Deus, repleta o ser racional de íntima alegria. Com efeito, ele marcha a cada instante para uma eternidade feliz junto deste Ser Eterno que o criou e o aguarda na Jerusalém celeste. Cristo afirmou claramente que os justos irão para a vida eterna. (Mt 25,46). O fundamento desta existência perene no Reino de Deus é que Ele é Eterno.

Lemos nos salmos: “Antes que surgissem os montes e nascesse a terra e o orbe, desde a eternidade tu és, ó Deus (Sl 90,2). “Mil anos, a teus olhos, são como o dia de ontem que passou como a vigília duma noite” (ib., 4); terra e céus, criados por Deus, perecerão, “mas tu permanecerás, tu és sempre o mesmo e teus anos não têm fim” (Sl 102,26-28). Está no Apocalipse “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus: que é, que era e que será, o todo-poderoso” (Ap 1,8). É um equívoco imaginar a eternidade de Deus como uma duração sem fim, uma sucessão interminável de anos, de séculos, pois não se trata duma sucessão interminável de tempo. É uma duração sem princípio nem fim, sem passado nem futuro, apenas presente. No caso da felicidade eterna daquele que chegar ao céu será a posse total, simultânea, perfeita, duma vida sem fim.
O homem foi criado, mas Deus é eterno, isto é, sem início nem fim, não sujeito ao tempo: Ele simplesmente é. Diz Davi: “Deus existe desde toda a eternidade e durante toda a eternidade” (Sl 89). O ter início implica imperfeição e Deus cessaria de ser imutável. Ora, Deus não pode mudar porque não pode adquirir, perder, trocar em nada. O homem existe desde milhares de anos, mas houve um primeiro homem. O mundo começou. Deus sempre existiu. Para ele o tempo não existe. Como bem se expressou o douto Bispo de Hipona Santo Agostinho, “não depende do tempo Aquele que fez o tempo”. Ele possui a plenitude da vida num único eterno presente. Nele a essência coincide com a existência. Nele tudo é eterno. É o próprio Ser subsistente por si mesmo. Apenas Deus é imutável e eterno por natureza.

O ser racional está submetido às vicissitudes do tempo, porque é um ente criado, mas que encontra no seu Criador o único ponto firme de apoio, uma real participação de sua eternidade. O que nem sempre se lembra é que cada homem e cada mulher são eternos na mente de Deus, pois este desde todo sempre amou aqueles que ele criaria num gesto de suma benevolência. Por isto o homem e a mulher são portadores de valores imperecíveis, sendo a graça santificante a participação do batizado na vida eterna de seu Senhor. Eis porque se diz com toda razão que o pecado conduz a uma morte eterna.
Diante de todas os reflexos a atitude de quem tem fé é inteiramente diferente da que pensam os ateus, os panteístas que afirmam que com a morte tudo acaba. Para quem acredita nas verdades bíblicas, na revelação do próprio Deus, o pensamento da eternidade é força para resistir às tentações e suas ilusões. Não se pode colocar em jogo uma felicidade sem fim! Daí a fuga das ocasiões de pecado, sabendo cada um que a luta é passageira, mas o prêmio das boas obras é perene. A morte para o verdadeiro cristão é um nascimento para uma venturosa eternidade na casa do Pai. Lá uma recompensa perfeita, estável, permanente. Como bem se expressou São Paulo: “Os sofrimentos da presente vida não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rm 8,18). São João outrossim é claro “O mundo passa e assim também a sua concupiscência. Mas quem faz a vontade de Deus vive eternamente” ( 1 Jo 2,17). O tempo é um prólogo muito breve para um livro eterno. Donde o conselho paulino: “Enquanto temos tempo façamos o bem” (Gl 6,10). Donde ser de bom alvitre repetir a Jesus: “Na hora de minha morte, chamai-me e mandai-me ir para vós para que vos louvo por toda a eternidade”.
* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.




Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Local:Mariana (MG)


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