Martírio do padre francês: a batalha entre as trevas e a luz, desta vez em pleno altar da nossa adoração.
A batalha entre as trevas e a luz, que tem sido travada desde o Éden,
se torna ainda mais visível, desta vez em pleno altar da nossa
adoração.
O grupo fanático Estado Islâmico (EI) reivindica a responsabilidade
pelo covarde assassinato de um padre de 86 anos de idade, que celebrava a
Santa Missa em uma igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na Normandia.
Entrando pela porta traseira da igreja, dois homens gritaram fidelidade
ao grupo terrorista e iniciaram seu ataque.
O pe. Jacques Hamel, nascido em 1930 em Darnétal e
ordenado sacerdote em 1958, era vigário da paróquia de
Saint-Etienne-du-Rouvray e tinha celebrado seu jubileu de ouro em 2008.
Além dele, também foram feitas reféns duas freiras e dois fiéis. Outra
freira conseguiu escapar e chamar a polícia.
A garganta do padre foi cortada. Um dos fiéis, atacado da mesma forma hedionda, está em estado crítico.
O presidente François Hollande, que qualificou o ataque terrorista de “vil”, disse que o Estado Islâmico “declarou
guerra contra nós. Temos de lutar essa guerra com todos os meios,
respeitando o Estado de direito – que é o que nos torna uma democracia“.
“O Papa foi informado e sente a profunda dor e horror desta
violência absurda. Ele condena vigorosamente todas as formas de ódio e
reza pelas pessoas atingidas“, disse em nome de Francisco o
porta-voz do Vaticano, pe. Federico Lombardi, acrescentando que este
ataque nos fere com ainda mais força “porque esta horrível violência ocorreu em uma igreja, um lugar sagrado em que o amor de Deus é anunciado“.
O jornal britânico The Sun informou que a igreja era um dos
locais de culto católico mencionados numa lista negra descoberta em
abril de 2015 em posse de um suspeito ligado ao EI.
Jean Duchesne, diretor executivo da Academia Católica da França e um dos fundadores da edição francesa da revista Communio, escreveu:
“O que acaba de acontecer em Saint-Étienne-du-Rouvray só pode
provocar horror e indignação diante de tamanho ódio covarde, cruel e
estupidamente suicida. Depois de tantos ataques terroristas na França,
mas também na Alemanha, é possível notar que, neste caso, os lunáticos
não mataram completamente às cegas.
Até agora (…) os fanáticos vinham atacando certa ideia
lisonjeira que os nossos cidadãos têm de si mesmos: a iconoclasta
insolência do Charlie Hebdo, o culto pagão do esporte no Stade de
France, a alegre mundanidade do Bataclan e dos cafés de Paris, os fogos
de 14 de julho em Nice para celebrar uma revolução que promoveu ideais,
mas que também produz o que há de pior (…)
Mas aqui, hoje, é algo completamente diferente. A condenação não
era ao Ocidente em geral, nem à sua complacente e egoísta prosperidade,
que pode parecer insultante aos pobres do mundo. Este foi um ataque à
raiz da civilização europeia, à nossa fonte vivíssima (…): a celebração
da Missa.
Devemos, portanto, perguntar: será que os franceses (e o mundo)
se identificam com essas vítimas? Um padre idoso brutalmente
assassinado, um punhado de fiéis e freiras? Será que vamos nos atrever a
dizer ‘Je suis le père Jacques Hamel’, como foi proclamado e repetido
massivamente aquele ‘Je suis Charlie Hebdo’?
Os cristãos só podem estar chocados e indignados, como qualquer
ser humano civilizado, mas também abalado porque agora estão autorizados
a pensar que as suas assembleias eucarísticas entraram na mira de
atormentados por impulsos assassinos, estimulados por uma propaganda
delirante. Os cristãos, mais uma vez, se encontram em confronto com o
mistério do mal na sua brutalidade mais nua; o enigma insuportável de
que o Amor não é amado.
Vamos continuar a ir à Missa, quaisquer que sejam os nossos
medos, para receber o Amor que vence o ódio (…) e porque queremos amar
aqueles que se consideram nossos inimigos, assim como aqueles que não se
importam. As portas de nossas igrejas permanecerão abertas”.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós.
São Miguel Arcanjo, padroeiro da Normandia, rogai por nós.
Santa Teresa de Lisieux, tão próxima da igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, rogai por nós.
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