sexta-feira, 1 de julho de 2016

MANSIDÃO NA CORREÇÃO


Algumas vezes é necessário corrigir um insolente com palavras ásperas. Diz a Sagrada Escritura: “Irai-vos, mas sem pecar”. Às vezes é lícito ficar irado, mas sem pecar e aí é que está a dificuldade.
Teoricamente falando, pode parecer em certos momentos conveniente falar ou responder com aspereza para fazer alguém entrar em si. Na prática é muito difícil conseguir isto sem uma falta nossa.
O caminho seguro é chamar a atenção ou responder com brandura e estar atento para não se deixar levar pela raiva. Dizia São Francisco de Sales: “Eu nunca me deixei conduzir pela ira sem que logo me tenha arrependido”. 

Quando nos sentimos ainda perturbados, como disse acima, o caminho mais seguro é calar, reservando a resposta ou admoestação para um momento mais oportuno, quando o coração estiver mais sossegado.
Devemos especialmente praticar a mansidão ao sermos corrigidos por nossos superiores ou amigos. Escreve São Francisco de Sales: “Aceitar de bom grado as repreensões é sinal que amamos as virtudes contrárias aos defeitos de que somos corrigidos. É um grande sinal de progresso na perfeição”.
É preciso também usar de mansidão para convosco mesmos. O demônio mostra-nos como coisa louvável o ficar com raiva de nós mesmos quando cometemos uma falta. Mas não; isso é tentação dele que se esforça para nos inquietar a fim de que não possamos fazer nenhum bem.
Dizia São Francisco de Sales: “Tende por certo de que todos os pensamentos, que nos trazem inquietação, não vêm de Deus, príncipe da paz. Eles vêm ou do demônio ou do amor próprio ou da estima desregrada que temos de nós mesmos”.
São essas três fontes de onde brotam todas as nossas perturbações. Por isso, quando aparecem pensamentos que nos inquietam, é necessário rejeitá-los e desprezá-los logo”.
A mansidão também nos é muito necessária
quando temos que repreender os outros.
Admoestações feitas com zelo amargo causam frequentemente mais prejuízo do que proveito, principalmente estando perturbada a pessoa a ser corrigida. Deve-se então retardar a correção e esperar a oportunidade em que esteja acalmado o fogo da raiva.
Deixemos, ainda, de corrigir os outros, quando estamos de mau humor. Nesse estado, a admoestação será sempre feita com aspereza. A pessoa, vendo-se repreendida desse modo, fará pouco caso da admoestação, por ser feita sem paixão.
Isso vale tratando-se do bem do próximo. No que se refere ao nosso proveito, mostremos que amamos a Jesus Cristo, suportando com paz e alegria os maus tratos, as injúrias e os desprezos.
 
 
 
 
 

Santo Afonso de Ligório

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