segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

MARIA É AQUELA QUE CONHECE MAIS PROFUNDAMENTE O MISTÉRIO DA MISERICÓRDIA DIVINA,


Foto de Emilio Carlos Mancini.
Nossa senhora é chamada Mãe da Misericórdia. No cântico pascal da Igreja repercutem, com a plenitude do seu conteúdo profético, as palavras que Maria pronunciou durante a visita que fez a Isabel, esposa de Zacarias: “A sua misericórdia estende-se de geração em geração” (Lc 1,50).

Maria é, pois, aquela que, de modo particular e excepcional — como ninguém mais —, experimentou a misericórdia e, também de modo excepcional, tornou possível, com o sacrifício do coração, a sua participação na revelação da misericórdia divina.
 
Este seu sacrifício está intimamente ligado à cruz do seu Filho, aos pés da qual ela haveria de encontrar-se no Calvário.

O sacrifício de Maria é uma conexão específica com a revelação da misericórdia, isto é, a absoluta fidelidade de Deus para o seu amor, a aliança que ele queria desde a eternidade e concluiu no tempo com o homem, com o povo, com a humanidade. Existe participação com a revelação, que foi definitivamente cumprida através da cruz.

Ninguém jamais experimentou, como a Mãe do Crucificado, o mistério da Cruz, o impressionante encontro da transcendente justiça divina com o amor, o «ósculo» - o beijo da misericórdia dado pela misericórdia à justiça. (Sl 85 (84),11)
 
Ninguém mais que ela, Maria, acolheu tão profundamente, em seu coração, o mistério: o mistério divino da redenção, que foi cumprido no Calvário pela morte de seu Filho, acompanhado pelo sacrifício de seu coração de mãe, de seu "Fiat".
 
Maria, portanto, é aquela que conhece mais profundamente o mistério da misericórdia divina. Conhece o seu preço e sabe quanto é elevado. Neste sentido chamamos-lhe Mãe da Misericórdia, Nossa Senhora da Misericórdia, ou Mãe da Divina Misericórdia.

Existe uma íntima relação entre Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, o mistério da misericórdia divina e a prática da misericórdia. Maria está desde a sua concepção envolta na misericórdia infinita do Pai, pelo Filho e no Espírito (preservada do pecado e do demônio), ao mesmo tempo em que o seu agir – antes e depois da sua Assunção – está assinalado pelo amor efetivo aos seres humanos (especialmente pelos pecadores e sofredores). Em qual sentido podemos proclamar Maria como Mãe de misericórdia? Sem cometer o grave equívoco de pensar que a misericórdia é reservada a Maria e a justiça a Jesus (como muitos chegaram a pensar), o título “Mãe da Misericórdia” ou “Mãe de misericórdia” assim se justifica: 

Maria é a mulher que experimentou de modo único a misericórdia de Deus – que a envolveu de modo particular desde a sua Imaculada Conceição, passando pela Anunciação, como discípula fiel do seu Filho, até o grande momento da Sua Páscoa (paixão, morte, ressurreição, glorificação e Pentecostes). Ela é kecharitoméne, “cheia de graça”, ou seja, totalmente transformada pela benevolência divina (cf. Ef 1,6).

Maria é a mãe que gerou a misericórdia divina encarnada – graça extraordinária que coloca a jovem Maria, a partir da Encarnação do Filho de Deus, numa relação inimaginável de intimidade com o próprio “Pai das misericórdias” (2Cor 1,3). A partir do seu “eis-me aqui” e o seu “faça-se”, a misericórdia divina se faz carne e entra na história!
 
 
 
 
 
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