quinta-feira, 13 de agosto de 2015

LITURGIA DIÁRIA - PERDÃO NÃO TEM LIMITES.

Primeira Leitura (Js 3,7-10a.11.13-17)

Leitura do Livro de Josué.
Naqueles dias 7o Senhor disse a Josué: “Hoje começarei a exaltar-te diante de todo Israel, para que saibas que estou contigo assim como estive com Moisés. 8Tu, ordena aos sacerdotes que levam a arca da aliança, dizendo-lhes: Quando chegardes à beira das águas do Jordão, ficai parados ali”.
9Depois Josué disse aos filhos de Israel: “Aproximai-vos para ouvir as palavras do Senhor vosso Deus”. 10aE acrescentou: “Nisto sabereis que o Deus vivo está no meio de vós e que ele expulsará da vossa presença os cananeus. 11Eis que a arca da aliança do Senhor de toda a terra vai atravessar o Jordão adiante de vós. 13E logo que os sacerdotes, que levam a arca do Senhor de toda a terra, tocarem com a planta dos pés as águas do Jordão, elas se dividirão: as águas da parte de baixo continuarão a correr, mas as que vêm de cima pararão, formando uma barragem”.
14Quando o povo levantou acampamento para passar o rio Jordão, os sacerdotes que levavam a arca da aliança puseram-se à frente de todo o povo. 15Quando chegaram ao rio Jordão e os pés dos sacerdotes se molharam nas águas da margem – pois o Jordão transborda e inunda suas margens durante todo o tempo da colheita –, 16então as águas que vinham de cima pararam, formando uma grande barragem até Adam, cidade que fica ao lado de Sartã, e as que estavam na parte de baixo desceram para o mar da Arabá, o mar Salgado, até secarem completamente.
Então o povo atravessou, defronte a Jericó. 17E os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor conservaram-se firmes sobre a terra seca, no meio do rio, e ali permaneceram até que todo Israel acabasse de atravessar o rio Jordão a pé enxuto. 

Responsório (Sl 113A)

Aleluia, aleluia, aleluia.
Aleluia, aleluia, aleluia.

Quando o povo de Israel saiu do Egito, e os filhos de Jacó, de um povo estranho, Judá tornou-se o templo do Senhor, e Israel se transformou em seu domínio.
O mar, à vista disso, pôs-se em fuga, e as águas do Jordão retrocederam; as montanhas deram pulos como ovelhas, e as colinas, parecendo cordeirinhos.
— Ó mar, que tens tu, para fugir? E tu, Jordão, por que recuas deste modo? Por que dais pulos como ovelhas, ó montanhas? E vós, colinas, parecendo cordeirinhos?
 
Evangelho (Mt 18,21–19,1)

O Senhor esteja convosco.
Ele está no meio de nós.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 18,21Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” 22Jesus respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete. 23Porque o Reino dos Céus é como um rei que resolveu acertar as contas com seus empregados. 24Quando começou o acerto, trouxeram-lhe um que lhe devia uma enorme fortuna.
25Como o empregado não tivesse com que pagar, o patrão mandou que fosse vendido como escravo, junto com a mulher e os filhos e tudo o que possuía, para que pagasse a dívida. 26O empregado, porém, caiu aos pés do patrão, e, prostrado, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei tudo’. 27Diante disso, o patrão teve compaixão, soltou o empregado e perdoou-lhe a dívida. 28Ao sair dali, aquele empregado encontrou um dos seus companheiros que lhe devia apenas cem moedas. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’.
29O companheiro, caindo aos seus pés, suplicava: ‘Dá-me um prazo! e eu te pagarei’. 30Mas o empregado não quis saber disso. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que devia. 31Vendo o que havia acontecido, os outros empregados ficaram muito tristes, procuraram o patrão e lhe contaram tudo. 32Então o patrão mandou chamá-lo e lhe disse: ‘Empregado perverso, eu te perdoei toda a tua dívida, porque tu me suplicaste. 33Não devias, tu também, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?’
34O patrão indignou-se e mandou entregar aquele empregado aos torturadores, até que pagasse toda a sua dívida. 35É assim que o meu Pai que está nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”. 19,1Ao terminar estes discursos, Jesus deixou a Galileia e veio para o território da Judeia além do Jordão. 

 Reflexão

Neste Evangelho, Jesus nos fala do perdão. O texto começa com uma pergunta do Apóstolo Pedro a Jesus, sobre quantas vezes devemos perdoar uma pessoa. Jesus responde que devemos perdoar não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, expressão hebraica que significa: ao infinito.
E, para deixar bem claro, Jesus conta a parábola do servo cruel. É um empregado que foi perdoado pelo patrão, de uma grande dívida, e depois não perdoou ao seu colega, de uma pequena e irrisória dívida. Por isso foi duramente castigado pelo patrão.
Jesus conclui a parábola com um recado para todos nós: “É assim que meu Pai fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão”.
O patrão representa Deus, o empregado que devia a enorme fortuna somos nós, e o outro que devia uma pequena quantia são as pessoas que nos ofendem ou prejudicam.
Nós tínhamos uma enorme dívida com Deus, o pecado original e os nossos pecados pessoais. E ele nos perdoou, e continua perdoando, completamente.
O tamanho de uma ofensa varia também de acordo com a pessoa ofendida. No nosso caso, o ofendido é Deus, que é infinito. Portanto, as nossas ofensas a Deus são sempre muito grandes.
Deus nos perdoa, mas quer que nós também perdoemos a nosso próximo, seja de que for. Se não o fizermos, ele retira o seu perdão e nos castiga, como fez o patrão com o seu empregado cruel.
Por isso que Jesus nos fala: “Quando estiveres levando a tua oferenda ao altar e ali te lembrares que teu irmão tem algo contra ti, deixa a tua oferenda diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então, vai apresentar a tua oferenda” (Mt 5,23-25). De fato, não tem cabimento nós não perdoarmos alguém e querem manter uma amizade com Deus, pois Deus está no nosso próximo! Seria um comportamento contraditório na nossa parte: hora louvamos a Deus, hora não queremos conversa com ele.
O nosso perdão ao próximo não pode ter limites, nem quanto ao número de ofensas, nem quanto ao tamanho ou tipo de ofensa.
O perdão é o único caminho para recuperar a fraternidade, a paz e a alegria, após uma ofensa recebida. O perdão impede aquele terrível círculo vicioso: a vingança gera a violência, e esta gera mais vingança... O ressentimento faz aumentar falsamente o tamanho de uma ofensa.
No Pai Nosso, nós pedimos a Deus que nos perdoe do jeito que perdoamos aos outros. Isso nos compromete, porque, se guardarmos rancor, cada vez que rezamos o Pai Nosso estamos pedindo a Deus que guarde rancor de nós!
Jesus disse: “Não julgueis, e não sereis julgados. Pois o mesmo julgamento com que julgardes os outros servirá para vós; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?” (Mt 7,1-3).
O próprio Jesus, na cruz, nos deu o exemplo, quando rezou a Deus Pai pelos que o torturavam: “Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). Mesmo morrendo, ele encontrou forças para refletir e encontrar uma saída para não sentir mágoa daqueles algozes: “Eles não sabem o que fazem”. Se não encontrasse essa saída, Jesus morreria com mágoa deles. E daí, lá no céu, como que fica? Porque lá não entram duas pessoas de cara virada uma com a outra. E Jesus queria o arrependimento e a salvação de todas aquelas pessoas que o mataram. Depois desse exemplo de Jesus, ninguém de nós tem direito de negar o perdão, seja a quem for e seja de que for.
Perdoar não é sinal de fraqueza; pelo contrário, é sinal de muita coragem, bravura e heroísmo. Panacas são os que não perdoam.
O motivo principal do nosso perdão não está na pessoa que nos ofendeu, mas no mandamento de Deus.
Claro que, depois, vamos ser mais prudentes com aquela pessoa que nos ofendeu ou prejudicou. “Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10,16). “Gato que caiu em água quente tem medo de água fria”. Nós vamos evitar situações semelhantes àquela em que a pessoa nos ofendeu ou prejudicou. Mas isso, sem julgar a pessoa.
O perdão é importante principalmente na vida familiar, dentro das quatro paredes de uma casa.
Certa vez, um casal brigou. Brigou feio e ficaram de mal. Quando era necessário dizer alguma coisa ao outro, faziam-no através de bilhetes. Aconteceu que um dia o homem chegou do serviço preocupado. Seu chefe havia marcado uma reunião na firma no dia seguinte, uma hora antes de começar o trabalho. Portanto ele devia levantar-se não às 05:30, como de costume, mas às 04:30 horas. O que ele fez. Escreveu em um papel: "Por favor, me acorde às 04:30 da madrugada". E colocou o bilhete em cima do travesseiro da esposa. E procurou dormir mais cedo.
Quando a esposa foi dormir, encontrou o bilhete. O que ela fez. No dia seguinte, levantou-se às 04:30 e colocou ao lado da cabeça dele o seguinte bilhete: “São 04:30 horas. Está na hora de você se levantar.”
Claro que essa mulher foi cruel. Mas os dois estavam errados, porque, quando entramos em atrito com alguém, a paz deve voltar antes do por do sol. Se isso vale para todos, muito mais para o casal.
A mãe sabe ser “pára-raios” quando membros da família se desentendem. Que a nossa querida Mãe do Céu nos ajude a perdoar e a viver unidos com todos.







Pe Queiroz



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