terça-feira, 12 de março de 2024

4ª Semana da Quaresma - Uma preguiça que paralisa.

Queres ser curado?”

 Que imagem. Como ensina sua arte. Desconheço o criador, mas, tudo, todos os detalhes ensinam por demais. Sempre tenho dificuldade em escolher uma imagem para colocar no Blog, porém, ao vê-la hoje não tive. O Grupo de Oração Semeando a Paz tem 14 anos, 15 em outubro de 2024. Já postei sobre esse mesmo Evangelho dezenas de vezes, mas, somente hoje, posso perceber a riqueza de detalhes que deixaria o Michelangelo com a Capela Sistema compatível. Que belo.

Primeira Leitura (Ez 47,1-9.12)

Leitura da Profecia de Ezequiel.

Naqueles dias, o anjo fez-me voltar até a entrada do Templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do Templo, ao sul do altar.

Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até a porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. Quando o homem saiu na direção leste, tendo uma corda de medir na mão, mediu quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos tornozelos.

Mediu outros quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me aos joelhos. Mediu mais quinhentos metros e fez-me atravessar a água: ela chegava-me à cintura. Mediu mais quinhentos metros, e era um rio que eu não podia atravessar. Porque as águas haviam crescido tanto, que se tornaram um rio impossível de atravessar, a não ser a nado.

Ele me disse: “Viste, filho do homem?” Depois fez-me caminhar de volta pela margem do rio. Voltando, eu vi junto à margem muitas árvores, de um e de outro lado do rio. Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis.

Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. 12 Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”.

- Palavra do Senhor.

- Graças a Deus.

Responsório Sl 45(46),2-3.5-6.8-9 (R. 8)

— Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó.

— Conosco está o Senhor do Universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó.

— O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares.

— Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la.

— Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó! Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo.

Evangelho (Jo 5,1-16)

— Glória a vós, Senhor Jesus, Primogênito dentre os mortos!

— Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo a alegria de ser salvo! (Sl 50(51),12a.14a)
 — Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.

— Glória a vós, Senhor.

Houve uma festa dos judeus, e Jesus foi a Jerusalém. 2Existe em Jerusalém, perto da porta das Ovelhas, uma piscina com cinco pórticos, chamada Betesda em hebraico. Muitos doentes ficavam ali deitados — cegos, coxos e paralíticos. De fato, um anjo descia, de vez em quando, e movimentava a água da piscina, e o primeiro doente que aí entrasse, depois do borbulhar da água, ficava curado de qualquer doença que tivesse. Aí se encontrava um homem, que estava doente havia trinta e oito anos.

Jesus viu o homem deitado e sabendo que estava doente há tanto tempo, disse-lhe: “Queres ficar curado?” O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Jesus disse: “Levanta-te, pega tua cama e anda”. No mesmo instante, o homem ficou curado, pegou sua cama e começou a andar.

Ora, esse dia era um sábado. 10 Por isso, os judeus disseram ao homem que tinha sido curado: “É sábado! Não te é permitido carregar tua cama”. 11 Ele respondeu-lhes: “Aquele que me curou disse: ‘Pega tua cama e anda’”. 12 Então lhe perguntaram: “Quem é que te disse: ‘Pega tua cama e anda?’” 13 O homem que tinha sido curado não sabia quem fora, pois Jesus se tinha afastado da multidão que se encontrava naquele lugar.

14 Mais tarde, Jesus encontrou o homem no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. 15 Então o homem saiu e contou aos judeus que tinha sido Jesus quem o havia curado. 16 Por isso, os judeus começaram a perseguir Jesus, porque fazia tais coisas em dia de sábado.

Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Ao longo dos próximos dias, a Sagrada Liturgia nos irá proclamar o Evangelho segundo S. João. Essa leitura continuada teve início ontem, quando Jesus falava-nos de sua geração incrédula, necessitada de sinais exteriores. Hoje, Ele realiza mais um prodígio, que, como todos os outros milagres, constitui também, e acima de tudo, uma revelação. Todo ato de Jesus, com efeito, tem uma dimensão salvífica que atravessa os tempos, superando as circunstâncias concretas em que se deu, para chegar aos homens de todas as épocas e idades. Desse ponto de vista, a cura que Ele realiza hoje no paralítico da piscina de Betezatá é para nós um sinal da paralisia dos nossos corações. Jesus mesmo revela, nos trechos finais deste Evangelho, que aquela doença física tinha origem não tanto numa condição física quanto num estado espiritual: “Vê, ficaste curado. Não peques mais, para que te não aconteça coisa pior”. Mais do que uma paralisia nas pernas, aquele homem sofria de uma paralisia na alma. Prova disso é o conformismo e a tibieza com que ele, apesar dos seus trinta e oito anos de doença, jamais se dispôs a mexer um dedo sequer para pedir ajuda a alguém que o pusesse na piscina: ele permanecia ali, estirado no chão, contente de reclamar de seu abandono.

Eis a condição do homem abandonado a si mesmo, desprovido da vida da graça. Eis a situação de quem cede à preguiça espiritual, renunciando à nossa vocação fundamental ao amor, à grandeza de alma, à santidade. Se não reconhecemos que nada podemos por nós mesmos, se não imploramos a Deus os auxílios necessários para o cumprimento desse grande chamado à perfeição cristã, somos como aquele paralítico — tristes, inertes, desmotivados, reclamões. Que estas poucas semanas de Quaresma que nos sobram levem-nos a cair na conta de que não fomos feitos para rastejar no chão, mas para os altos voos do amor. Recorramos, pois, à liberalidade do Coração de Cristo, tesouro infinito de dons e graça, e peçamos-lhe que afugente para longe de nós toda acídia e nos infunda o vigor necessário para trilharmos, em marcha contínua e ascendente, o caminho da santidade: “Levanta-te, apanha teu leito e anda”.

 

https://padrepauloricardo.org

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