segunda-feira, 23 de outubro de 2023

29ª Semana do Tempo Comum - A loucura da ganância.

 


Clamo por vós, meu Deus, porque me atendestes; inclinai vosso ouvido e escutai-me. Guardai-me como a pupila dos olhos, à sombra das vossas asas abrigai-me (Sl 16,6.8).

Por sua fé inabalável nas promessas divinas, Abraão foi considerado justo. Sua fé o impeliu a superar toda incerteza e a tomar decisões na base única da confiança em Deus. Somos chamados a prosseguir nossa caminhada, crendo “naquele que ressuscitou dos mortos Jesus”, o verdadeiro tesouro da nossa vida.

Primeira Leitura: Romanos 4,20-25

Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 20diante da promessa divina, Abraão não duvidou por falta de fé, mas revigorou-se na fé e deu glória a Deus, 21convencido de que Deus tem poder para cumprir o que prometeu. 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça. 23Afirmando que a fé lhe foi creditada como justiça, a Escritura visa não só à pessoa de Abraão, mas também a nós, pois a fé será creditada também para nós que cremos naquele que ressuscitou dos mortos Jesus, nosso Senhor. 25Ele, Jesus, foi entregue por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para nossa justificação. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Lc 1

Bendito seja o Senhor Deus de Israel, / porque a seu povo visitou e libertou!

1. Fez surgir um poderoso salvador / na casa de Davi, seu servidor, / como falara pela boca de seus santos, / os profetas desde os tempos mais antigos. – R.

2. Para salvar-nos do poder dos inimigos / e da mão de todos quantos nos odeiam. / Assim mostrou misericórdia a nossos pais, / recordando a sua santa aliança. – R.

3. E o juramento a Abraão, o nosso pai, / de conceder-nos que, libertos do inimigo, / a ele nós sirvamos sem temor, † em santidade e em justiça diante dele, / enquanto perdurarem nossos dias. – R.

Evangelho: Lucas 12,13-21

Aleluia, aleluia, aleluia.

Felizes os humildes de espírito, / porque deles é o Reino dos Céus (Mt 5,3). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” 15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. 16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. 18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ 20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ 21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”. –  Palavra da salvação.

Reflexão
É contra a ganância que o Senhor nos adverte hoje no Evangelho. Ganância, πλεονεξία no original grego, consiste fundamentalmente no desejo de acumular riquezas em grande quantidade. É em função deste desejo que, há pelo menos 300 anos, tem vivido a nossa sociedade. Trata-se, talvez, do vício mais difundido, se não do mais corrosivo, no mundo moderno. E se é verdade, por um lado, que o afã por amontoar bens sempre existiu, como o próprio Evangelho nos atesta, é também verdade que ele nunca teve tão grandes proporções como as que tem nos dias que correm. Antes, era um problema de poucos, dos que já tinham certo cabedal e meios de avolumar a própria fortuna; hoje, ao contrário, é um mal que afeta praticamente a todos, pois é quase impossível encontrar alguém cuja vida não gire em torno do dinheiro. Vivemos obcecados por trabalhar, produzir e encher a carteira, de sorte que todos os demais bens — como a família, o descanso e até mesmo a saúde —, uma vez relativizados, passam a estar subordinados à conta bancária. Somos uma sociedade de loucos e insensatos, não só por tomarmos como fim o que existe apenas na qualidade de meio, mas também por acumularmos bens que de nada nos aproveitarão na vida eterna. Só a reflexão sobre a morte e, portanto, sobre a verdadeira finalidade da nossa existência, poderá colocar no eixo os nossos desejos e orientar o nosso olhar, não para as riquezas perecíveis deste mundo, cuja figura passa, mas para aquele Bem sumo e inesgotável que nos está esperando no céu. Que Jesus nos conceda, pelas mãos de sua Mãe SS., tesoureira dos verdadeiros bens, a graça de nos lembrarmos com frequência dos Novíssimos, da brevidade da vida e do valor da bem-aventurança eterna, que não pode ser comprada nem por ouro nem por prata, mas apenas arrebatada com determinação pelos corações ungidos com a caridade de Cristo.

https://padrepauloricardo.org

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