quarta-feira, 19 de outubro de 2022

29ª Semana do Tempo Comum - O administrador fiel.

 Evangelho de hoje (Lc 12,39-48) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário do  Nordeste

Primeira Leitura: Efésios 3,2-12

Leitura da carta de São Paulo aos Efésios – Irmãos, 2se ao menos soubésseis da graça que Deus me concedeu para realizar o seu plano a vosso respeito, 3como, por revelação, tive conhecimento do mistério, tal como o esbocei rapidamente. Ao ler-me, podeis conhecer a percepção que eu tenho do mistério de Cristo. 5Esse mistério, Deus não o fez conhecer aos homens das gerações passadas, mas acaba de o revelar agora, pelo Espírito, aos seus santos apóstolos e profetas: 6os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho. 7Disso eu fui feito ministro pelo dom da graça que Deus me concedeu no exercício do seu poder. 8Eu, que sou o último de todos os santos, recebi esta graça de anunciar aos pagãos a insondável riqueza de Cristo 9e de mostrar a todos como Deus realiza o mistério desde sempre escondido nele, o criador do universo. 10Assim, doravante, as autoridades e poderes nos céus conhecem, graças à Igreja, a multiforme sabedoria de Deus, 11de acordo com o desígnio eterno que ele executou em Jesus Cristo, nosso Senhor. 12Em Cristo nós temos, pela fé nele, a liberdade de nos aproximarmos de Deus com toda a confiança. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Is 12

Com alegria bebereis do manancial da salvação.

1. Eis o Deus, meu salvador, eu confio e nada temo; † o Senhor é minha força, meu louvor e salvação. / Com alegria bebereis do manancial da salvação. – R.

2. E direis naquele dia: “Dai louvores ao Senhor, † invocai seu santo nome, anunciai suas maravilhas, / entre os povos proclamai que seu nome é o mais sublime. – R.

3. Louvai, cantando ao nosso Deus, / que fez prodígios e portentos, / publicai em toda a terra suas grandes maravilhas! / Exultai, cantando alegres, habitantes de Sião, / porque é grande em vosso meio o Deus santo de Israel!” – R.

Evangelho: Lucas 12,39-48

Aleluia, aleluia, aleluia.

Vigiai, diz Jesus, vigiai, / pois, no dia em que não esperais, / o vosso Senhor há de vir (Mt 24,42.44). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 39“Ficai certos, se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”. 41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?” 42E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo, o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou nem agiu conforme a sua vontade será chicoteado muitas vezes. 48Porém o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!” – Palavra da salvação.

Reflexão
 
no Evangelho desta 4.ª-feira, somos apresentados a duas outras histórias: a do ladrão e a do administrador fiel. Esta última dirige-se de modo particular aos Apóstolos, quer dizer, àqueles discípulos que terão o encargo de administrar a Igreja de Cristo. Sabemo-lo, aliás, pela dúvida de São Pedro, que pergunta a Jesus se esses ensinamentos se destinam a eles, que o seguiam de perto, ou também aos demais, às turbas. Aproveitando-se desta interrogação, Jesus passa a contar-nos a parábola do administrador fiel e prudente. O texto grego nos fala, pois, de um ὁ πιστὸς οἰκονόμος ὁ φρόνιμος, ou seja: alguém que toma conta duma casa que, de resto, não lhe pertence. Este administrador, no entanto, é também um servo (δοῦλος), como nos revela o versículo 43. Estas duas passagens, lidas de forma articulada, são como que a diretiva fundamental para os que, na linha da sucessão apostólica, têm o dever de governar a Igreja: os papas, os bispos e, por fim, os padres.

Nesse sentido, Jesus indica que os servos aos quais confiou o governo da Igreja devem cuidar dela sabendo que ela não lhes pertence. É curioso notar, por outro lado, que o Evangelho de hoje, além de oferecer este princípio básico, revela também a grande e talvez principal tentação que rodeia a hierarquia eclesiástica: o mando e o desmando, o abuso de poder, a tendência a fazer da Esposa de Cristo um bem privado. A Igreja, o Evangelho, o sagrado depósito da fé são, porém, tesouros confiados aos sucessores dos Apóstolos, que, por isso, os devem custodiar e preservar intactos, inalterados. O próprio Jesus adverte que aos maus administradores estão reservadas muitas chibatadas.

O bom e fiel administradorgr, o bom bispo, o bom padre etc. sabe que a Palavra de Deus não é sua; portanto, não pode alterá-la para satisfazer aos ouvidos do mundo. Sabe que Missa não é obra de suas mãos; por isso, tem consciência de que não a pode rezar da maneira que quiser. Sabe também que, no tribunal da Confissão, ele, in persona Christi, deve fazer-se servo e ter em mente apenas o bem das almas e a glória de Deus. O administrador prudente, em suma, reconhece a sua pobreza de escravo; vive com generosidade a sua condição de pertença total a Deus e de serviço desprendido e desinteressado à Santa Madre Igreja. Peçamos a Nosso Senhor que conceda a estes seus vigários uma sincera e profunda fidelidade à missão de cuidar da Barca de Pedro. Que Deus lhes dê coragem para serem fiéis ao múnus recebido e, se for preciso, derramarem o próprio sangue pela incolumidade da Igreja e da fé.

 
 

 https://padrepauloricardo.org

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