quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Quarta-feira de Cinzas.

 Evangelho do dia: Orar, dar esmolas e jejuar sem se mostrar (Mt  6,1-6.16-18) – Oratório São Luiz – 120 Anos

Antífona

Ó Deus, vós tendes compaixão de todos e não rejeitais nada que criastes; fechais os olhos aos seus pecados por causa da penitência e os perdoais, porque sois o Senhor nosso Deus (Sb 11,23s.26).

Acolhida

Com a celebração de Cinzas, iniciamos a caminhada quaresmal rumo à Páscoa da ressurreição. Deixemo-nos reconciliar com Deus, buscando a conversão e revigorando-nos com as três principais obras de justiça: a caridade, a oração e o jejum. Somos também despertados pelo lema da Campanha da Fraternidade: “Vós sois todos irmãos e irmãs”, que nos convida à busca da potencialização da amizade social em nossa sociedade.

Primeira Leitura: Joel 2,12-18

Leitura da profecia de Joel 12“Agora”, diz o Senhor, “voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; 13rasgai o coração, e não as vestes, e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo.” 14Quem sabe se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus? 15Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; 16congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa seu leito. 17Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor e digam: “Perdoa, Senhor, a teu povo e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”. Por que se haveria de dizer entre os povos: “Onde está o Deus deles?” 18Então, o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 50(51)

Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos.

1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai completamente a minha culpa! – R.

2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / o meu pecado está sempre à minha frente. / Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, / pratiquei o que é mau aos vossos olhos! – R.

3. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.

4. Dai-me de novo a alegria de ser salvo / e confirmai-me com espírito generoso! / Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, / e minha boca anunciará vosso louvor! – R.

Segunda Leitura: 2 Coríntios 5,20-6,2

Leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 20somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. 21Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. 6,1Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, 2pois ele diz: “No momento favorável eu te ouvi, e no dia da salvação eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Mateus 6,1-6.16-18

Jesus Cristo, sois bendito, / sois o Ungido de Deus Pai!

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: / Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8) – R.

Proclamação do santo Evangelho segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. 2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. 5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. 16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo, eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. – Palavra da salvação.

Reflexão

“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o vosso coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus”. (Jl 2, 12-13)

Esta celebração de hoje, da Quarta-feira de Cinzas, marca para nós o início do Tempo Quaresmal. Tempo de penitência, reconciliação e conversão, em que somos chamados a assumir com seriedade e respeito esse tempo de graça. Por isso mesmo São Paulo nos exorta hoje na Segunda Leitura: “Nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus”. (2 Cor 6,1). É a graça de Deus que se derrama em nós para que possamos estar bem preparados para a Páscoa.

Caríssimos, hoje na Santa Missa recebemos a imposição da cinza. E qual o significado desse gesto belíssimo? Cobrir-se de cinza nos leva a recordar a penitência e o arrependimento. Na imposição da cinza, o sacerdote traça uma cruz sobre a fronte dos fiéis, enquanto repete as palavras “Convertei-vos e crede no Evangelho” ou “Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar”, para nos recordar que nosso lugar definitivo é o Céu.
Para alcançarmos a graça de uma sincera conversão e um lugar no Céu, precisamos com toda sinceridade clamar ao Senhor como o Salmista: “Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa!” (Sl 50, 3-4). É tempo de conversão, é tempo de reconciliação com Deus e com os irmãos. Escutemos com os corações abertos a exortação de São Paulo: “Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2 Cor 5, 20b).

No Evangelho de hoje, Jesus nos apresenta as três grandes práticas penitenciais: esmola, oração e jejum. Essas práticas nos ajudam a alcançar as graças necessárias para uma autêntica conversão e uma vida santa; isso se de fato forem feitas de coração sincero e não apenas como meros atos exteriores. Jesus nos exorta: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles”. (Mt 6, 1). E ainda o Profeta Joel: “Agora diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o vosso coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus”. (Jl 2, 12-13). Não sejamos hipócritas em nossas práticas quaresmais; rasguemos os nossos corações e deixemos a graça agir de dentro para fora. Já diz um ditado antigo: “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Comecemos com a conversão do coração! Que as práticas quaresmais nos aproximem cada vez mais de Cristo. O Papa Emérito Bento XVI nos ensina: “Através das práticas tradicionais do jejum, da esmola e da oração, expressões do empenho de conversão, a Quaresma educa para viver de modo cada vez mais radical o amor de Cristo”.

Que esta celebração de hoje seja para nós um verdadeiro início de um processo sincero de conversão. Perguntemo-nos a nós mesmo hoje: O que em minha vida precisa ser mudado? Quais os meus maiores vícios e fraquezas? Preciso aprender a amar mais a Deus? Tenho que criar o hábito da oração e do jejum? Preciso amar e perdoar mais os meus irmãos? Preciso ser mais caridoso e prestativo? Preciso deixar de fazer fofocas e levantar falso testemunho? Examinemos nossa consciência diante da cinza que recebemos hoje e assim alcançaremos a conversão sincera do coração e colocaremos em prática os ensinamentos do Santo Evangelho, lembrando sempre que somos pó e ao pó haveremos de voltar.

Peçamos a intercessão da Virgem Imaculada Conceição, para que rogue junto ao Seu Filho Jesus por cada um de nós, pobres pecadores, e digamos hoje com todo fervor e confiança a Deus: “Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido”. (Sl 50, 12). Sejamos fortes nesse tempo quaresmal, pois assim como Jesus sofreu tentações no deserto, nós também passaremos por esse tempo de deserto quaresmal sujeitos às tentações. Escutemos a Palavra de Deus que nos diz: “Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, fortes na fé” (1 Pd 5, 8-9a).

 

Padre Carlos de Souza Neves - Pároco da Paróquia São João Batista - Divinópolis de Goiás

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