sábado, 30 de setembro de 2023

Memória - São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja - Cremos em Cristo crucificado?

 


(branco, pref. comum, ou dos pastores – ofício da memória)

Que as palavras da Escritura estejam sempre em teus lábios, para que, meditando-as dia e noite, te esforces para realizar tudo aquilo que ensinam, e terá sentido e valor a tua vida (Js 1,8).

Jerônimo nasceu na província romana da Dalmácia, provavelmente numa região da atual Croácia, por volta do ano 340, e faleceu em Belém, na Palestina, em 420. Presbítero de extraordinária inteligência e de vasta cultura literária e bíblica, traduziu para o latim os textos originais do Antigo e do Novo Testamento. Que sua paixão pelos textos sagrados nos motive a aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus.

Primeira Leitura: Zacarias 2,5-9.14-15

Leitura da profecia de Zacarias – 5Levantei os olhos e eis que vi um homem com um cordel de medir na mão. 6Perguntei-lhe: “Aonde vais?” Respondeu-me: “Vou medir Jerusalém, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento”. 7Eis que apareceu o anjo que falava em mim, enquanto lhe vinha ao encontro um outro anjo, 8que lhe disse: “Corre a falar com esse moço, dizendo: a população de Jerusalém precisa ficar sem muralha, em vista da multidão de homens e animais que vivem no seu interior. 9Eu serei para ela, diz o Senhor, muralha de fogo ao seu redor e mostrarei minha glória no meio dela. 14Rejubila, alegra-te, cidade de Sião, eis que venho para habitar no meio de ti, diz o Senhor. 15Muitas nações se aproximarão do Senhor, naquele dia, e serão o seu povo. Habitarei no meio de ti”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: Jr 31

O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.

1. Ouvi, nações, a palavra do Senhor / e anunciai-a nas ilhas mais distantes: / “Quem dispersou Israel vai congregá-lo / e o guardará qual pastor a seu rebanho!” – R.

2. Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó / e o libertou do poder do prepotente. / Voltarão para o monte de Sião,  entre brados e cantos de alegria / afluirão para as bênçãos do Senhor. – R.

3. Então a virgem dançará alegremente, / também o jovem e o velho exultarão; / mudarei em alegria o seu luto, / serei consolo e conforto após a guerra. – R.

Evangelho: Lucas 9,43-45

Aleluia, aleluia, aleluia.

Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; / fez brilhar, pelo Evangelho, a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas  Naquele tempo, 43todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: 44“Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: o Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. 45Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto. – Palavra da salvação.

Reflexão 
Temos no Evangelho de hoje o segundo anúncio da Paixão, e o evangelista S. Lucas, pelas palavras que põe na boca de Nosso Senhor, nos faz notar a diferença que há entre crer em Cristo e ser cristão. Após ouvir de S. Pedro, em nome de todo o colégio apostólico, a profissão de fé em sua divindade, revela Jesus que dali a pouco tempo, sendo Deus onipotente e imortal, será entregue para ser morto nas mãos dos homens. Mas o Senhor não o diz como se fora um ponto mais da sua doutrina, senão que pede aos discípulos que o escutem com a máxima atenção: “Prestai bem atenção às palavras que vou dizer”. O original grego enfatiza ainda mais esse apelo de Cristo: “Θέσθε ὑμεῖς εἰς τὰ ὦτα ὑμῶν τοὺς λόγους τούτους”, isto é: “Metei bem dentro dos vossos ouvidos estas palavras”, porque há verdades do Evangelho, como a Paixão, e exigências da vida cristã, como a cruz de cada um, que preferíramos não crer nem praticar. Como os Apóstolos, cremos em Cristo; mas, como eles, queremos um Cristo sem cruz e um cristianismo sem corpo. 
Como Pedro e os outros onze, somos cristãos de palavra, mas não ainda de coração, pois a fé que não dói, como é a de confessar a Cristo como Deus, não é lá muito difícil de praticar; mas “a fé que se não pode praticar sem dor”, como é a de crer num Deus crucificado para com Ele nos crucificarmos, “é muito dificultosa de admitir” (Pe. Antônio Vieira, Sermda Quinta Dominga da Quaresma, de 1651, §5). Pode até ser, e é verdade, que a fé com que cremos em Cristo nos mande crer também em sua Paixão, mas essa fé, se é suficiente para nos fazer crentes, não é contudo o bastante para nos fazer cristãos: porque, além de crermos em sua Paixão, quer o Senhor que mortifiquemos as nossas: “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16, 24), e por isso diz aos Apóstolos: “Metei bem dentro dos vossos ouvidos estas palavras”, isto é: “Não vos limiteis a ouvi-las; antes, recebei-as de tal modo que as possais viver, por mais dolorosas que sejam. É bom que creiais em mim, como Deus e Senhor, mas para isto vos basta um só ato sobrenatural, e o que eu quero dos meus discípulos é que façam muitos, contra a sua natureza e o seu orgulho, porque se é fácil, para crer em mim, vencer uma vez o entendimento, é muito difícil, para ser cristão, vencer continuamente a própria vontade”. Que prestemos hoje bastante atenção e metamos bem dentro dos ouvidos o anúncio que nos faz o Senhor: O “Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. E que a fé com que cremos na crucifixão do Senhor nos leve, como a cristãos de verdade, a tomarmos nós a nossa cruz às costas, com os olhos fixos na promessa: “Aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, irá recobrá-la” (Mt 16, 25).

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