quinta-feira, 2 de outubro de 2014

NEM MESMO A VIDA NOS PERTENCE!

 
Pensar sobre a morte é algo que pode nos incomodar. Mas não pensar sobre ela também é muito perigoso. Poderíamos, então, acabar ficando como o homem da história do evangelho. Ele estava encantado com a sua maravilhosa plantação. Enquanto olhava para aquelas plantas ainda novas, pensava como ele era bom naquilo que fazia. “Sou um exemplo de agricultor!” – disse ele em alta voz. Ninguém à sua volta escutou, mas ele gostou de saborear aquelas palavras e repetiu mais uma vez para si mesmo: “Sou um exemplo de agricultor!” Assim pensava ele no seu trabalho dia e noite.
Chegando a época da colheita, e vendo ele que a sua terra havia produzido muito mais do que ele esperava, ele perguntou a si mesmo: “O que vou fazer?” Ele teve que perguntar a si mesmo, pois ele não tinha mais ninguém a quem perguntar. Ele havia passado a vida inteira cultivando plantas e se esqueceu de também dedicar um tempo para cultivar uma família, para cultivar amizades. Assim, ele mesmo concluiu que precisava vender por um bom preço a sua plantação e guardar o dinheiro no banco. Tendo o dinheiro bem guardado e bem aplicado no banco, ele teria dinheiro suficiente para viver bem, comendo e bebendo sem se preocupar muito. Como ele já havia trabalhado bastante na lavoura, ele já podia fazer uso do carro modelo do ano, a casa mansão e ainda comer do bom e do melhor e viver bem tranquilo. Ele não tinha gastos com remédios, não precisava pagar aluguel. Assim, ele se esqueceu das preocupações.
  
As preocupações, porém, não se esqueceram dele. Antes que pudesse fazer qualquer coisa para se defender, o seu corpo já estava tomado pelo câncer. Se antes o fruto do seu trabalho servia para lhe dar prazer, agora servia apenas para dar alguns dias a mais de vida com sessões de quimioterapia e remédios pesados. No momento em que percebeu que estava perdendo tudo, a pergunta era inevitável: “Afinal de contas, o que é meu?” Todo o trabalho que teve para ajuntar muitas coisas agora iria ficar para os outros, que não fizeram nada para ajudar. Ao final de sua vida, ele percebeu algo ainda mais profundo: nem mesmo a vida nos pertence, pois chega a hora da morte e o que nós temos para garantir a nossa vida? Nenhum dos nossos trabalhos pode nos manter vivos. Nenhum!

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