domingo, 30 de janeiro de 2022

4º Domingo do Tempo Comum - “Mas os seus não O receberam”

 Jesus é o Senhor!: EVANGELHO SÃO LUCAS 4,21-30 - 4º DOMINGO DO TEMPO COMUM  ANO "C" 2016 - "ANO DA MISERICÓRDIA" Leituras: 1ª Jr 1,4-5.17-1; Sl 70; 2ª  1Cor 12,31-13,13 - Cor verde - Litúrgia p/31/01/2016

Leitura (Jeremias 1,4-5.17-19)

Leitura do livro do profeta Jeremias.

Nos dias de Josias, rei de Judá, 4foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: 5“Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. 17Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer; não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. 18Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; 19eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 70(71)

Minha boca anunciará, todos os dias, vossas graças incontáveis, ó Senhor.

Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: que eu não seja envergonhado para sempre! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! Escutai a minha voz, vinde salvar-me!

Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.

Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo.

Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas.


Leitura (1 Coríntios 12,31-13,13 ou 13,4-13)

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios.

[Irmãos,] 31aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. 13,1Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine. 2Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse caridade, eu não seria nada. 3Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria. [4A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; 5não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; 6não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. 7Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. 8A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. 9Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita. 10Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. 12Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. 13Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.]

Palavra do Senhor.

Evangelho (Lucas 4,21-30)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Foi o Senhor quem me mandou Boas Notícias anunciar; ao pobre, a quem está no cativeiro, libertação eu vou proclamar! (Lc 4,18)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: 21“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. 22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?” 23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. 24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. 25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia. 27E no tempo do profeta Eliseu havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”. 28Quando ouviram essas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. 29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

Palavra da salvação.

Reflexão

1. O Evangelho de domingo passado encerrou-se com as palavras de Cristo sobre a profecia de Isaías: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura”. Diante dos próprios conterrâneos, Jesus revelou-se como o Messias da promessa, aquele que iria “proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista”; o ungido de Deus “para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Neste domingo, o Evangelista São Lucas nos faz meditar sobre a reação dos nazarenos, que se espantam com as palavras do Senhor e respondem com incredulidade Àquele que veio para salvá-los.

A atitude dos habitantes de Nazaré reflete algo da nossa tendência frente à figura de Cristo. Por um lado, ficamos satisfeitos com a existência de um Deus amoroso, cuja vontade é redimir todos os homens ao ponto de dar-lhes a própria vida divina. Por outro, não aceitamos que Ele seja um de nós, que se faça pobre e humilde numa manjedoura de Belém, que tenha uma família e trabalhe como carpinteiro, que sinta cansaço, sede e fome. Isso é demais. É preciso que Ele prove, então, ser o Filho de Deus; é preciso que Ele manifeste todo o poder diante de nossos olhos; é preciso que Jesus faça milagres.

2. O evangelista conta-nos que Jesus fez poucos milagres em Nazaré. Malgrado a impertinência daquela assembleia na Sinagoga, Ele não se deixou fazer um espetáculo para o público. Os milagres de Cristo tinham um propósito para muito além da mera exibição de força. Na verdade, o Senhor pretendia unicamente converter os corações e levar as pessoas para o céu, exigindo-lhes, por meio dos milagres, um ato de fé na Palavra de Deus. Mas os nazarenos não só se recusaram a crer como quiseram matá-lo. No fim das contas, aconteceu aquilo que São João descreve no seu Evangelho a respeito da Encarnação de Jesus: “Veio para o que era seu, mas os seus não O receberam” (Jo 1, 11).

A dificuldade para crer em Jesus deve-se ao fato de que Ele não nos pede apenas fé, no sentido de confiança sentimental. Essa em Cristo supõe precisamente um incômodo que nos retira da passividade e nos coloca a caminho da vida verdadeira. Jesus quer mudar nossas atitudes e forma de pensar, quer fazer de nós pessoas renovadas pela graça do Espírito Santo, inundadas pelo amor e, por isso mesmo, capazes de amar a Deus e ao próximo. Tudo isso, porém, contraria profundamente a nossa vontade corrompida, que deseja permanecer nas paixões. É bem possível, assim, que nos comportemos como os nazarenos, desprezando a Revelação de Cristo como Nosso Senhor e Salvador.

3. Para quem se dispõe a crer em Cristo, Deus realiza uma transformação sobrenatural na alma. Se os nazarenos tivessem crido em Jesus, Ele lhes teria concedido “o poder de se tornarem filhos de Deus”, filhos “gerados não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1, 13). Essa também é a graça que o Senhor quer nos conceder, a fim de que participemos de sua vida divina. Unidos a Deus por essa transformação, nossa própria natureza adquire as qualidades de uma natureza divina, amando como Jesus amou e ama a cada um de nós. É o que acontece com santos como São Maximiliano Kolbe, que aceitou sofrer os piores tormentos no campo de concentração, em Auschwitz, pela Imaculada Conceição e pela salvação das almas.

Tomemos, pois, cuidado para que não sejamos como os nazarenos diante da simplicidade de Jesus. Na missa, Jesus reveste-se de uma aparência ainda mais escandalosa que a da crucificação: Ele se esconde sob o véu do sacramento. E ainda que nossos olhos não O vejam, Ele está substancialmente presente na Eucaristia. Se, portanto, o acolhermos em nosso coração, comungando em graça e santidade, seremos abençoados com a caridade, como fala São Paulo na carta aos Romanos: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (5, 5).

 

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