sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

A Mulher do Natal

imagens-nascimento-jesus-decoupage“Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura” (EG,286)
Na Encíclica “Evangelli Gaudium” (Evangelho da alegria), o Papa Francisco deixou-nos uma profunda reflexão sobre a Virgem Maria, que mostra um pouco mais da sua grandeza. Com palavras profundas nos ensina que:
“Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Ela é a serva humilde do Pai, que transborda de alegria no louvor. É a amiga sempre solícita para que não falte o vinho na nossa vida. É aquela que tem o coração trespassado pela espada, que compreende todas as penas. Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça. Ela é a missionária que Se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno. Como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e aproxima-nos incessantemente do amor de Deus. Através dos diferentes títulos marianos, geralmente ligados aos santuários, compartilha as vicissitudes de cada povo que recebeu o Evangelho e entra a formar parte da sua identidade histórica. Muitos pais cristãos pedem o Batismo para seus filhos num santuário mariano, manifestando assim a fé na ação materna de Maria que gera novos filhos para Deus. É lá, nos santuários, que se pode observar como Maria reúne ao seu redor os filhos que, com grandes sacrifícios, vêm peregrinos para A ver e deixar-se olhar por Ela. Lá encontram a força de Deus para suportar os sofrimentos e as fadigas da vida. Como a São João Diego, Maria oferece-lhes a carícia da sua consolação materna e diz-lhes: «Não se perturbe o teu coração. (…) Não estou aqui eu, que sou tua Mãe?» (n. 286).
Nesse tempo de Natal, nada melhor do que meditar as grandes virtudes da Virgem de Nazaré, Aquela que Deus escolheu para Mãe do seu Filho. O padre jesuíta, Alexandre Joseph Herouville, nascido em 1716, massacrado na Revolução Francesa, escreveu um belo livro “Imitação de Maria”, a exemplo da Imitação de Cristo, de Tomás de Kemphis. Ele nos mostra as virtudes daquela que é Mãe de Deus: “Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43).
Nenhum de nós pode escolher a sua mãe, mas Jesus pode, então, é claro, “escolheu a melhor”: a mais humilde, a mais desapegada de si e das criaturas, a mais pura, a mais singela e doce criatura, aquela que é “cheia de graça”. Deus se encantou com sua pequenez: “Ele olhou para a humildade de sua serva”. “Por isso todas as gerações a proclamarão bem-aventurada” (Lc 1,48). Quem se humilha será exaltado.

O Papa nos recorda que ela soube transformar a gruta fria de Belém, onde os animais se refugiavam do frio, numa quente “maternidade” do Filho de Deus.
Ela antecipou o primeiro milagre do Divino Redentor para que a festa de Caná não acabasse.
Ela aceitou, sem reclamar, que a Espada de Simeão transpassasse aos poucos o seu sagrado coração, desde a fuga para o Egito até o Calvário. “E uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2, 35).
Ela é a “Estrela da evangelização” (Paulo VI) e “a mulher eucarística” (João Paulo II), o “primeiro sacrário de Jesus na Terra”.
Ela caminha conosco adoçando as nossas cruzes; fazendo como a mãe que coloca açúcar no remédio amargo para o filho beber.
Nos seus Santuários pelo mundo todo, o Papa lembra que ela distribuiu copiosamente suas bênçãos; e seus filhos experimentam seu amor e recebem suas graças.
Ela é a discípula perfeita que “conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19.51) Meditava e as guardava!
Ela é a mãe espiritual de cada irmão de Jesus, para formar a Sua imagem em cada um de nós. “Eis aí tua mãe” (Jo 19, 26-27)”. “Apenas o filho insensato despreza sua mãe” (Pr 15, 20).
Ela foi recebeu de Deus, desde os primórdios, o poder e a missão de vencer o Dragão vermelho. “O Dragão vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino” (Ap 12, 13).
Os seus filhos a amam; e por isso lhe dão-lhe centenas de títulos, inumeráveis: Imaculada, Porta do Céu, Augusta rainha do céu, Virgem do Perpétuo Socorro, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, Rainha dos Anjos, dos Santos, dos patriarcas, dos profetas, dos mártires, dos apóstolos…
E a grande mensagem que Ela nos deixa é essa: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5).
São todas essas glórias a Virgem Maria, nossa Mãe, Mãe de Jesus e da Igreja, que nós devemos meditar no silêncio diante do Presépio. Que as luzes e as bênçãos do Menino Deus penetre nossa alma pelo coração daquela que o gerou para nós.



Prof. Felipe Aquino

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