sexta-feira, 14 de março de 2014

SINAIS E MILAGRES.

O que faz a diferença entre uma vida cristã cheia de sentido e de vitalidade e uma chamada vida cristã enfadonha?
É ter ou não a experiência de um encontro pessoal com Deus. Quanto mais intenso e frequente é esse encontro maior será a consolação espiritual e a plenitude de vida, tanto nas alegrias como nas tristezas próprias da vida humana.
Hoje vivemos um tempo de grande busca de religiosidade e de devocionalismos e é próprio desta busca um desejo por milagres. Queremos soluções rápidas para os nossos problemas, sejam eles de saúde, afetivos, financeiros ou de qualquer outra ordem.
Contrariando o que à primeira vista imaginamos, o importante é o sinal e não tanto o milagre. Possivelmente não entendemos a  distinção entre um e outro, e os confundimos.
Quando o milagre é também sinal, é ótimo. Quando não, de pouco adianta; até há milagres que se tornam obstáculos para o crescimento espiritual. Muitos dos que viram os milagres de Jesus tiveram seus corações endurecidos ainda mais. Lembram do episódio dos dez leprosos? Apenas um voltou para agradecer(cf. Jo 12,10s; Lc 17,11-19). Talvez seja essa a proporção entre os que seguem o sinal e os que ficam apenas no milagre.
Mateus, após relatar duas multiplicações dos pães, diz que os fariseus e saduceus pediram ainda a Jesus um sinal (cf. Mt 16,1-4). João é ainda mais claro: "vós me procurais não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna" (Jo 6,26s)
Por definição, sinal vai para além de si mesmo e aponta para algo muito mais importante que ele. Nesse sentido, o sinal faz possível uma resposta na fé, ao mesmo tempo livre e fundamentada.
Por ser um gesto da presença e da ação amorosa de Deus, torna-se possível, para quem é aberto ao sinal, a realização do encontro com Deus.
Isso porque a pessoas, livremente, se deixa arrastar pelo próprio Deus até o nível profundo de uma relação interpessoal, descobrindo no Outro o dom misericordioso. Quando esse encontro com Deus acontece, o resto passa a ser relativo. É próprio do sinal atrair a atenção e convidar, por isso Jesus nunca tirou a liberdade para crer ou não crer nele. Assim os sinais de fé são o clima e o meio que dá acesso ao encontro livre e amoroso.
O “Dom de Milagres” podemos assim definir este dom maravilhoso: é o poder que Deus tem de intervir em determinada situação, modificando-a. Algumas curas são milagres, mas este dom não se limita à ação de Deus na restauração da saúde. ‘Milagre’ vem do latim ‘miraculum’, do verbo ‘mirare’, que significa maravilhar-se, é uma evidente interrupção de Deus que foge da ordem das leis da natureza. A intervenção de Deus, no curso normal dos acontecimentos, é chamada de Milagre. Santo Agostinho ensina que ‘ o milagre nada mais é que um fenômeno que revela o amor, a bondade, a misericórdia e a grandeza do nosso Deus.’..
Quem crê não precisa de milagres, quem não crê nenhum milagre é suficiente. “Deus não realiza milagres para provar sua divindade ou demonstrar poder. Ele faz porque é bom. Age para fazer o bem. O sinal surge como consequência de seu maravilhoso amor pelo ser humano. O milagre caminha junto à fé de uma maneira muito estreita. De modo que a fé chega a ser amplamente apresentada como uma condição exigida para que o milagre aconteça. Um milagre é sempre algo que supera a inteligência do ser humano. É aquilo que não tem explicação racional. Isso não quer dizer que ele vá contra a natureza ou contra as leis da natureza, mas que simplesmente as ultrapassa...Eles são sinais daquilo que não podemos ver e somente Deus pode realizá-los.

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