sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO.


Desde a quarta-feira de Cinzas, que a liturgia da Igreja iniciou seu convite a todos cristãos para purificaçõ da alma e a recomeçar mais uma vez a caminhada. Vivemos no tempo favorável e recomeçar é preciso. A Quaresma (do latim quadragésima, é utilizada para designar o período de quarenta dias que antecedem a festa ápice do cristianismo: a ressurreição de Jesus), faz parte do ciclo pascal, pois, tem seu início na quarta-feira de cinzas e termina na quinta-feira Santa pela manhã.
É um tempo para relembrar os 40 anos do povo de Deus no deserto. Os 40 dias de jesus que assim como Moisés, também passou pelo deserto, tendo os dois como objetivo à preparação para suas árduas e dificieis missões.
Assim, nós também necessitamos de passar por este deserto. Não como o deserto de Jesus e do Servo Moisés. Mas nosso cenário, denota uma outra geografia. Nossos desertos nos chegam pelo sofrimento, pela dor, perseguição, angústia ou adversidades. É o tempo em que somos provados, pesados e medidos para sabermos se somos considerados suficientes para a missão. A minha missão é diferente da sua. A adversidade, mesmo que seja diferente, mas tem a mesma dimensão, o nível de dificuldade pode ser fácil pra mim e dificil pra você, a verdade é que, são perfeitamente superáveis. Nascemos vencedores, pesados ou medidos, nascemos para sermos suficientes, e se assim o somos, nascemos portanto vencedores (Rm 8,36).

O tempo quaresmal, é ainda um tempo propício para que possamos nos consagrar mais a Deus, nos dedicar mais e de forma intensa a leitura, ao ouvir e conhecer de forma profunda sua palavra. Tempo de procurar mais a oração, de buscar mais as coisas do alto, de se alimentar mais espiritualmente para assim, podermos encontrar dentro de nós, aquele dominio de si e a conhecer a força propulsora para a conversão ao Senhor Jesus.
Tempo de refelxão, tempo de fazer uma analogia entre nossas vidas e os evangelhos anunciados. Pois, é caindo em si (Lc 15,17), que renascemos para a vida espiritual, pessoal e profissional. Uma reflexão realizada em oração, Jejum e Penitência, para assim, desenvolvermos um espírito pronto para acolher o Cristo Ressuscitado.

A oração é uma forma de aproximarmos mais de Deus, de adentrarmos mais em sua intimidade e de poder trazê-lo para nossa realidade diária. O Jejum como forma de sacríficio, é uma pedagogia que faz com seja possível perceber que, o que a humanidade realmente precisa é de Deus. Que suas seguranças não está nos bens corrosivos deste mundo. Que sua total dependência está no Criador de todas as coisas. A Igreja ensina e obriga que o jejum seja realizado pelo menos na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira Santa. Mas, essas práticas devem ser exercitadas de acordo com a necessidade individual do cristão, sabendo ele o tempo de sua prática.
A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa luto e penitência. Penitência que tem o mesmo significado que essas práticas, ou seja, reverter a renúncia praticada em atos de caridade e de serviços a comunidade.
Uma das maravilhas da nossa Igreja, é que esse tempo, tem seu percurso acompanhado pela realização da Campanha da Fraternidade. Esta por sua vez, tem como atividade principal ajudar aos cristãos e as comunidades a concretizarem ações que transformem nossa sociedade a partir da existência de um problema, que necessita para a sua solução, a participação de todos. Isso gera um tempo de renovação para nossa Igreja, pois desperta o espírito comunitário na busca pelo bem comum, desenvolve ainda, um nova consciência, a de que todos são diretamente responsáveis na promoção humana.
Seus temas, abordam sempre aspectos da atual conjuntura. Desde as realidades sócio-político e econômico. Realidades sempre marcadas pelos atos de injustiça, exclusão ou que juntos, somam elevados índices de miséria. É preciso que diante de tanto descaso, a fé surja como um meio para resgatar a dignidade social, o equilibrio econômico e a verdade na política.

A Campanha deste ano, tem como tema “Economia e Vida” e o lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6, 24). Somos chamados a uma reflexão sobre nossas prioridades. Sobre nossa busca desordenada pela riqueza e poder que geram pobreza, opressão e injustiça social. Pobreza como produto de decisões e de políticas humanas, estas por sua vez acontece porque escolhi mal meu político.
E nós que fazemos parte dessa sociedade, temos por obrigação inadiável, nos comprometer em buscar alernativas e formas de reverter a situação dos nossos marginalizados, pobres e miseráveis. Agindo assim, poderemos aspirar um lugar entre os países desenvolvidos deste mundo. Aliás, nos meus cinco anos de faculdade, aprendi que para uma país se desenvolver, ele não está restrito somente ao crescimento econômico, mas se faz necessário também a cultura da sedimentação, fazendo com que exista a participação na busca por eliminar as desigualdades, sejam elas sociais, pessoais ou regionais. Fazer com que se descubra que o verdadeiro papel social, não é a cultura do consumo e de acumulação de riquezas, mas de partilha, justiça e igualdade. Lembro-me agora de uma frase daquele que é considerado o pai da Administração. "Não existe paises subdesenvolvidos, mas sim, mal administrados" Peter Drucker.
É uma frase que está diretamente ligada ao nosso país. Um País de Ricos e famintos, considerado subdesenvolvido muito embora tenha recursos de sobra, mas vendemos esse recurso, vendemos a matéria prima, para depois comprarmos o produto. Quando em uma administração seja ela pública ou privada, existir interesses individuais, também existirá uma administração corrompida.
Infelizmente, sabemos que pelo próprio instinto de sobrevivência, o ser humano é capitalista por natureza, está fadado a sempre acumular, jamais subtrair ou dividir. Mas, como diz o grande iluminista do século XVIII, Russeau: "Todo homem nasce bom, mas em contato com a civilização, se corrompe". Então, enquanto cristão, preciso resgatar minhas verdadeiras origens, voltar ao meu estado original, e lutar para permanecer bom. Somente quando o homem passar a pensar mais no coletivo, mas na participação, na descentralização, no fim do seu egoísmo, haverá uma esperança para se administrar verdadeiramente uma país. Quando houver o fim dessa busca ávida dos bens desta vida, quando homem reconhecer que sua total dependência, jaz nas mãos do seu criador, quando por sua vez, procurar busca o Reino de Deus em primeiro lugar, haverá uma esperança para a humanidade.
Wellington - Ministério de Formação, G.O.Semeando a paz.

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